Uma das doenças mais antigas da humanidade, a hanseníase ou lepra (expressão que as pessoas até evitam usar) tem cura desde a década de 40, época em que as pessoas eram isoladas em colônias, mesmo contra a vontade.
O medicamento necessário ao tratamento é distribuído gratuitamente pela ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE - OMS desde os anos 90, mas no Brasil, infelizmente, pacientes ainda reclamam a falta do remédio, em razão da burocracia alfandegária e por causa da subnotificação, o que é absurdo.
ARTUR CUSTÓDIO, coordenador do MOHRAN, diz:
"Percorremos o pais conversando com as pessoas e sabemos que, mesmo sendo obrigados a notificar todos os casos, que alguns médicos não cumprem, o que faz com que remédios faltem especialmente no interior. Além disso, em estados do Sul, o tratamento que deveria levar no máximo um ano, leva 36 meses porque os pacientes acham que assim ficarão mais curados.
NEY MATOGROSSO foi convidado pelo MOVIMENTO DE REINTEGRAÇÃO DAS PESSOAS ATINGIDAS PELA HANSENÍASE - MOHRAN no curso do ano de 2000, e ficou surpreso:
- Achava que a hanseníase não existia mais. Conhecia a doença porque minha mãe criou uma menina vinda de um leprosário, mas não imaginava que o Brasil ainda tivesse algum caso - afirma o artista, que desde então, numa atitude nobre, faz campanha de esclarecimento em todo o país.
Segundo a OMS, o Brasil chegou ao final do ano de 2008 com 39 mil casos de hanseníase diagnosticados, o que o deixa atrás apenas da Índia, responsável por 54% de todos os 249 mil casos registrados no mundo. Mas o país se torna o líder do ranking se a conta for feita com base na taxa de prevalência da doença: com uma população de 190 milhões de habitantes, o Brasil tinha em 2007 uma taxa de 21,94 casos para cada 100 mil habitantes. Pior que isso é que, ainda segundo a OMS, o Brasil é líder no registro de novos casos: só em 2006 foram 44,4 mil dos 47,6 mil diagnosticados em 51 países. Como se isso não bastasse, o Brasil é um dos três países, ao lado do Nepal e do Timor Leste, que não conseguiram cumprir a meta, firmada em 1991, de ter um caso da doença para cada 10 mil habitantes até o ano de 2005.
O preconceito bate forte em quem é atingido pela enfermidade.
Afastado da família, Antônio de Paula Veras, com 42 anos de idade, chegou ainda menino na Colônia do Carpina - PI (tinha apenas 12 anos), onde mora até hoje, levado pela avó, em 1968. Ela disse que ia comprar comida e nunca mais voltou. Mas o caso de Antônio não é o único.
Maria Rosa Zequeiros, agora com 64 anos, mais conhecida como Rosita, até tentou se adaptar fora da Colônia Curupaiti - RJ, e passou 6 anos no Espírito Santo.
- Quando me perguntavam por que minhas mãos e pés eram atrofiados, eu falava a verdade, e as pessoas ficavam apavoradas. Vi que ia ter que mentir, e preferi voltar. Ela chegou a casar, mas sequer teve a chance de conviver com os filhos.
- Bastava nascer para serem levados embora. Os meus ficaram com a mãe do meu marido, que não deixava que nos falássemos. Faz cinco anos que retomamos o contato.
Por que tanto sofrimento, dor e preconceito com uma doença que TEM CURA desde a década de 90? Onde estão os responsáveis por tanta omissão?
Sobre o Autor:
O medicamento necessário ao tratamento é distribuído gratuitamente pela ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE - OMS desde os anos 90, mas no Brasil, infelizmente, pacientes ainda reclamam a falta do remédio, em razão da burocracia alfandegária e por causa da subnotificação, o que é absurdo.
ARTUR CUSTÓDIO, coordenador do MOHRAN, diz:
"Percorremos o pais conversando com as pessoas e sabemos que, mesmo sendo obrigados a notificar todos os casos, que alguns médicos não cumprem, o que faz com que remédios faltem especialmente no interior. Além disso, em estados do Sul, o tratamento que deveria levar no máximo um ano, leva 36 meses porque os pacientes acham que assim ficarão mais curados.
NEY MATOGROSSO foi convidado pelo MOVIMENTO DE REINTEGRAÇÃO DAS PESSOAS ATINGIDAS PELA HANSENÍASE - MOHRAN no curso do ano de 2000, e ficou surpreso:
- Achava que a hanseníase não existia mais. Conhecia a doença porque minha mãe criou uma menina vinda de um leprosário, mas não imaginava que o Brasil ainda tivesse algum caso - afirma o artista, que desde então, numa atitude nobre, faz campanha de esclarecimento em todo o país.
Segundo a OMS, o Brasil chegou ao final do ano de 2008 com 39 mil casos de hanseníase diagnosticados, o que o deixa atrás apenas da Índia, responsável por 54% de todos os 249 mil casos registrados no mundo. Mas o país se torna o líder do ranking se a conta for feita com base na taxa de prevalência da doença: com uma população de 190 milhões de habitantes, o Brasil tinha em 2007 uma taxa de 21,94 casos para cada 100 mil habitantes. Pior que isso é que, ainda segundo a OMS, o Brasil é líder no registro de novos casos: só em 2006 foram 44,4 mil dos 47,6 mil diagnosticados em 51 países. Como se isso não bastasse, o Brasil é um dos três países, ao lado do Nepal e do Timor Leste, que não conseguiram cumprir a meta, firmada em 1991, de ter um caso da doença para cada 10 mil habitantes até o ano de 2005.
O preconceito bate forte em quem é atingido pela enfermidade.
Afastado da família, Antônio de Paula Veras, com 42 anos de idade, chegou ainda menino na Colônia do Carpina - PI (tinha apenas 12 anos), onde mora até hoje, levado pela avó, em 1968. Ela disse que ia comprar comida e nunca mais voltou. Mas o caso de Antônio não é o único.
Maria Rosa Zequeiros, agora com 64 anos, mais conhecida como Rosita, até tentou se adaptar fora da Colônia Curupaiti - RJ, e passou 6 anos no Espírito Santo.
- Quando me perguntavam por que minhas mãos e pés eram atrofiados, eu falava a verdade, e as pessoas ficavam apavoradas. Vi que ia ter que mentir, e preferi voltar. Ela chegou a casar, mas sequer teve a chance de conviver com os filhos.
- Bastava nascer para serem levados embora. Os meus ficaram com a mãe do meu marido, que não deixava que nos falássemos. Faz cinco anos que retomamos o contato.
Por que tanto sofrimento, dor e preconceito com uma doença que TEM CURA desde a década de 90? Onde estão os responsáveis por tanta omissão?
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |
A gente até pode compreender o preconceito, que na maioria das vezes é gerado pela ignorância e falta de informações. Só não se consegue atinar é com a omissão e a negligência criminosa das autoridades.
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