Há dias autoridades brasileiras vêm demonstrando um certo desconforto com o que chamam de "liderança" nas ações de socorro ao povo do HAITI, país destroçado por um terremoto, que segundo as informações mais atualizadas, teria matado cerca de 120 mil pessoas. Essa situação ficou bem caracterizada na reportagem de O GLOBO (17/01 - pág. 31), onde se lê que "o ministro do Gabinete de Segurança Institucional Jorge Félix, e o Itamaraty enfatizaram que a prioridade no momento é salvar vidas. Mas deram sinais de que existe no governo uma preocupação velada com a perda de liderança para os Estados Unidos e o risco de um duplo comando".
Hoje, 23 de janeiro, o mesmo O GLOBO destacou (pág. 27):
"No dia em que as tropas brasileiras fizeram sua maior ação humanitária desde o terremoto no Haiti, o general Floriano Peixoto, chefe militar da Minustah, disse que a atividade tinha como objetivo mostrar ao restante do mundo a presença do Brasil na área e, ainda, que quem está no comando de toda a missão militar e humanitária no Haiti é "um general brasileiro".
- É importante que haja uma percepção mundial da importância do Brasil - disse Floriano Peixoto".
Em um outro trecho da reportagem O GLOBO registra: "Ao contrário do coronel João Batista Bernardes, chefe das forças militares no Haiti, que procurou minimizar a política na ação de ontem, o general Floriano Peixoto foi direto ao ponto:
- É uma forma de marcar presença. Não podemos perder a oportunidade de mostrar o comando do Brasil nesta lamentável tragédia.
E reforçou a importância:
- Quem está no comando é o general Floriano Peixoto - afirmou, referindo-se a si mesmo na terceira pessoa, seguindo num misto de desculpas a autopropaganda: - Não tendo tido muita visibilidade porque estou envolvido no trabalho de articulação".
Eu achei, desde o início, que o objetivo das equipes de socorro que partiram para o Haiti, e das forças da ONU que lá estão, dignamente representadas pelo Brasil, diga-se de passagem, fosse, num primeiro e dramático momento, socorrer as vítimas da catástrofe, e depois, obviamente em parceria com o governo local, tentar reerguer o país. Mas parece que a coisa não é bem essa, já que no meio do socorro há uma visível preocupação, pelo menos por parte do general Floriano Peixoto, de como o Brasil "vai sair na foto" do bonde da história.
É uma pena! O Brasil, por causa do narcisismo de um general, está perdendo uma grande oportunidade, isto sim, de provar ao mundo que a solidariedade não tem preço nem bandeira, e que quem a pratica não precisa de reconhecimento, pois lhe basta a consciência do dever cumprido, e claro, tão importante quanto isso, o choro agradecido das vítimas arrancadas com vida dos escombros de tão triste acontecimento.
Na verdade, general, os heróis dessa missão são os soldados brasileiros e dos outros países também envolvidos na missão de socorro ao povo haitiano, que não comandam nem se preocupam com a repercussão de seus atos de bravura pelo mundo: apenas salvam vidas, e como se vê da foto que ilustra esta postagem, anonimamente! Com certeza, general, você perdeu uma enorme oportunidade de ficar calado!...
Hoje, 23 de janeiro, o mesmo O GLOBO destacou (pág. 27):
"No dia em que as tropas brasileiras fizeram sua maior ação humanitária desde o terremoto no Haiti, o general Floriano Peixoto, chefe militar da Minustah, disse que a atividade tinha como objetivo mostrar ao restante do mundo a presença do Brasil na área e, ainda, que quem está no comando de toda a missão militar e humanitária no Haiti é "um general brasileiro".
- É importante que haja uma percepção mundial da importância do Brasil - disse Floriano Peixoto".
Em um outro trecho da reportagem O GLOBO registra: "Ao contrário do coronel João Batista Bernardes, chefe das forças militares no Haiti, que procurou minimizar a política na ação de ontem, o general Floriano Peixoto foi direto ao ponto:
- É uma forma de marcar presença. Não podemos perder a oportunidade de mostrar o comando do Brasil nesta lamentável tragédia.
E reforçou a importância:
- Quem está no comando é o general Floriano Peixoto - afirmou, referindo-se a si mesmo na terceira pessoa, seguindo num misto de desculpas a autopropaganda: - Não tendo tido muita visibilidade porque estou envolvido no trabalho de articulação".
Eu achei, desde o início, que o objetivo das equipes de socorro que partiram para o Haiti, e das forças da ONU que lá estão, dignamente representadas pelo Brasil, diga-se de passagem, fosse, num primeiro e dramático momento, socorrer as vítimas da catástrofe, e depois, obviamente em parceria com o governo local, tentar reerguer o país. Mas parece que a coisa não é bem essa, já que no meio do socorro há uma visível preocupação, pelo menos por parte do general Floriano Peixoto, de como o Brasil "vai sair na foto" do bonde da história.
É uma pena! O Brasil, por causa do narcisismo de um general, está perdendo uma grande oportunidade, isto sim, de provar ao mundo que a solidariedade não tem preço nem bandeira, e que quem a pratica não precisa de reconhecimento, pois lhe basta a consciência do dever cumprido, e claro, tão importante quanto isso, o choro agradecido das vítimas arrancadas com vida dos escombros de tão triste acontecimento.
Na verdade, general, os heróis dessa missão são os soldados brasileiros e dos outros países também envolvidos na missão de socorro ao povo haitiano, que não comandam nem se preocupam com a repercussão de seus atos de bravura pelo mundo: apenas salvam vidas, e como se vê da foto que ilustra esta postagem, anonimamente! Com certeza, general, você perdeu uma enorme oportunidade de ficar calado!...
Sobre o Autor:
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |
É muito triste ver até onde vai a alma humana. É muito triste saber que num momento de tanta dor e desespero de toda uma nação, ainda exista alguém preocupado com "liderança", "quem manda, quem deve obedecer". Será que o governo brasileiro está querendo promoção?
ResponderExcluirTambém tive a mesma percepção contida na postagem. Também achei absurdo o raciocínio desse generalzinho. Aliás, quando o assunto é farda isso nem é novidade.
Sua postagem está perfeita, Carlos Roberto, e me emocionou muito, pode acreditar.
Não justifico e não concordo, mas entendo o General.
ResponderExcluirO Brasil é uma das mais atuantes forças de paz da ONU, mas nunca teve reconhecimento nem mesmo dos brasileiros.
A verdade é que, depois da ditadura, não havia interesse em noticiar o que as nossas forças armadas faziam de bom. Tudo o que se discutia era que tínhamos um contingente absurdo de soldados para um país que vivia em paz.
Eu só fui tomar conhecimento sobre as forças de Paz da ONU, integrada por brasileiros, quando foram atuar em El Salvador. Alguém aqui soube que o Brasil liderou a força de paz que atuou em El Salvador? Eu não saberia também se o comandante dessa força na época não tivesse sido o meu irmão.
Depois de El Salvador, atuamos no Timor Leste. Também não soubemos da atuação dos brasileiros nas forças de paz da ONU. Apenas conhecemos o Sérgio Vieira de Mello (conduta impecável, trabalho excelente, o que prova que quando o brasileiro quer, ele vai longe).
Agora o Haiti. Num momento no qual internamente forças do governo querem "caçar bruxas",numa tentativa de desestabilizar ainda mais as forças armadas, com que propósito não sei. Só sei que se a moda pegar, vou ser a primeira a caçar bruxas e pedir compensação do que foi tirado dos índios também. Um peso, uma medida.
Quanto aos americanos, faço parte de um site americano de ajuda, voluntariado e ecologia. Pelos fóruns de discussão, pelas campanhas, pelas opiniões de seus participantes, to vendo que o POVO americano tem ajudado muito mais do que o POVO brasileiro. Qualquer garagem tem se tornado ponto de recolhimento de donativos. Em contrapartida, o povo não está feliz com a ajuda financeira que o Obama prometeu. Os americanos acham que os EUA tem problemas demais dentro de seu próprio território. Há muita pressão interna, depois do que os EUA gastou e vem gastando no Oriente Médio.
O General foi infeliz na sua declaração. A fama que ele parece tanto perseguir não é o brilho lá fora, mas o brilho aqui dentro.
Quanto aos governos, há mais interesses ocultos do que pode alcançar a nossa vã filosofia.
Eu concordo que o Brasil precisa, ou melhor, merece ser reconhecido como uma país atuante nas questões internacionais. É verdade sim: muita gente não sabe da participação brasileira no Timor Leste e em El Salvador. Ninguém sabia que o brasileiro Sérgio Vieira de Mello era um personagem tão importante na ONU, até a sua morte. A culpa dessa "memória não escrita", na minha opinião, é das próprias autoridades brasileiras que preocupadas com suas promoções pessoais, jamais buscaram elevar o nome do Brasil. Entendi que esse foi o ponto que o texto quis abordar, até porque o general deveria esquecer um pouco de si mesmo e lembrar mais do país que ele representa. Sem dúvida "o General foi infeliz na sua declaração. A fama que ele parece tanto perseguir não é o brilho lá fora, mas o brilho aqui dentro".
ResponderExcluirNo fundo, o texto discute uma questão interessante, que é a vaidade do ser humano.
ResponderExcluirConcordo inteiramente com os comentários feitos e também acho que o general podia ter ficado calado.
Também não entendi a atitude do general, até porque foi ele próprio quem disse, há dois ou três dias atrás em várias entrevistas (é só procurar na internet) não ter dúvidas de que o apoio das tropas dos EUA e CANADÁ seria muito importante para a ajuda humanitária e reconstrução Haiti.
ResponderExcluirConcordo com os comentários infelizmente meus caros amigos O trabalho que deveria ser em nome de um país torna-a pessoal, e é uma pena, que pessoas tentam usar momentos tão duro de sofrimentos para se promover, a relativamente uma falsa modestia porque o fundo verdadeiro de toda essa intenção é aparecer mais do que a tragédia.
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