Segundo dados da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, de 2000 a 2012, a Rede Globo recebeu quase R$ 6 bilhões a título de pagamento pela veiculação da propaganda estatal federal. Não vou descer a detalhes porque desconheço a área, mas é estranho que se mantenha a situação de monopólio que o partido político hoje no governo sempre chamou de obscuro, até porque, segundo ele, teria sido construído durante o governo militar.
Por que alimentar o monopólio e a possível concorrência desleal, se todos sabemos que a desconcentração da mídia é fator essencial para o exercício de uma democracia plena? Veja o quadro abaixo.
Apesar das inflamadas críticas gritadas em palanques antes de assumir o poder, o partido que hoje sustenta o governo nada fez para mudar tal situação, apenas a aceitou, sem nenhuma crítica. Por quê? Se o falecido Roberto Marinho, tido como o "mais fiel e constante aliado na mídia" por Armando Falcão, ministro da Justiça do governo Ernesto Geisel, recebia favores dos governos militares, por que manter-se o vício, por que perpetuar-se tal situação?
No meio dessa história, pouca gente sabe, tem a tal da "bonificação sobre veiculação", mais conhecida pela sigla "BV", que nada mais é que um percentual negociado entre agências e veículos de comunicação, principalmente a televisão, sobre o volume de compra de espaços, tudo conforme prevê o Conselho Executivo das Normas-Padrão - CENP, o que você pode conferir clicando aqui.
Quem é do meio jornalístico, o que infelizmente não é o meu caso, afirma que a "BV" funciona como uma espécie de "propina legal", acorrentando as agências de publicidade a quem tem o maior poder no repasse do percentual fixado pelo CENP, o que faz sentido, ao menos em relação à Globo, já que ela adianta o dinheiro das agências, garantindo-lhes a principal fonte de renda.
Por isso, três perguntinhas básicas me incomodam. A primeira: por que um governo precisa de tanta propaganda apenas para mostrar que faz (quando a propaganda não é mentirosa) aquilo que é sua obrigação? A segunda: por que o governo gasta tanto com a Globo, que sempre foi considerada um empecilho aos seus interesses políticos? E a terceira e última: estaria a explicação na liderança de audiência da emissora ou tudo não passa de um cala-boca? Se você sabe a resposta, deixe um comentário.
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Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |
