Eu falo muito de política, de pessoas, de música, de questões ambientais, educação, cultura, enfim, um pouco de muitos temas diferentes. Não costumo falar de mim mesmo, até porque não tenho muita pra contar, mas hoje resolvi fazer uma exceção e narrar um causo interessante, uma experiência, ao menos pra mim, muito gostosa e cheia de saudades.
Uma das coisas que mais adoro é a música. Além de alegrar e descontrair qualquer ambiente, a música também é capaz de nos transportar pelo tempo, um sonho que o homem jamais conseguiu realizar.
Em determinadas ocasiões, ao som de algumas canções, se fecharmos os olhos, teremos a nítida impressão de que podemos nos deslocar por uma estrada invisível e reviver a emoção do reencontro de amigos e momentos que ficaram no passado.
Foi o que me aconteceu comigo ontem (15/10), quando saí de Nova Iguaçu, onde moro e tenho meu escritório, para ir ao centro da Cidade do Rio de Janeiro – RJ, dar uma olhada em alguns processos. De ônibus e em condições normais de trânsito, minha viagem dura cerca de 1 hora. Ontem, não sei porque cargas d’água, levei quase 2 horas e meia para chegar ao meu destino. Tudo bem! Fazer o quê?
Como de costume, assim que acomodei no ônibus (de tarifa "A", com ar condicionado, bem confortável e quase vazio) liguei meu MP4, e fones nos ouvidos, lá fui eu no pára e anda da Via Dutra e Avenida Brasil. Meu aparelhinho tem centenas de músicas, e entre elas, toda a coleção do Rei Roberto Carlos, de 1962 a 2005. Cliquei na pasta, comecei a ouvir e... viajei!
Voltei a 1962, 1964, sei lá! Foi a época em que comecei a ganhar a minha liberdade, a conhecer pessoas e a viver as minhas primeiras experiências. À medida que as músicas iam tocando, fui lembrando amigos que já se foram e outros que jamais reencontrei. Lembrei a primeira namoradinha, Shirley, com quem só podia me encontrar às escondidas, porque eu era um “simples datilógrafo” num escritório de advocacia, e o pai queria que ela se casasse com um “bancário”, profissão invejada na época. Outras mulheres me trouxeram lembranças, algumas felizes, outras nem tanto. Coisas da vida!
As músicas de Roberto Carlos acompanharam toda a minha juventude e a de todos os meus amigos. Algumas de suas canções, lembro-me bem, marcaram momentos complicados da minha vida não menos complicada. Outra vez (música de Isolda), por exemplo, me fez voltar a uma fase difícil do meu primeiro casamento, época em que fiz muitas bobagens. Foram lembranças bem tristes!
Mas muitas coisas boas e engraçadas me fizeram sorrir, quase dar gargalhadas dentro do ônibus. Um exemplo? As roupas! Vocês não imaginam, à exceção dos que viveram na mesma época, o que a gente usava, o que era a “nossa moda”: minhas calças, nas festas principalmente, eram do tipo pantalona (alguns chamavam de calça “gatão” e diziam que foram influência do Simonal, o cantor); as camisas eram de mousseline, um tecido fino e muito caro, com rendas nos punhos e botões brilhantes, de um material cujo nome não me lembro mais; os cintos tinham enormes fivelas e os sapatos eram do tipo plataforma (sola e salto bem altos), que nós comprávamos na Sapataria Souza, na Avenida Marechal Floriano, no centro da Cidade do Rio de Janeiro – RJ. Se o sapato não fosse de lá o cara tava fora do script!
E o cabelo? Sempre usei cabelos longos, quase na altura dos ombros. Alguns faziam permanente, outros preferiam o estilo black power, mas não havia pintura, ao menos que eu me lembre. A foto mais próxima dessa época é a que ilustra a postagem. Eu já estava com 30 anos.
E as nossas festinhas americanas? As meninas levavam os salgadinhos, e nós, os homens, as bebidas, geralmente Coca-Cola e Run, pra preparar o famoso Cuba-Libre. E tinha que ser Ron Montilla, o mais badalado e caro da época! E era exatamente nessas festas que Roberto Carlos reinava absoluto, claro que junto com Wanderléia, Erasmo Carlos, Martinha, Jerry Adriani, os Fevers, Lafayete, Vanusa, Eduardo Araújo, os Beatles, Rolling Stones, Kiss e muitos outros. É isso aí, bicho! Tempo muito bom... Boas e gostosas lembranças...
De repente, um solavanco! A viagem chegara ao final e o meu ônibus estava estacionado no Terminal Garagem Menezes Cortes! Levei um susto, e muito triste me despedi das lembranças e do Rei Roberto Carlos, seguindo para o Tribunal de Justiça. Acabara o sonho e eu estava de volta à realidade. Mas foi uma viagem emocionante, até porque não é todo dia que se pode viajar no tempo e reviver emoções, ainda mais na companhia de um Rei!
Faça o mesmo qualquer dia destes! Independentemente de onde você esteja, ponha suas músicas pra tocar, feche os olhos e viaje... Você vai se surpreender e se emocionar com os reencontros!
Sobre o Autor:
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |
Olá Roberto!
ResponderExcluirViajei com você! Já passei por isto, viajar em pensamento e sorrir, sem que ninguém compreendesse porque..rsrs.......... Música, pra mim, é algo imprescindível, apesar de não guardar a letra, nome da música ou de quem canta! Eu apenas entro no som e vou junto.
Trabalhei muitos anos com cerâmica, ouvindo música todos os dias, enquanto pintava, ou fazia escultura. Antes disto, ouvia música para relaxamento, quando trabalhava com massagem integrativa. No restaurante que eu e meu marido montamos, por 4 anos, eu colocava música para tocar, durante o almoço. Enfim, só agora, quando trabalho com números e contas aqui no computador, ou quando estou escrevendo meus contos infantis, etc, é que não coloca mais músicas para ouvir. Mas ela está entranhada na minha pele...
Abraço,Vera.
Olá meu querido amigo Roberto!
ResponderExcluirEu já fiz muitas viagens como essa! Realmente faz um bem danado!! Em reecontro com o passado, com momentos felizes... Eu gosto muito do Roberto também e até tenho algumas músicas dele aqui no meu play list. Roberto sempre me lembra minha mãe! Ela sempre foi apaixonada por ele e lembro de uma vez, logo que ele lançou aquele disco (vinil) que o tem na capa dentro de um helicóptero (sei TODAS as músicas de cor e salteadas...rsrs), enfim, meu pai havia dado um dinheiro para minha mãe comprar algo importante para casa (não lembro o que era) e minha mãe foi até a cidade e voltou com o disco novo do Roberto e um casado peludo cinza! Naquela época era moda e ela, acho eu, que tinha visto num dos filmes do Roberto. Meu pai quase teve um treco quando chegou em casa e viu as compras da minha mãe que ouviu a todos os lamentos dele e tudo o que fazia era cantar sorrindo as músicas do novo disco...rsrs
Muito bom lembrar isso...até dei risada aqui agora.
Grande beijo,
Jackie
Tenho certeza que sim, Jackie, até porque somos um pouco parecidos: temos muita paixão no sangue!
ResponderExcluirO disco a que você se refere é o LP "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura". Foi um dos melhores do Rei, tanto que numa lista da versão brasileira da revista Rolling Stones ele foi eleito como o 24º melhor disco brasileiro de todos os tempos. Sua mãe tinha bom gosto!
Lembra das músicas?
LADO A
"Eu Sou Terrível" (Roberto Carlos-Erasmo Carlos)
"Como É Grande O Meu Amor Por Você" (Roberto Carlos)
"Por Isso Corro Demais" (Roberto Carlos)
"Você Deixou Alguém A Esperar" (Édson Ribeiro)
"De Que Vale Tudo Isso" (Roberto Carlos)
"Folhas De Outono" (Francisco Lara - Jovenil Santos)
LADO B
"Quando" (Roberto Carlos)
"É Tempo De Amar" (Pedro Camargo - José Ari)
"Você Não Serve Pra Mim" (Renato Barros)
"E Por Isso Estou Aqui" (Roberto Carlos)
"O Sósia" (Getúlio Côrtes)
"Só Vou Gostar De Quem Gosta De Mim" (Rossini Pinto)
Um beijão, Jackie...
Tenho certeza que você já fez muitas viagens como essa, Vera, até porque você é uma mulher romântica e sensível, virtudes que muitos encaram como um defeito.
ResponderExcluirA música faz bem ao coração e à alma, e segundo alguns estudos médicos, ajuda a curar!
Parabéns pra nós que não vivemos sem ela!
Um grande abraço, Vera...
Olá Carlos:
ResponderExcluirUma viagem de Carlos Roberto, com Roberto Carlos tem tudo a ver.
Você lembrou muito bem da força da música para nos lembrarmos de acontecimentos passados, na falta de um terapeuta, podemos até resolver alguns conflitos mal resolvidos.
Quando nos lembramos de uma relação que não deu certo, apesar de ser triste, faz com que possamos evitar os mesmos erros e tirar aquela sensação de que algo está errado da cabeça.
Caso não estejamos prontos, é só mudar a música e acessar o próximo arquivo de nossa memória.
Muito bom.
ABS
É isso aí, Janio!
ResponderExcluirQuando nos faz lembrar experiências passadas, a música nos dá oportunidade de rever e analisar erros e acertos. Pode não ajudar muito com o passado, mas orientar o futuro.
Um grande abraço...
Me desculpe, meu amigo Roberto! Seu texto fala em Roberto Carlos, mas a foto está mais pra Fábio Junior!!!
ResponderExcluirAs músicas marcam história em cada fase de nossas vidas e nos fazem lembrar coisas boas e ruins, mais é sempre bom lembrar de músicas em que as lembranças ajudam a trazer a alegria de ter vivido muitas coisas boas que ficam marcados para sempre em nossos pensamentos.
Isso é ótimo!
É, Ediléia, mas a foto é muito minha! É que eu já fui bonitão como o Fábio Jr., rsrsrs...
ResponderExcluirMas a música é isso! Ela marca bons e maus momentos da nossa vida, e de vez quando, sem avisar, reacende lembranças adormecidas. Mas recordar é viver!
Um abração...