24 julho 2010

A POLÍCIA A QUEM PAGAMOS PARA NOS DEFENDER

Essa é a polícia que nós, cidadãos de bem, pagamos para nos defender. É claro, repetimos, que esse tipo de comportamento não é regra geral, mas é quase. A maioria dos policiais em serviço nas ruas do Rio de Janeiro age dessa forma. Nas abordagens, muito mais que coibir irregularidades e transgressões, o objetivo é dinheiro. Isso acontece centenas de vezes por dia e ninguém toma conhecimento, e só foi diferente no caso do jovem Rafael, porque ele é filho de uma atriz famosa da maior rede de televisão do país. Se não fosse isso, nem teríamos tomado conhecimento do episódio, acreditem!

O pai do motorista criminoso que que admitiu ter atropelado Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães, disse nesta sexta-feira (23/07) em depoimento prestado à Polícia, que os milicianos que liberaram seu filho pediram R$ 10 mil em propina. O depoimento durou seis horas. Roberto Bussamra conta que após a abordagem policial, o grupo parou em um posto de gasolina na Gávea, na Zona Sul.

Ele foi chamado ao local, e quando lá chegou os policiais militares exigiram R$ 10 mil para liberar os rapazes que atropelaram Rafael. Como não tinha o dinheiro na hora, ele acertou de levar a "grana" na manhã do dia seguinte, na Praça Mauá, no Centro do Rio de Janeiro.

No encontro, ele deu inicialmente aos policiais apenas R$ 1 mil, mas durante o acerto recebeu um telefonema da mulher, que lhe disse que a vítima do atropelamento era filho da atriz Cissa Guimarães, e que ele estava morto. Roberto, o também criminoso porque corruptor  ativo, passou mal ao receber a notícia e foi retirado do carro por um dos filhos, enquanto os policiais arrancavam com o dinheiro da propina.

O dono da oficina para onde foi levado o Siena preto do jovem após o acidente diz que, por volta de 4h30, o automóvel chegou de reboque. O pai e o irmão do motorista esperaram até 8h, quando a oficina abriu. O lanterneiro disse que o pai do jovem pediu pressa no conserto porque precisava trabalhar com o carro.

Em três horas de conserto, o carro chegou a ser desmontado, mas não houve tempo para que as peças danificadas fossem trocadas. O dono da oficina contou que, durante o serviço, recebeu um telefonema do pai do atropelador exigindo que parasse com urgência e que depois ele entenderia o porquê e que a perícia buscaria o veículo. O mecânico disse que teria visto vestígios de pele no carro. Depois de ter parado o trabalho, ele ouviu sobre o acidente no noticiário.

Confira como tudo aconteceu! 


Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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10 comentários:

  1. Saudações!
    Amigo Roberto:
    O que você nos relata em seu artigo é a realidade que assistimos todos os dias. Por detrás de cada grupelho criminoso desse desaparelho policial, encontra-se as ormetas tupiniquins, geralmente com seus tentáculos em todas as esferas da administração pública. Ora, é notório que a força que vem dessas desorganizações criminosas é muito superior ao aparelho do estado.
    Quando a vítima é um integrante de posses inicia-se o processo de canibalização dos peixes pequenos, daqueles que estão na ponta, agora os dirigentes maiores “ninguém sabe e ninguém viu”. Esse é o país que vivemos.
    Parabéns por mais uma excelente matéria!
    Abraços,
    LISON.

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  2. Roberto, meu amigo querido!
    É vergonhoso! Eu sei (presenciei) casos em que a polícia, esta mesma que deveria nos proteger e preservar a lei, recebia dinheiro. Todos sabem já que fui viciada em jogos (bingo). Quando os bingos "oficialmente" fecharam, criaram casas de vídeo bingo, irregulares e protegidas pela própria polícia. Testemunhei diversas vezes, policiais tanto a paisana como em carros de polícia, irem ao local, para receberem o que eles chamavam de "pedágio". É vergonhoso, mas é verdadeiro! Quando o dono da casa atrasava o pagamento, a polícia local promovia as ditas "blitz" e faziam o circo, pressão e chantagem para o fechamento da casa. Então, pessoas envolvidas no esquema, se encontravam com policiais de alta patente, em local reservado, davam-lhe dinheiro e por rádio, os policiais que estavam na porta da casa, iam embora. Claro que há as excessões e nem quero dizer que a polícia como um todo é corrupta, mas quando há no cesto uma laranja podre, as chances de contaminação ao resto são enormes.
    Grande beijo e parabéns pelo post!
    Jackie

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  3. É exatamente assim, Jackie!

    A corrupção é quase generalizada, até porque como você disse, e muito bem, "quando há no cesto uma laranja podre, as chances de contaminação ao resto são enormes".

    Um grande abraço...

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  4. É isso aí, Lison!

    Nós, cidadãos de bem e contribuintes, devemos nos unir e buscar uma saída. É claro que isso importa em riscos, mas a vida, em si, já é um risco. Não podemos nos calar. Temos que denunciar, sempre que possível.

    A maioria dos Estados tem seu "Disque-Denúncia", e ele precisa ser utilizado. Não há risco!

    No Rio de Janeiro, por exemplo, o cidadão convive com o tráfico no morro e não denuncia. Quando alguém morre, eles acusam a polícia, mas muitas vezes a bala que tirou a vida de alguém saiu da arma de um traficante com o qual eles aceitam conviver pacificamente. Essa mentalidade precisa ser modificada. A sociedade tem que compreender que nenhuma mudança ocorrerá sem que ela pressione, exija, grite, faça barulho. E se isso não acontecer, o mal terá vencido o bem, infelizmente!

    Um grande abraço...

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  5. Roberto,a cada noticia que passa me sinto enojada,em SP policiais bateram em um motoboy preto e pobre até mata-lo,aqui eles aceitam propina,e eu acredito que tudo veio a tona por se tratar do filho de pessoas famosas,porque se fosse um qualquer duvido que estariam dando tanta importância.E assim vai,dia apos dia,quantos Rafaéis terão que morrer,para que os policiais corruptos sejam punidos?Quantos trabalhadores honestos,apanharão até a morte,por aqueles que deveriam nos dar segurança?É tanta sujeira debaixo do tapete que me embrulha o estômago.Uma lástima.
    Bjos
    Cecília

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  6. Mas isso está acontecendo no país inteiro, Cecília!

    Por isso é que precisamos dar as mãos e forma uma corrente com um objetivo único: dar uma limpeza no país.

    A corrupção e a violência existirão sempre, infelizmente. Elas são parte da natureza humana. Mas precisamos lutar para diminuir sua ocorrência. Não podemos permitir que ela continue a ser a regra. O Brasil precisa de uma revolução ética!

    Um grande beijo...

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  7. Cada dia mais e mais nos tornamos prisioneiros deste mundo corrupto, por todos os lados em que miramos vemos a corrupção latente, infelizmente um grande problema cultural.
    Abraços forte

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  8. Você está certo, Príncipe!

    A corrupção, mais que desvio de caráter, é uma questão cultural que há décadas se entranha na sociedade brasileira. E não se muda isso de um dia para o outro, infelizmente. A luta será ferrenha, e muitos vão cair, tanto do lado bom, quanto do lado mau. Mas não há outro caminho! Do jeito que está é que não pode continuar!

    Um grande abraço...

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  9. Meu amigo,
    Uma das coisas que mais me irrita é aquela frase: "o jeitinho brasileiro"
    Isso virou hit de glorificação no Brasil, como se fosse o máximo.
    Tenha paciência!!!!
    Abraços

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  10. É isso aí, Psiquismo!

    O problema é que "o jeitinho brasileiro" faz parte da nossa cultura, mas isso precisa mudar. A idéia do "esperto", mesmo fora da lei, tem que ser abolida das nossas cabeças. O sujeito que hoje faz um concurso para a polícia militar sabe, porque isso é parte do edital, que o salário é baixo, mas ele sabe que pode compensar isso com o "jeitinho" a que você se referiu. Ou seja, ele ainda nem foi aprovado no certame, mas a idéia da vantagem e do lucro fácil já está em sua cabeça. Essa característica está no DNA de gerações e gerações que se desenvolveram ouvindo falar em corrupção e impunidade. O homem é produto do meio, com raras exceções! Pode ser mudado? Claro! Basta que se invertam os valores que hoje servem de base à nossa sociedade. Mas isso leva tempo...

    Um grande abraço...

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