Texto enviado ao blog pelo Engenheiro Agrônomo JOSÉ LUIZ VIANA DO COUTO, nosso amigo e colaborador.
Nós, que moramos da metade (mapa) do Brasil pra baixo, torcemos o nariz para toda e qualquer notícia relativa à Amazônia, mesmo que ela ocupe cerca de 60% do nosso território. Acho que deve ser o “efeito distância”: horas de jato para se chegar a Belém, a sua porta de entrada. Ou falta de patriotismo, mesmo. Ora, se o Brasil, como diz o seu hino, está deitado eternamente em berço esplêndido, imagine aquele mundão de mata, que a maioria dos brasileiros nem sabe pra que serve.
Só temos uma “leve noção” da sua importância quando a Rosana Jatobá (por sinal, o nome de uma das espécies nobres da nossa flora e, considerando a moça, da fauna também), ou outra garota do clima no Jornal Nacional, mostra aquela animação de satélite, com nuvens vindas da Amazônia em direção ao Sul e Centro-Sul do país.
Como eu nasci lá (Belém-PA), de vez em quando, volto a insistir no assunto, como agora. Já publiquei no Orkut um texto sobre as “Causas da seca na Amazônia” (*) e cheguei mesmo a criar um tópico sobre “Catástrofe climática” (**).
Eu estava quieto no meu canto, quando li no caderno CIÊNCIA de O Globo (12/03/09, pág.32) o artigo IRREVERSÍVEL – Aquecimento pode fazer Amazônia perder até 85% da área. Embora a galera também não dê bola pra assuntos climáticos, achando que tudo é alarmismo, vou reproduzir dados do artigo, que achei interessantes, do estudo do Hadley Center da Inglaterra.
Atualmente, as temperaturas mundiais estão em torno de 0,75 grau Celsius mais elevadas. Se elas se elevarem:
a. até 1,3 oC, o impacto na floresta não seria grande;
b. a partir de 2 oC, haveria perdas de até 40% das florestas;
c. acima de 3 oC, perdas de 75% da cobertura vegetal; e
d. maior que 4 oC, a perda da floresta pode chegar a 85%.
CONSEQUÊNCIAS PARA O PLANETA
As perdas na Floresta Amazônica terão efeitos em todo o planeta, como explica Peter Cox, professor da Universidade de Exeter e especialista em clima.
Os trópicos conduzem o clima no mundo e grandes perdas na Amazônia afetariam todo o planeta – conta Cox – Embora não se saiba exatamente como isso vá acontecer, podemos esperar mais extremos climáticos em todo o mundo.
Além disso, dizem os especialistas, a perda de área da Amazônia inverteria o seu papel de sumidouro de carbono, fazendo com que a floresta passasse a emitir mais CO2 na atmosfera. Como acontece com as queimadas (esta última frase é minha).
E o artigo termina com a frase do especialista Tim Lenton, da Universidade de East Anglia, resumindo o sentimento geral após a divulgação do trabalho dos pesquisadores do Hardley Center:
Quando eu era mais novo, acreditava que a derrubada de árvores iria destruir a floresta. Hoje, vejo que o aquecimento global é, sim, o maior perigo para esse ecossistema.
Acho que o gringo teria ficado “de cabelo em pé”, se tivesse visto aquelas imagens de primeira página, poucos anos atrás, de barcos encalhados em bancos de areia no leito seco de rios da Amazônia.
E VOCÊ, também acha que essa estória de “aquecimento global” é mesmo conversa pra boi dormir?
LINKS
(*) Causas da seca na Amazônia, comunidade Água e Efluentes, 14/10/05:
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=58825&tid=2425054866661590567
(**) Catástrofe climática, Água e Efluentes, 30/11/06:
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=58825&tid=2501555544237688359
OBS.:
Fiquei chocado com cenas na TV (Globo) esta semana, sobre o trabalho no garimpo do rio Madeira (lá na “longínqua” Amazônia). Quanto mercúrio (um dos metais mais tóxicos que existem) sendo jogado às toneladas na água do rio. E quantos fetos e crianças deformadas (algumas nascem até sem cérebro!) por causa disso. E um Médico entrevistado, da região, ainda teve a “cara de pau” (ou incompetência, mesmo) de dizer, que “achava que a causa era o mercúrio, mas que faltava comprovação”. Pelo-amor-de-Deus!
ALERTA SOBRE O MERCÚRIO
O mercúrio foi o responsável pelo Desastre (da baía) de Minamata, tragédia ocorrida no Japão em 1956, quando mais de 900 pessoas morreram com dores severas devido ao envenenamento.
Além de poluir o meio ambiente, o uso e a emissão de mercúrio podem causar sérios danos à saúde do homem e dos animais. Mesmo em pequenas doses, ataca o sistema nervoso central e altera o sistema imunológico, podendo matar. Problema ainda mais grave refere-se aos compostos orgânicos que ele produz.
O metilmercúrio, p.ex., é capaz de penetrar na pele, ocasionando efeitos agudos como dormência nos membros, fraquezas musculares, deficiências visuais, dificuldades de fala, paralisia, deformidades e morte. Mesmo sendo considerado um poluente de elevada toxicidade, o mercúrio continua presente, com todo o seu potencial de risco, em termômetros, lâmpadas fluorescentes, amálgama dentário, indústrias de produção de cloro-solda, siderúrgicas, garimpos e na queima de combustível fóssil.
É o único metal líquido conhecido e pesa quase 14 vezes mais que a água, que já é pesada (1 quilo por litro – a água, se estiver limpa, e sem sal).
No caso da Amazônia, o agravante é que os peixes são praticamente a única fonte de proteína dos ribeirinhos (e se você não sabe, na Amazônia, quase todo mundo é ribeirinho) e, neles (assim também como no nosso corpo), o mercúrio tem um EFEITO CUMULATIVO. E quando os garimpeiros e ourives aquecem o amálgama de mercúrio com ouro (por isso ele é usado), ele evapora, e é levado pelo ar para rios que nem garimpo possuem. Com as chuvas, são arrastados para os rios, contaminando as águas e os peixes. E quem comer peixe, que arque com as consequências.
Situação curiosa, até pouco tempo atrás (década de 50, quando foi inventado o plástico) era que a TUBULAÇÃO de água, nas residências, era feita de chumbo, que também é um metal pesado, embora nem de longe tão letal quanto o mercúrio.
(Dados da Revista Proteção (www.protecao.com.br), n.205, jan/09, pág.26).
Sobre o Autor:
Nós, que moramos da metade (mapa) do Brasil pra baixo, torcemos o nariz para toda e qualquer notícia relativa à Amazônia, mesmo que ela ocupe cerca de 60% do nosso território. Acho que deve ser o “efeito distância”: horas de jato para se chegar a Belém, a sua porta de entrada. Ou falta de patriotismo, mesmo. Ora, se o Brasil, como diz o seu hino, está deitado eternamente em berço esplêndido, imagine aquele mundão de mata, que a maioria dos brasileiros nem sabe pra que serve.
Só temos uma “leve noção” da sua importância quando a Rosana Jatobá (por sinal, o nome de uma das espécies nobres da nossa flora e, considerando a moça, da fauna também), ou outra garota do clima no Jornal Nacional, mostra aquela animação de satélite, com nuvens vindas da Amazônia em direção ao Sul e Centro-Sul do país.
Como eu nasci lá (Belém-PA), de vez em quando, volto a insistir no assunto, como agora. Já publiquei no Orkut um texto sobre as “Causas da seca na Amazônia” (*) e cheguei mesmo a criar um tópico sobre “Catástrofe climática” (**).
Eu estava quieto no meu canto, quando li no caderno CIÊNCIA de O Globo (12/03/09, pág.32) o artigo IRREVERSÍVEL – Aquecimento pode fazer Amazônia perder até 85% da área. Embora a galera também não dê bola pra assuntos climáticos, achando que tudo é alarmismo, vou reproduzir dados do artigo, que achei interessantes, do estudo do Hadley Center da Inglaterra.
Atualmente, as temperaturas mundiais estão em torno de 0,75 grau Celsius mais elevadas. Se elas se elevarem:
a. até 1,3 oC, o impacto na floresta não seria grande;
b. a partir de 2 oC, haveria perdas de até 40% das florestas;
c. acima de 3 oC, perdas de 75% da cobertura vegetal; e
d. maior que 4 oC, a perda da floresta pode chegar a 85%.
CONSEQUÊNCIAS PARA O PLANETA
As perdas na Floresta Amazônica terão efeitos em todo o planeta, como explica Peter Cox, professor da Universidade de Exeter e especialista em clima.
Os trópicos conduzem o clima no mundo e grandes perdas na Amazônia afetariam todo o planeta – conta Cox – Embora não se saiba exatamente como isso vá acontecer, podemos esperar mais extremos climáticos em todo o mundo.
Além disso, dizem os especialistas, a perda de área da Amazônia inverteria o seu papel de sumidouro de carbono, fazendo com que a floresta passasse a emitir mais CO2 na atmosfera. Como acontece com as queimadas (esta última frase é minha).
E o artigo termina com a frase do especialista Tim Lenton, da Universidade de East Anglia, resumindo o sentimento geral após a divulgação do trabalho dos pesquisadores do Hardley Center:
Quando eu era mais novo, acreditava que a derrubada de árvores iria destruir a floresta. Hoje, vejo que o aquecimento global é, sim, o maior perigo para esse ecossistema.
Acho que o gringo teria ficado “de cabelo em pé”, se tivesse visto aquelas imagens de primeira página, poucos anos atrás, de barcos encalhados em bancos de areia no leito seco de rios da Amazônia.
E VOCÊ, também acha que essa estória de “aquecimento global” é mesmo conversa pra boi dormir?
LINKS
(*) Causas da seca na Amazônia, comunidade Água e Efluentes, 14/10/05:
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=58825&tid=2425054866661590567
(**) Catástrofe climática, Água e Efluentes, 30/11/06:
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=58825&tid=2501555544237688359
OBS.:
Fiquei chocado com cenas na TV (Globo) esta semana, sobre o trabalho no garimpo do rio Madeira (lá na “longínqua” Amazônia). Quanto mercúrio (um dos metais mais tóxicos que existem) sendo jogado às toneladas na água do rio. E quantos fetos e crianças deformadas (algumas nascem até sem cérebro!) por causa disso. E um Médico entrevistado, da região, ainda teve a “cara de pau” (ou incompetência, mesmo) de dizer, que “achava que a causa era o mercúrio, mas que faltava comprovação”. Pelo-amor-de-Deus!
ALERTA SOBRE O MERCÚRIO
O mercúrio foi o responsável pelo Desastre (da baía) de Minamata, tragédia ocorrida no Japão em 1956, quando mais de 900 pessoas morreram com dores severas devido ao envenenamento.
Além de poluir o meio ambiente, o uso e a emissão de mercúrio podem causar sérios danos à saúde do homem e dos animais. Mesmo em pequenas doses, ataca o sistema nervoso central e altera o sistema imunológico, podendo matar. Problema ainda mais grave refere-se aos compostos orgânicos que ele produz.
O metilmercúrio, p.ex., é capaz de penetrar na pele, ocasionando efeitos agudos como dormência nos membros, fraquezas musculares, deficiências visuais, dificuldades de fala, paralisia, deformidades e morte. Mesmo sendo considerado um poluente de elevada toxicidade, o mercúrio continua presente, com todo o seu potencial de risco, em termômetros, lâmpadas fluorescentes, amálgama dentário, indústrias de produção de cloro-solda, siderúrgicas, garimpos e na queima de combustível fóssil.
É o único metal líquido conhecido e pesa quase 14 vezes mais que a água, que já é pesada (1 quilo por litro – a água, se estiver limpa, e sem sal).
No caso da Amazônia, o agravante é que os peixes são praticamente a única fonte de proteína dos ribeirinhos (e se você não sabe, na Amazônia, quase todo mundo é ribeirinho) e, neles (assim também como no nosso corpo), o mercúrio tem um EFEITO CUMULATIVO. E quando os garimpeiros e ourives aquecem o amálgama de mercúrio com ouro (por isso ele é usado), ele evapora, e é levado pelo ar para rios que nem garimpo possuem. Com as chuvas, são arrastados para os rios, contaminando as águas e os peixes. E quem comer peixe, que arque com as consequências.
Situação curiosa, até pouco tempo atrás (década de 50, quando foi inventado o plástico) era que a TUBULAÇÃO de água, nas residências, era feita de chumbo, que também é um metal pesado, embora nem de longe tão letal quanto o mercúrio.
(Dados da Revista Proteção (www.protecao.com.br), n.205, jan/09, pág.26).
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |
A população deveria ser alertada, chamada a atentar para todos os detalhes que você relaciona em sua postagem, José Luiz!
ResponderExcluirOnde estão as autoridades responsáveis pelo controle do problema? Onde está a classe médica?
É lamentável que se tenha que viver com tanta omissão!
Eu concordo com você, Carlos Roberto. O que o engenheiro José Luiz diz é muito grave. Eu, como uma pessoa comum, simples, não tenho nenhuma noção sobre os riscos causados pelo mercúrio. Acho que está havendo muito pouco caso de quem devia orientar a população.
ResponderExcluirAcho que o blog está de parabéns por trazer este tipo de assunto ao nosso conhecimento. Parabéns para o engenheiro José Luiz também.