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A falta de recursos da saúde pública, fenômeno que afeta o cidadão brasileiro há muitos anos, e a crença no curandeirismo, podem criar situações inusitadas. Exemplo disso está na idosa de 84 anos que ficou sabendo, na última nesta sexta-feira (07/02), que carrega um feto no abdômen há 44 anos, descoberta feita em uma Unidade de Saúde da Família de Natividade, no sudeste do Estado do Tocantins - TO.
O diagnóstico surgiu quando ela consultou o médico José Dias, que solicitou um raio-x. A constatação foi feita pela médica ginecologista, Marta Janete Dias Campos, que encaminhou a paciente para novos exames no Hospital Regional de Porto Nacional, a 66 km de Palmas.
Segundo a ginecologista e obstetra Gesneria Saraiva Kratka, que atendeu a idosa em Porto Nacional, a mulher foi até a unidade fazer exames após sentir náuseas e fortes dores no estômago e acabou descobrindo o feto. De acordo com a médica, a mulher, que prefeiru não identificar, contou que engravidou há 44 anos, e apesar de não ter feito o pré-natal, o que era impossível à época já que o município não tinha médicos, ela percebeu o bebê crescendo e a gravidez evoluindo. Após algumas semanas, a mulher sentiu fortes dores e procurou um curandeiro.
- O homem passou remédios e ela disse que se sentiu melhor. A barriga não cresceu mais, o bebê parou de movimentar e ela pensou que tinha abortado - explica Gesneria.
Segundo a ginecologista, o feto morreu, mas continuou no abdômen da mulher, que teve uma gravidez ectópica (fora do útero). Com o passar do tempo, o próprio organismo se adaptou à situação, o que permitiu que a idosa não tivesse complicações em sua saúde.
- Pela ultra-som não foi possível ver o feto. Nós fizemos um raio-x. Pelo exame é possível ver o rosto, os ossos dos braços, das pernas, as costelas e a coluna. Algumas partes estão 'borradas', estão em uma fase de calcificação e tiveram o aspecto modificado. É provável que o feto tenha morrido na 20ª semana, no máximo na 28ª - esclareceu Gesneria.
Apesar de surpresa, a idosa disse à médica que não quer fazer a cirurgia para a retirada do feto.
- Ela é viúva e disse que se o feto ficou durante todos estes anos dentro dela, ela prefere não tirar - com o que não concorda a ginecologista, que afirma ser importante a cirurgia porque o feto pode trazer riscos à saúde dela. Pode haver obstrução da alça intestinal, cólicas, retenção de fezes, aderência, tudo pode acontecer.
Ainda de acordo com Gesneria, casos como esse ão muito raros.
- É sobrenatural. Mas ela não teme complicações. Nós vamos fazer novos exames para ver mais detalhes e depois vamos conversar com os parentes dela para ver se eles a liberam para fazer cirurgia - comenta a médica, acrescentando que já viu casos parecidos, mas que em nenhum deles a mulher carregou um feto morto por tanto tempo.
Bizarro, não? Você conhece algum caso igual? deixe o seu comentário.
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |