12 outubro 2010

Brasil: três vezes campeão mundial de vôlei

Mesmo enfrentando problemas de contusões e até a estranha doença do levantador Marlon, que chegou a perder 5 quilos, sem falar, é claro, de tudo o que foi feito pela Itália para dificultar seu trabalho, a Seleção Brasileira de Vôlei comandada por Bernardo Rezende, o nosso Bernardinho, superou as adversidades e conquistou o tricampeonato mundial, disputado em solo italiano, vencendo a fortíssima seleção de Cuba por 3 sets a 0, com parciais de 25/22, 25/14 e 25/22. Foi um verdadeiro massacre. Detalhe: Cuba não foi sombra do time que chegou às finais. Por que? O Brasil não deixou!

O time brasileiro deu uma verdadeira aula de vôlei e assombrou o público presente ao Ginásio Palalottomatica, em Roma, a cidade eterna, e conquistou o tricampeonato mundial de vôlei, igualando-se aos anfitriões, que venceram as competições de 1990, 1994 e 1998.

Com muita garra, competência e sangue frio, além das atuações impecáveis de Dante e Leandro Vissotto, que já tinha sido um monstro em quadra contra a Itália, a quipe do técnico Bernardinho fechou a partida em fáceis 3 sets a 0. Aliás, Bernardinho é o primeiro técnico tricampeão mundial com títulos seguidos no vôlei. A vitória sobre os cubanos coroa ainda a renovação no time brasileiro, que aconteceu depois da prata nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. 

O que leva uma seleção, num esporte tão difícil, quase matemático como o vôlei, a um domínio tão grande, talvez o maior já visto na história do esporte?

O excelente trabalho desenvolvido na base, que desde o sucesso da geração de prata busca por todo o Brasil garotos que queiram seguir o exemplo de seus ídolos; o centro de treinamento de Saquarema, onde os atletas do futuro são desenvolvidos e os do presente treinam em alto nível, e o extremo profissionalismo da comissão técnica comandada por Bernardinho são, certamente, a explicação de tudo.

O vôlei não é um esporte que interessa apenas ao Brasil ou a qualquer país incapaz de nos copiar. A Itália, uma potência do esporte mundial, cultua o vôlei, que chama de pallavolo, como um de seus principais esportes, e os ginásios cheios durante todo o Mundial são a prova irrefutável disso. Aliás, a festa estava montada para que os italianos, que têm a liga nacional mais poderosa do planeta, impedissem que os brasileiros lhes igualassem mais uma marca, a de maiores campeões mundiais. Mesmo com um regulamento claramente feito para beneficiá-los, o apoio da torcida e dos fiscais de quadra, o sonho italiano foi desfeito por uma seleção brasileira determinada e preparada para a conquista do título. Não fomos lá fazer turismo, mas para vencer!

A supremacia brasileira era flagrante. A seleção só perdeu quando podia, e cá entre nós, devia perder, como aconteceu contra Bulgária, o que gerou protestos italianos e até brasileiros. Mas se todo mundo joga com o regulamento embaixo do braço, porque não podemos fazer o mesmo?

O vôlei dos clubes é massacrante, mas a carga de trabalho suportada pelos atletas em uma seleção é sobre humana. Os calendários são extensos e os campeonatos se estendem para muito além das ligas nacionais. Mas a seleção brasileira chegou ao final do Mundial como se tivesse se preparado apenas para aquele momento. A derrota da Itália frente ao Brasil na semifinal foi humilhante. O time da casa só conseguiu equilibrar as coisas quando Bruninho se machucou e Marlon precisou de tempo para se adaptar à volta do banco, depois de um longo período de doença que o fez perder cinco quilos. Isso durou apenas um set. Depois, virou massacre de novo!

Mas o mais impressionante aconteceu na final entre brasileiros e cubanos, adversários ferrenhos e tradicionais. A partida pelas semifinais já havia deixado clara a força do conjunto brasileiro. Não adianta, por exemplo, ter no grupo monstros como Mastrangelo, Miljkovic ou Kasinski, se o restante do grupo não falar a mesma língua. Mas Cuba tinha muito mais que isso, pois além de León, que alguns já enxergam como o Pelé do vôlei, Simon, Hernandez, um canhoto terrível nos saques, tinha Hierrezuelo, um levantador que outros já se apressam a chamar de sucessor do grande Diago, merecidamente um dos maiores ídolos do esporte da ilha caribenha. Muito se falou também sobre a potência do saque cubano.

Nada disso foi suficiente para neutralizar a máquina de Bernardinho. O time brasileiro, como já dissemos, entrou em quadra decidido a vencer. No jogo contra a Espanha, a Rússia pôs em quadra o time reserva, quando o placar lhe era favorável em 2 a 0 e perdeu o jogo. Quando eliminada mais adiante, os jornais iatalianos estamparam: caiu o primeiro farsante, na esperança de que o Brasil, para eles o segundo farsante em razão do resultado frente à Bulgária, também fosse cair.




Mas não foi isso que aconteceu! Não sei se Bernardinho passou a noite de sábado para domingo estudando o time cubano. O que sei é que o grande Nalbert, um de nossos ídolos na modalidade agora tem a companhia de Leandro Vissotto: eles são os dois únicos jogadores de vôlei do planeta a conquistar o Mundial em todas as categorias de idade. Mas não é só: o vôlei brasileiro tem também três tricampeões mundiais: Giba, Um exemplo de atleta mesmo no banco de reservas, Dante e Rodrigão. Tem mais uma vez o melhor jogador de uma competição mundial, Murilo (sucessor de Giba na incrível façanha de assumir tal posto com “apenas” 1,90m de altura). Mas também tem Bruninho, o levantador que torceu o pé no sábado, passou a noite em tratamento e entrou em quadra para ajudar o Brasil a conquistar o título. Na verdade, o Brasil tem um time de vôlei!

Pena que estejamos no país do futebol, aquele do vexame na Copa do Mundo da Espanha, lembram? A imprensa brasileira hoje, um dia depois da espetacular conquista, já não fala de Bernardo Rezende e seu time vencedor!

Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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2 comentários:

  1. Que Post Fantástico!
    Amigo Roberto:
    A sua narrativa é tão brilhante que ao ler o seu artigo parece que estamos assistindo ao jogo. Muito vibrante!
    Vamos ficar torcendo para que os dirigentes dêem maiores condições a todos os nossos atletas!
    Vavá o Brasil!
    Parabéns por mais um excelente Post!
    Abraços,
    LISON.

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  2. Valeu, Lison!

    Esse time realmente merece todos os nossos "VIVAS"! É um grupo fechado, decidido a vencer!

    São campeões de verdade!

    Um abração...

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