Venina Velosa da Fonseca (foto: reprodução) |
Depois denunciar o esquema de corrupção, a ex-gerente executiva da Diretoria de Refino e Abastecimento da Petrobras, Venina Velosa da Fonseca, que trabalhou sob as ordens do ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, foi transferida para Cingapura, do outro lado do mundo, e depois demitida da empresa, após vinte e quatro anos de efetivos serviços prestados. Em outras palavras, bem antes da deflagração da Operação Lava Jato pela Polícia Federal - PF, a direção da Petrobras já havia sido alertada sobre a ocorrência de irregularidades em contratos da estatal, sem que nenhuma providência efetiva fosse tomada para conter os desvios bilionários, e o pior de tudo, ainda destituiu do cargo a executiva que tentou barrar o esquema de corrupção.
Graça Foster, a atual presidente da estatal, por exemplo, foi informada das irregularidades por meio de e-mails e documentos enviados por Venina desde 2009, antes mesmo que ela assumisse o comando da companhia, em 2012. As mensagens advertiam sobre as contratações irregulares na área de comunicação da Diretoria de Abastecimento, administrada por Paulo Roberto Costa entre 2004 e 2012, nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Antes de ser afastada de seu cargo, o que aconteceu a 19 de novembro último, Venina alertou Graça Foster sobre a multiplicação de aditivos na Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco - PE, empreendimento executado pelas empreiteiras investigadas na Lava Jato e denunciadas ontem (12/12) pelo Ministério Público Federal - MPF, e sobre irregularidades envolvendo os escritórios da estatal no exterior. Nenhuma providência foi tomada pela direção da Petrobras.
Além das denúncias enviadas a Foster, José Carlos Cosenza, sucessor de Costa na diretoria da empresa e responsável por uma comissão interna de apuração de desvios na petroleira, também foi informado sobre os atos de corrupção. Mais uma vez, nada foi feito.
Venina deve prestar depoimento ao MPF, em Curitiba - PR, onde tramita a parte do processo da Lava Jato que está na primeira instância.
Sobre o assunto, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse ontem (11/12), em Brasília, na abertura da Conferência Internacional de Combate à Corrupção, que as pessoas envolvidas no esquema de desvio de recursos da Petrobras "roubaram o orgulho dos brasileiros". Eu vou adiante. Muito mais que o nosso orgulho, massacrado por tantos, escancarados e vergonhosos escândalos, os canalhas da Lava Jato e de todos os esquemas de corrupção organizados no Brasil nos últimos doze anos nos roubaram, sim, foi a chance de vivermos num país melhor, com mais saúde, transporte, segurança e educação para os nossos filhos, futuro dessa nação tão rica em elementos naturais e tão miserável em conceitos morais.
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |