30 agosto 2010

Ói, cê num vai creditá...


Essa matéria está na revista Veja (29/08) e me foi enviada, em duas partes, pela amiga AnaKris.

Para quem se interessa e acompanha as coisas da política, como eu, seu conteúdo não chega a assustar. O que me assusta é que o Brasil, se nada se modificar até lá, estará sendo entregue a essa senhora em outubro de 2010.

Tudo por obra e graça de Lula, um obsecado pelo poder, que precisa de uma marionete no Planalto até 2014, quando tentará se eleger para mais quatro de mandato presidencial. Quem viver verá!



Leia a reportagem com bastante atenção, de preferência ouvindo o vídeo abaixo:


Celso Arnaldo: uma das mais estarrecedoras entrevistas da curta e assombrosa história política de Dilma sobre a face da Terra

Ainda bem que fui alertado com algumas horas de antecedência: “Acredite, é uma das mais estarrecedoras entrevistas da curta e assombrosa história política de Dilma sobre a face da Terra”, avisou-me Celso Arnaldo ontem à noite. Claro que acreditei. Nem por isso escapei dos sobressaltos. A coisa é tão perturbadora que, para permitir ao leitor recuperar o fôlego e recuperar-se do assombro, a coluna decidiu publicá-la em dois capítulos. A parte final entra no ar às quatro da tarde. Apertem os cintos, amigos. Estamos entrando no túnel do espanto:

Faltam 35 dias para as eleições e, a menos que seja asfixiada por um colar de anacolutos no discurso de posse, a mulher completamente desarticulada que aparece neste vídeo não é mais a candidata tosca e folclórica à Presidência, uma sátira à la Zorra Total, mas a mulher que vai receber, de mão beijada pelo bafo de Lula, um mandato pelo qual os brasileiros a autorizam a exercitar na prática o conjunto de suas sapiências, suas expertises, nas diferentes áreas da administração federal.

O assunto que Dilma Rousseff escolheu para esta “conversa” com a imprensa é a “assistência integral” à criança. A iniciativa de discorrer sobre o tema foi portanto dela, o que elimina qualquer atenuante para o assombroso teor desta entrevista. É crime doloso, é o infanticídio de um governo natimorto.

Ela chega toda animada, já com ares de presidente e aquele sorriso falso que põe um dente na calçada e logo se recolhe. E aparentemente entusiasmada com o que vira na véspera:

– Até porque, eu tive (sic) ontem na Bahia…

Da Bahia trouxe mais um subsídio para incluir no projeto que promete revolucionar a assistência à criança no Brasil, da barriga da mãe até o “ensino fundamental, mé... fundamental e médio, ensino básico”, como ela explicará mais tarde.

“Salta aos olhos uma coisa, né? Porque um país do tamanho do nosso, com a população de crianças e jovens que nós temos, é um pais que vai tê de sê medido pela capacidade que tivé de fazê uma política que inclua as crianças”.

Seja lá o que for isso, soa como um mea culpa: nos oito anos do governo Lula, os 60 milhões de crianças brasileiras de 0 a 14 anos formaram um coral de Macaulays Culkins: “Esqueceram de nós, esqueceram de nós!!!”

Mas como a presidente Dilma pretende “incluir” as crianças em seu governo?

“De uma forma especial. Que construa o cuidado com as crianças desde o momento da gestação da mãe, passano obviamente pelo parto e chegando até ao atendimento à criança nos seus primeiros anos de vida, que é um momento muito especial”.

A presidente Dilma deve ter aprendido esse “construa” com a ex-companheira Marina, mas aprendeu também que as crianças nascem — aliás depois da gestação da mãe, e não do pai, como às vezes acontecia no governo da oposição — e precisam de cuidados desde o momento em que vêm ao mundo. Ninguém ainda havia pensado nisso.

E o que a presidente Dilma vai fazer, ou já fez, para inventar no Brasil a assistência materno-infantil, que nem Lula pensou em criar? Ela explica com autoridade:

“Nós, pra isso, pra essa, pra esse cuidado, construímos a Rede Cegonha”.

Olha ela aí gente!! Novidade: a Rede Cegonha já foi “construída” pela presidente Dilma. Para levar o Brasil no bico.

“A Rede Cegonha é um… primeiro, ela tá baseada num ponto de prevenção, que é o tratamento da mulher quando grávida. O acompanhamento da gravidez, todos os exames de praxe e também a avaliação do feto e todo o acompanhamento que isso requer. Será feito através de Clínicas da Mulher”.

Não deu para entender muito bem. Dilma pretende criar isso? O que ela descreve como “meta de governo”, embora com outro nome, é o beabá da assistência materno-infantil, disponível em todo o Brasil. Melhorar é outra história. São Paulo, aliás, tem um programa da mulher quase modelar, em nível municipal e estadual.

“Depois tem a questão fundamental do parto. Ter maternidade de baixo risco e alto risco. E, na sequência, no tratamento dos primeiros dias, meses da criança, é a estrutura de UTIs neonatais, com hospitais de referência da criança”.

A presidente Dilma acaba de criar, por decreto, a Obstetrícia e a Pediatria Neonatal no Brasil. Começa bem. Mas o que será oferecido nesses hospitais de “referência”?

“Cê tem basicamente um atendimento que eles chamam, né, já mais sofisticado, né, com maior nível de complexidade. Então lá se trata de problemas que vão desde a questão do coração, né, por exemplo, crianças que nascem com problemas de coração, passando por todas as doenças que podem levá a risco de vida do bebê”.

Nos hospitais criados por Dilma, doenças serão tratadas, bem como doenças afetivas, a tal “questão do coração”.

Mas, depois de dona Cegonha, é hora de introduzir outra pérola que a deslumbra: o SAMU, o já consagrado serviço de resgate federal.

Traduzindo: é o serviço, aliás eficientíssimo e valoroso, que vem até você quando se disca 192. A presidente quer reinventar o SAMU - lembram do debate da Band, “aquele serviço que transporta crianças”?

“Junto a isso, nós temos o SAMU. Porque o SAMU tem desempenhado no Brasil um papel fundamental, que é juntá toda a rede e olhá onde que tem disponibilidade e onde que a criança, ou o adulto, no caso, deve ser levado”.

A presidente Dilma descobriu recentemente que os motoristas e atendentes do SAMU só levam seus passageiros a prontos-socorros e hospitais onde eles possam ser atendidos prontamente, depois da óbvia checagem pelo rádio, no caminho - é isso que ela chama de “juntá toda a rede e olhá onde tem”.

Mas estava na hora de juntar SAMU com cegonha, não? Lógico:

“Para as crianças criamos o SAMU Cegonha”.

Ah, já criou? Posso chamar? A presidente Dilma aciona a sirene:

“O SAMU Cegonha é basicamente para o atendimento da mulher no momento da gravidez”.

Ou seja: engravidou, já chama o SAMU Cegonha para lhe dar os parabéns. Mas espere:

“E o SAMU Cegonha da fase já do bebê é o atendimento pra levá a criança, justamente ou pruma, prum tratamento na UTI neonatal ou prum hospital de referência de alta complexidade”.

Ou seja: o SAMU Cegonha fará exatamente o que já fazem as ambulâncias. Mas parece claro que, no governo Dilma, a “fase já do bebê” será coisa de gente grande.


Celso Arnaldo completa a radiografia da mais estarrecedora entrevista de Dilma

A segunda parte do texto de Celso Arnaldo completa a radiografia da entrevista assustadora. Embarquem novamente no trem-bala do horror, amigos. Volto no fim:

Ok, a criança chegou a um hospital de alta complexidade criado por Dilma - sim, porque ninguém tinha pensado antes num hospital para atender doenças mais graves. O InCor, por exemplo, é uma miragem. O que vai acontecer ali? Agora, sim, Dilma revela o que viu na Bahia que a impressionou tanto:

“Uma proposta que conjuga não só tecnologia de ponta, tecnologia sofisticada pro tratamento da criança, mas também um grande nível de humanização, porque eles usam todo aquela questão do envolvimento da criança, mostrano que a boneca vai, tamém, cuidá da cabeça ou quando a criança é submetida a algum nivel de tratamento mais estressante, tomá os cuidados para garanti que psicologicamente ela se… enfim, ela tenha uma chegada maior a um processo que inclusive é de dor”.

Nos hospitais de Dilma, os doutores serão de uma alegria só - até o dia da “chegada maior” de Dilma pra cuidá da cabeça com a boneca.

Nos longos minutos que se seguem, Dilma se dedica a tentar provar, de novo, que as creches são a diferença entre Bill Gates e Nem do tráfico. Ela repete, no mesmo palavreado vão e leviano, a promessa das 6 mil creches em quatro anos - mas de novo não explica, nem lhe foi perguntado pela mídia adestrada, porque não convenceu Lula a fazer uma só como protótipo ao longo de oito anos.

Depois da creche, o processo de “atendimento integral” das crianças da presidente Dilma passa evidentemente pela escola. Está em marcha uma revolução que faria o companheiro Paulo Freire parecer uma professorinha de quermesse:

“Já existe 10 mil, em torno de 10 mil escolas no Brasil, é, de ensino, de ensino fundamental, de ensino mé…, de ensino fundamental e médio, de ensino básico, portanto…”.

Interrompida pelo Controle Social da Mídia. Se a presidente Dilma passou com louvor na prova de saúde, nessa questão da escola ela precisa estudar um pouquinho mais. Vamos deixar para a próxima?

Uma jornalista então quer saber: por que esse interesse tão súbito da presidente pela “criança integral”?

Atenção para a resposta, professor Sirio Possenti:

– Eu vô sê vó!!!

E isso desperta em vovó Dilma não só instintos avoengos como essa dedicação integral à criança, que ela justifica com uma máxima inédita:

– As crianças são o futuro deste país.

Até aqui, Dilma falara sem ser questionada. Timidamente, uma repórter parece perguntar se essa tal Rede Cegonha já não existe em algum lugar. A presidente se irrita, pela primeira vez:

“O Rede Cegonha é uma criação do Rio de Janeiro. Não é nossa. É uma parte também do Mãe Coruja, de Pernambuco. Essa mania das pessoas se adonarem de projetos que estão em curso no Brasil é errado.”

Taí: gostei do “se adonarem” - em 11 meses de caçada, é a primeira expressão original, e correta, que ouço de Dilma. Mas quem está se adonando dos projetos alheios é a presidente Dilma, não é não?

O SAMU Cegonha, que “nós criamos”, também já não existe, presidente?

“O SAMU Cegonha inclusive ele existe, tem até uma cegonha pintada naquela parte branca da… do…”.

A presidente parece ter até desistido da conclusão do pensamento quando vem o sopro redentor:

– Da ambulância.

– Da ambulância, né?

Seria cômico, se não fosse trágico: nos próximos quatro anos, é isso aí.

Brilhante como sempre, o texto de Celso Arnaldo colide estrondosamente com a indigência mental da sucessora que Lula inventou. Também por isso, não dou por liquidada a disputa pela Presidência da República. Falta um mês para a votação. No calendário político isso é uma eternidade. É mais que suficiente para que a oposição mostre ao Brasil o que vem por aí com a mesma nitidez e objetividade que marcam todos os posts sobre a candidata aqui publicados. Tempo para desconstruir a farsa existe de sobra. O que tem faltado à campanha de José Serra é lucidez, coragem, valentia e, sobretudo, vontade de vencer.

Acompanho confrontos eleitorais desde que nasci. Dois anos depois de derrotado na estreia como candidato a prefeito, e dois anos antes de conquistar o cargo que exerceria quatro vezes, meu pai vivia como sempre viveu: em campanha. Primeiro em Taquaritinga, na região e no Estado de São Paulo, depois como jornalista, testemunhei incontáveis duelos do gênero em todos os níveis — sempre na fila do gargarejo. Sei o que estou dizendo ao afirmar que Dilma Rousseff é a adversária que todo candidato pede a Deus. O problema é que, até agora, José Serra também tem sido.



Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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12 comentários:

  1. Roberto,
    Apesar de você sugerir para ler a matéria ouvindo o áudio, preferi ler a matéria e ver o vídeo depois, e assim poder analisar e digerir melhor o que foi dito...
    Primeiramente... Será que a Sra. Dilma acha que os nossos ouvidos são penicos?
    Será que o povo brasileiro não tem vergonha na cara? Acredito que não, pois se "eles" estão no poder, é porque "nós" (eu não) os colocamos.
    Até quando o povo vai ser ludibriado com falsas promessas, mostrando uma boca sem dentes, mas que mesmo assim continua sorrindo (mas de barriga vazia)?
    O que falar das contradições contidas em um discurso? Acredito que cada contradição é uma verdade a mais que a coerência inútil, desnecessária, não pôde, convenientemente, explicar.
    Não seria o caso de chamarmos o "Chapolim Colorado", ou melhor, o Prof. Pasquale? Estão assassinando a nossa língua portuguesa...
    Roberto, essa corja de políticos destroem nosso país, e isso me enoja muito.
    E já que estamos no circo, vamos subir no picadeiro e gritar para que todos possam ouvir: Se você não namora e só fica, vota no Tiririca... Pior do que tá não fica... rsss
    Parabéns pela brilhante postagem.
    Bjs.

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  2. Entendo sua revolta, Estela!

    Eu também não consigo achar uma explicação. Não sei o que está acontecendo no Brasil. Não dá pra entender como toda uma sociedade se nega a enxergar o óbvio: a Dilma Rousseff não tem bagagem para assumir nenhum cargo político, que dirá o de presidente da república. O responsável por isso se chama Lula, que a está usando para poder retornar ao Planalto em 2014.

    Infelizmente o povo não enxerga!

    Mas nós continuaremos a protestar!

    Um abração...

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  3. Absurdo ahn... O problema é que infelizmente a classe "ignorante" do País já comprou a ideia de Lula... Oh que pena.

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  4. Esse é o problema, Willian: falta de informação, nenhuma cultura política, e conseqüentemente, total desinteresse pelas conseqüências do ato de votar. O pior é que todos pagamos por isso!

    Um grande abraço...

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  5. Sei apenas dizer uma coisa..
    Esse povo está querendo é mais sarna pra se coçar nesse país se elegerem essa mulher.

    E se ela ganhar (é o que apontam as pesquisas) Vou começar a pensar que brasileiro é chegado numa sarna.

    abçs

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  6. E acredite, Diego, a coceira vai ser geral!

    Um abração...

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  7. Carlos,
    Na sua opinião, é caso de prisão ou internação (dela, do presidente, do PT, seus aliados e daqueles que pretendem "votá" nela)?
    Abçs

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  8. Ói, Berenice:

    Depois de toda a corrupção de que tivemos notícia nestes oito anos de governo, se o Brasil fosse um país sério (e ele não é!), acho que toda a cúpula do governo deveria estar na cadeia, porque quem não cometeu nenhum ilícito (e ói, é cumpricado achá um cabra inucenti!) pecou pela omissão. Nesse bolo estão o próprio presidente Lula, a nova presidente, Dilma Rousseff, seus aliados e a turma do PT. Todo mundo deitou e rolou, e tudo indica que vão continuar assim por mais quatro anos, infelizmente.

    Em relação aos que pretendem "votá" na moça, acho que uma internação já seria suficiente. Eles precisam curar-se da mania de fugir à realidade, de não acreditar nos próprios olhos e ouvidos. É uma doença grave, mas tem cura!

    Um abração...

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  9. O anacronismo da politica no Brasil é uma premissa para a burrice total.

    Sela o cavalo e monta, sem olhar os dentes. É como diz o matuto: se cair, do chão não passa! Rouba, mas faz! Faz sim. De conta!

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  10. Você foi rápida e objetiva, Valéria!

    E é esse faz "de conta" que norteia toda a política brasileira.

    Um grande abraço...

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  11. Só tenho a dizer uma coisa,o Povo não tem Memória!!!
    Depois que o Color voltou você imagina como o povo é em relação a voto,vota em quem oferecer uma cesta básica vota em qualquer um por votar!!

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  12. Pois é, Ricardo, e toda a sociedade paga por isso, infelizmente!

    Um grande abraço...

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