CRIANÇAS (NEM SEMPRE) DESAPARECIDAS

Nossas caixas de email sempre recebem mensagens com apelos para a divulgação de notícias sobre crianças desaparecidas. Os pedidos são dramáticos, e quem os recebe, até por uma questão de solidariedade humana, não pensa duas vezes e os remete a todos os amigos, atitude natural e perfeitamente compreensível. 

As mensagens eletrônicas, por isso mesmo, vão se multiplicando pela internet, e não é raro receber a mesma mensagem por diversas vezes e durante muito tempo. O que não sabemos é que, felizmente, boa parte dos casos noticiados já foram resolvidos, o que torna desnecessário o reenvio dos emails. 

Ontem, por exemplo, recebi um desses emails de uma amiga. Nele se noticia o desaparecimento de PIETRA MAESTRI DAS NEVES, essa coisa linda da foto que ilustra a postagem, que já foi solucionado, segundo informações passadas à Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República pelo pai da menina, JEAN CARLOS, isto, prestem atenção, em 28 de dezembro de 2005, ou seja, há quase cinco anos!

Segundo o órgão “no Brasil não existem dados oficiais que determinem a quantidade de crianças e adolescentes desaparecidos anualmente, contudo, dos casos registrados, um percentual de 10 a 15% permanecem sem solução por um longo período de tempo, e, às vezes, jamais são resolvidos”.

Na tentativa de equacionar e buscar soluções para o problema, o Governo Federal montou “uma rede nacional de identificação e localização de crianças e adolescentes desaparecidos, com o objetivo de criar e articular serviços especializados de atendimento ao público e coordenar um esforço coletivo e de âmbito nacional para busca e localização dos desaparecidos”, que hoje tem cadastrados 1.247 casos de crianças e adolescentes desaparecidos no país, e já solucionou 725 casos desde a sua criação, constatando, inclusive, “que uma das causas mais comuns de desaparecimento é a fuga do lar por conflito familiar”. 

O portal da instituição explica ainda que “o cadastramento dos casos é realizado pelas agências executoras da rede, composto por 45 entidades em todo o território nacional, sendo a grande maioria delas Delegacias de Proteção à Criança e ao Adolescente. Além do site, parcerias realizadas com a Caixa Econômica Federal, Ministério dos Transportes e Correios ampliam os canais de divulgação permitindo a diversificação de públicos que recebem as informações. Assim a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, através da Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e Adolescente/SPDCA, contando com o suporte tecnológico do Ministério da Justiça, vem promovendo a divulgação de diversos casos de crianças e adolescentes desaparecidos em todo o território nacional”. 

O site ainda orienta “o público quanto a mensagens com pedidos de ajuda enviadas indiscriminadamente por correio eletrônico e que se transformam em "correntes", circulando indefinidamente pela Internet, sem que se saiba se se tratam de fatos verdadeiros ou não”, o que é feito através de uma investigação levada a cabo por suas agências executoras, divulgando em sua página o resultado da apuração. 

Por isso, e porque acredito que somos cidadãos interessados e participativos, seria de suma importância que as pessoas, antes de reenviar esse tipo de mensagem aos amigos, buscassem informações atualizadas acerca da criança supostamente desaparecida, o que pode ser feito com um simples clique no ícone Dúvidas do site do órgão e o envio de mensagem para os endereços criançasdesparecidas@sedh.gov.br ou criançasdesaparecidas@mj.gov.br, o que vai permitir a verificação e atualização dos cadastros da instituição, combatendo o uso inadequado de imagens de crianças e adolescentes com finalidades obscuras, já que às vezes links comerciais são divulgados junto com as imagens, havendo quem afirme, até, que esta é uma forma de se obter endereços eletrônicos para o envio de spam. 

Isso evita trabalho, preocupação desnecessária (porque ainda tem gente que sofre pelos seus semelhantes!), e a circulação de uma notícia sem nenhum fundamento.

Sobre o Autor:

Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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