8 de março, o Dia Internacional da Mulher. E para celebrar esta data, poderíamos dar uma flor a, pelo menos uma mulher, porque mulheres se alegram com flores. Elas e todos nós vemos nas flores muita simbologia de vida e sentimentos. Uma flor para alegrar o coração de uma mãe, uma esposa, uma filha, uma companheira. Enfim, uma singela flor, com ternura e amor ou com qualquer outro sentimento verdadeiro e livre, já seria um grande gesto de reconhecimento do valor e do significado humano da Mulher. Mas, pode chegar o dia em que as flores não terão um palmo de terra livre e fértil para germinar sua semente e crescer com sua beleza. Pode ser que alguns homens (e algumas mulheres sem coração de mulher), um dia tenham preenchido todos os espaços da Terra com o progresso e o desenvolvimento. Pode ser que as plantas exóticas, que servem para fazer papel descartável, que geram lucro e riquezas de poucos, cheguem a invadir completamente os espaços de vida, ao ponto de as flores serem sufocadas e desaparecerem.
Mas, Deus se preveniu com a defesa da vida que criou. E depois que fez todas as coisas, Deus criou a mulher. Não para ser a última, mas para dar sentido e vida a tudo o que Ele fez. E as mulheres têm muito forte em si, como um distintivo próprio, o instinto de preservar a vida, sempre, de qualquer ameaça. E pensando assim, compreendemos os atos de muitas mulheres, sejam atos isolados ou coletivos. Compreendemos, por exemplo, porque as mulheres da Via Campesina reagiram com tamanha energia física e moral contra as plantações de eucaliptos no Rio Grande do Sul. Analisando o grande malefício político, social, econômico e ambiental que as monoculturas de árvores exóticas, como o eucalipto, podem nos causar, então compreendemos perfeitamente o valor da ação das mulheres em 8 de março de 2006 e outras ações posteriores. É compreensível que as mulheres coloquem suas próprias vidas em risco para defender a vida de hoje e o futuro da vida.
Mas, preservar a Terra não é um dever apenas das mulheres. Elas, com o sentimento materno, nos convocam com o seu testemunho a defender e preservar a vida. É preciso que todos nós correspondamos aos apelos que as mulheres vem fazendo nos últimos anos no sentido de articular as lutas em defesa da dignidade humana e a preservação ambiental. A partir de 2006, o Dia Internacional da Mulher tem um significado a mais. Esta data passou a convocar toda a sociedade, as mulheres e os filhos de mulher, a lutar pela vida do Planeta Terra. Interpreto que as mulheres, num gesto profético, a partir do 8 de março de 2006, exclamaram, colocaram pra fora o clamor da Terra. Era um clamor emudecido, sufocado pela violência do capital. Mas foi exclamado por vozes e mãos corajosas de mulheres camponesas. E agora este clamor não se calará jamais, porque a Terra quer viver.
Sobre o Autor:Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |