01 setembro 2010

PESQUISA ELEITORAL: VOCÊ JÁ FOI ENTREVISTADO?


Quero esclarecer, em primeiro lugar, que tomei conhecimento do vídeo que está aí embaixo no Deep in Fiesta, o belo blog da Neusa Fiesta. Ele despertou a minha atenção para um assunto de extrema relevância: as pesquisas eleitorais!

Eu existo, estou no mundo há mais de 50 anos e nunca, jamais, fui entrevistado por nenhum, eu disse "nenhum" instituto de pesquisas eleitorais. E mais: como qualquer pessoa comum, tenho família, amigos e conhecidos. Pois bem! Nenhum de nós, ou seja, nem meus familiares, amigos ou conhecidos sabemos como é ou jamais vimos um entrevistador do IBOPE, DATA FOLHA, SENSUS, VOX POPULI ou arapucas similares armadas pelo Brasil afora.

O senso demográfico de 2010, a cargo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, todo mundo sabe, começou há cerca de uma semana, se não me engano, e a minha casa já foi visitada. Eu já fui entrevistado. Em uma semana eu fiquei conhecendo o recenseador encarregado da pesquisa na área do meu domicílio. Por que eu e todas as pessoas que acima enumerei jamais fomos contactados por um pesquisador dos institutos referidos, por ocasião dos diversos pleitos eleitorais de que já participamos?


Não sou um grande admirador do personagem central do vídeo, o Antonio Kajuru, mas ele faz uma colocação extremamente relevante e inteligente: como se aceitar, entender, compreender e engolir, por exemplo, que o presidente Lula tenha quase 90% de aprovação popular, exatamente em um momento eleitoral, se nem Jesus Cristo obteria tal índice de aprovação numa pesquisa, e isso se considerarmos apenas os agnósticos e ateus existentes no país.

Quais são os métodos utilizados nas pesquisas? Por que elas não são mais transparentes? Se para criar um blog tenho que declinar me meus dados pessoais, inclusive o CPF, por que não se faz o mesmo em relação às consultas sobre a tendência de voto do eleitor? Essa história de dizer que a pesquisa foi registrada no TSE não basta, não engana ninguém. Por que essa atividade tão obscura, mas de influência indiscutível (porque induz muita gente a votar no candidato que vai ganhar as eleições) não tem seus critérios desnudados para o cidadão?

Na minha opinião, se é que ela interessa a alguém, pesquisa eleitoral no Brasil é caso de polícia!

Tem muita gente embolsando fábulas de dinheiro, do contribuinte, é claro, enriquecendo à custa de pesquisas mentirosas e tendenciosas, feitas sob encomenda para beneficiar esse ou aquele candidato. Aí, amigos, leva vantagem quem fala mais alto, que tem o maior poder de barganha. E nesse caso, quem pode mais que o governo federal, seus aliados políticos e a verdadeira rede montada pelo PT para a "coleta de fundos" de suas campanhas eleitorais? Esqueceram-se do mensalão, do Marcos Valério, do Delúbio Soares, do José Dirceu e do Roberto Jefferson, isso para lembrar apenas os mais influentes, os figurões do maior escândalo político do país? Será que ninguém lembra do depoimento de Fernanda Karina Somaggio, secretária do bandido Marcos Valério?

Você pode até achar que ando vendo muita novela ou que tenho alguma tendência às teorias conspiratórias, principalmente em razão de um fato: por que os candidatos preteridos nas pesquisas não põem a boca no trombone, não denunciam? Será que eles enxergam menos que eu? Serão menos inteligentes que esse humilde aprendiz de blogueiro Absolutamente! E é exatamente a inteligência que os impede de gritar. Por que? Porque em outras épocas eles foram os beneficiados pelas pesquisas, eles "bancaram" os resultados que lhes interessavam! Logo, denunciar seria altamente perigoso, quase que como dar um tiro no próprio pé!

Mas o que é que nós, eleitores, temos com isso? Por que é que devemos nos submeter a esse estelionato político? Temos ou não temos direito a um pleito limpo, honesto, democrático e sem lama? Por que a Justiça Eleitoral não proíbe as pesquisas de voto e acaba de vez com a mamata, com mais essa fonte de enriquecimento ilícito de alguns e desvio de recursos públicos que poderiam estar sendo utilizados em benefício da sociedade, principalmente dos miseráveis que ainda hoje vivem sobre palafitas nos quatro cantos dessa nação?

Uma eleição se aproxima, minha gente, e o destino do nosso país, essa terra abençoada de 190 milhões de pessoas alegres e trabalhadoras, será entregue nas mãos de um dos candidatos que aí estão, por quatro longos anos. Pensem nisso!

Ainda que não tenhamos os candidatos dos nossos sonhos, e não os temos, deixemos de lado as paixões e fanatismos partidários e pensemos no Brasil!

Não vote atendendo à sugestão de quem quer que seja, muito menos influenciado por pesquisas eleitorais claramente manipuladas. Somos maiores, capazes (ou pelo menos deveríamos ser) e o nosso voto precisa ser decidido com responsabilidade e de acordo com a nossa consciência, nunca no interesse de bandidos travestidos de políticos e cujo único objetivo é alcançar ou manter o poder conquistado a qualquer custo!

Assista ao vídeo!



Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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6 comentários:

  1. Devo confessar que fui entrevistado uma vez. Em 1989. Mas foi a única. Confesso que as eleições eram mais interessantes quando não haviam pesquisas. Não posso afirmar se elas são enganosas ou não, mas sempre quem está na frente, elogia e quem está perdendo critica.

    Abraços

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  2. Amigo Luiz:

    Em 20 anos de campanhas eleitorais, convenhamos, ser entrevistado uma única vez é muito pouco. O seu depoimento só reforça o tema abordado na postagem, penso eu.

    Um abração...

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  3. O cajuru as vezes estrapola, porém, muito do que ele diz eu apoio. Ele mete o dedo nas feridas.rs

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  4. Helder:

    Tenho a mesma opinião que você em relação ao Kajuru, tanto que fiz questão de frisar que não sou um de seus admiradores, mas que ele foi na mosca, lá isso foi!

    É uma vergonha o que está acontecendo nesse Brasil pré-eleitoral: pesquisas deturpadas, quebras de sigilo ilegais na Receita Federal, e por aí vai...

    Por isso que não exagerei na postagem: é caso de polícia!

    Um abração...

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  5. Ótimas reflexões!
    Para quem quiser aprofundar um pouco mais, sugiro ler "A Opinião Pública Não Existe" de Pierre Bourdieu (o texto pode ser encontrado neste endereço: http://www.4shared.com/file/15632786/d06dc5b2/A_Opinio_Pblica_No_Existe__Pierre_Bourdieu_.html?dirPwdVerified=966af369.

    É um texto curtinho, mas muito esclarecedor.

    Abçs e parabéns pelo post.

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  6. Eu conheço o texto, Redação!

    Um dos trechos mais importantes dele, considerando o tema da postagem, é quando o seu autor, Pierre Bordieu diz que "as pesquisas de opinião são utilizadas apenas para efeitos de manchetes jornalísticas, dirigidas a leigos e sem valor científico, criando a ilusão da existência de uma opinião mediana, de modo a moldar as expectativas e opiniões dos indecisos. Este tipo de informação dissimula todo um discurso de legitimação política, de modo a consolidar relações de força e dominação sobre a população, pela mídia e seus parceiros políticos"!

    É exatamente o que fazem no Brasil os nossos "institutos de pesquisas". Eles tentam, isso sim, é induzir o cidadão a votar no candidato "parceiro". No fim de tudo, o bolo é sempre repartido por eles.

    Por isso afirmei no texto que "pesquisa eleitoral no Brasil é caso de polícia"! E deixo no ar a pergunta: onde está a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e todo o Judiciário?

    Um grande abraço e obrigado pela relevante colaboração...

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