Gustavo Kuerten está no Hall da Fama Internacional do Tênis. Tricampeão de Roland Garros (1997, 2000 e 2001), dono de um título de Masters Cup (2000), e número 1 do mundo por 43 semanas, ele teve o seu nome aprovado por, no mínimo, 75% dos membros da imprensa especializada internacional que participaram da votação realizada em janeiro deste ano.
Na cerimônia que oficializou a escolha, Guga não falou de suas conquistas. Na verdade, só comentou seus feitos quando indagado por algum dos jornalistas presentes. Com o microfone na mão e humilde como sempre, ele fez questão de falar dos pais e de dois ídolos presentes ao ato: Maria Esther Bueno e Thomaz Koch.
- Tenho que confessar que nos meus primeiros 10 ou 12 anos de tênis, eu nem sabia que o Hall da Fama existia. Estava muito longe das minhas expectativas ou imaginação. Agora sei o quanto é importante estar lá. Sei que tive pessoas para seguir, como a Maria Esther e o Thomaz. Pessoas que me ajudaram a encontrar uma maneira de acreditar que isso seria possível. Na imaginação do meu pai, eu não conseguia chegar tão longe. Eu tive exemplos aqui no Brasil em geral, como o Ayrton Senna, que foi um mito e me orientou no começo da carreira, e também os tenistas internacionais, obviamente. Bjorn Borg, John McEnroe, caras dessa esfera. Depois Sampras e Agassi.
Foram 13 anos de carreira, tempo durante o qual Gustavo Kuerten conquistou 466 vitórias (358 em simples), levantou 28 troféus (20 em simples), triunfou 3 vezes em Roland Garros, ocupou o posto mais alto do ranking mundial por 43 semanas e levou o Brasil às semifinais da Copa Davis. Mas estes números não foram o tema principal da fala de Christopher Clouser, que preside o Hall da Fama. Ao anunciar a entrada do brasileiro, ele lembrou o Guga das realizações fora das quadras de tênis.
- No ano passado, em Newport - EUA, tivemos a entrada de Andre Agassi. Além de ser um grande jogador, Andre, como Guga, é um grande humanitário. Ele usou a força do tênis para melhorar a vida das pessoas. Guga, como grande jogador, mas também grande humanitário, estou feliz em anunciar que você foi eleito para o Hall da Fama.
Na sequência da cerimônia, imagens da carreira de Guga foram exibidas nos telões do auditório. Ele não resistiu e chorou. |
O evento oficial de imortalização será no dia 14 de julho, em Newport, no Hall da Fama, acontecimento que será assistido por cerca de 7 mil convidados e televisionado para vários países.
Guga acredita que seu maior feito no esporte tenha sido levar o tênis a uma camada mais abrangente da população brasileira. Hoje, enquanto cuida de seu projeto social, o Instituto Guga Kuerten, e trabalha ao lado da Confederação Brasileira de Tênis - CBT para melhorar o nível da base no país, o ex-número 1 afirma que vai continuar se esforçando para deixar a modalidade cada vez mais acessível.
- (O maior feito) foi trazer o tênis para a boca das pessoas na rua, seja na padaria, no açougue, no supermercado, coisa que não existia. E trazer o tenista, aquela pessoa intocável, para uma pessoa mais comum. Isso me dá uma satisfação bastante especial. Era difícil acreditar, mas hoje, me emocionando com essas imagens, com a minha trajetória... de uma certa forma, também mereço estar presente neste espaço que simboliza toda a história do tênis até hoje. Eu continuo com o objetivo de trazer o tênis para uma esfera mais popular. O que eles (Koch e Bueno) fizeram tem que ser relembrado para sempre. A Maria Esther bota Federer, Nadal, essa turma toda no bolso. E a gente não convive muito com isso no dia a dia - finalizou Guga, agora imortal na história do tênis.
Fonte: Globo Esporte
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |