Se não bastassem as milhares de vidas ceifadas nas nossas estradas pela negligência, imperícia e imprudência de motoristas e pedestres, os carros vendidos no Brasil não reúnem as condições de segurança que deles se deveria esperar.
Um alto risco de lesões fatais que implicam grave perigo à vida de motoristas e ocupantes foi apontado nesta quinta-feira (24/11) em um teste realizado pelo Latin NCap - Programa de Avaliação de Carros Novos na América Latina.
Foram testados o Chevrolet Celta, Chevrolet Corsa Classic, Chevrolet Cruze LT, Fiat Novo Uno Evo, Ford Focus Hatchback, Ford KA Fly Viral, Nissan March e Nissan Tiida Hatchback (com 1 e com 2 airbags).
Todos os modelos foram selecionados pelo programa de avaliação, à exceção do Tiida 2 airbags, do March, do Focus e do Cruze, em que a iniciativa do teste partiu das respectivas montadoras, que patrocinaram os testes.
Feitos contra um obstáculo deformável, que simulava outro automóvel, os testes de impacto frontal foram feitos com os veículos a 64 km. Ficou comprovado que a segurança dos carros mais vendidos na América Latina é igualzinha à dos europeus há 20 anos atrás. Os carros que dominam o mercado latino-americano em termos de segurança para o passageiro adulto são os de uma estrela, numa contagem que vai até o máximo de cinco. Receberam essa nota (uma estrela) o Chevrolet Celta, Chevrolet Corsa Classic, Fiat Novo Uno e Ford Ka. Nenhuma dessas versões é equipada com airbag.
No que se refere à segurança das crianças, os modelos Tiida, March e Classic receberam uma só estrela das cinco possíveis. Celta e Uno conseguiram duas. O Ford Ka levou três estrelas, o que também aconteceu com o Focus e o Cruze. Para os testes de impacto frontal e lateral, o Latin NCAP usa dummies (bonecos) representativos de 18 meses e 3 anos de idade, e além de estudar os resultados dos testes de impacto, a organização garante que verifica a clareza das instruções, bem como a instalação dos bancos, para ter certeza de que a cadeirinha infantil possa ser ajustada de maneira segura.
O Latin NCAP diz que os testes evidenciam carrocerias frágeis e incapazes de aguentar fortes impactos, além de estruturas perigosas que apresentam graves riscos de lesão e até de morte a seus passageiros, especialmente a região da cabeça do motorista. Segundo a nota divulgada, os "modelos populares foram falhos em oferecer proteção adequada, sobretudo ao peito do motorista, mas também devendo muito em segurança às pernas e aos joelhos dos passageiros".
Os resultados apontam pontos fracos do desempenho estrutural de alguns dos carros mais populares da região. A integridade da carroceria é fundamental para proteger os passageiros e evitar que sejam feridos, mesmo com a presença de airbags. Uma carroceria estável pode contribuir também para a saída dos passageiros, que precisem de cuidados e resgate após uma colisão. A organização também criticou o fato de que, entre os modelos avaliados, só os mais caros conseguiram boas notas: "Na Europa até os carros mais baratos contam com airbags (motorista, passageiro e cortina lateral) e oferecem melhor segurança estrutural. Isso mostra que os maiores fabricantes de veículos sabem como fazer veículos com preços acessíveis que estejam de acordo com os padrões da Organização das Nações Unidas - ONU", afirma o comunicado.
Se o governo federal trocasse a voracidade da cobrança de seus impostos pela segurança do consumidor, principalmente o de menor poder aquisitivo, e exigisse das montadoras que seus veículos viessem para as ruas com um mínimo de segurança, o número de lesionados graves e vítimas fatais certamente diminuiria, o mesmo acontecendo, via de consequência, com o atendimento na rede pública de saúde, gerando considerável economia para os cofres do próprio governo.
Enquanto isso não acontece, assista aos vídeos com as imagens dos testes realizados e veja a quantas anda a sua segurança e a de seus familiares.
Fonte: Auto Esporte
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Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |
