A internet é realmente uma caixinha de surpresas. Tem muito lixo. Tem muita coisa inútil. Está cheia de perigos, dizem alguns. É sensacional, afirmam outros.
Eu me coloco entre esses "outros" que a encaram como algo "sensacional", até porque me ponho o mais longe possível do lixo, das inutilidades e dos perigos que a rondam. Prefiro buscar o que ela tem de mais belo, curioso, polêmico, informativo e útil, que sirva de exemplo, que conte uma história do bem ou do mal, mas de onde se possa tirar uma lição, que demonstre um sentimento, uma paixão, enfim, que mexa com o coração e nos permita parar e pensar o que é a vida que vivemos, quem somos e para onde vamos.
O texto que você vai ler a seguir está no blog ESTRADA DO BEM, uma produção independente da minha parceira e amiga AnaKris. Ela o recebeu por email, e como eu, tentou localizar o seu autor, em vão. É uma mensagem instigante, que faz pensar e deixa uma pontinha de tristeza no coração. Pelo menos foi o que aconteceu comigo!
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PALAVRAS DE UM JORNALISTA DEPOIS DO ACIDENTE EM ANGRA DOS REIS
Devemos criar os filhos para o mundo. Torná-los autônomos, libertos até de nossas ordens. A partir de certa idade, só valem conselhos. Especialistas ensinaram-nos a acreditar que só esta postura torna adulto aquele bebê que um dia levamos na barriga. E a maioria de nós, pais, acredita e tenta fazer isso. O que não nos impede de sofrer quando fazem escolhas diferentes daquelas que gostaríamos ou quando eles próprios sofrem pelas escolhas que recomendamos.
Então, filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.
Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo! Então, de quem são nossos filhos? Eu acredito que são de Deus, mas com respeito aos ateus digamos que são deles próprios, donos de suas vidas, porém, um tempo precisaram ser dependentes dos pais para crescerem, biológica, sociológica, psicológica e emocionalmente.
E o meu sentimento, a minha dedicação, o meu investimento? Não deveriam retornar em sorrisos, orgulho, netos e amparo na velhice? Pensar assim é entender os filhos como nossos e eles, não se esqueçam, são do mundo!
Três dias na cobertura da tragédia na pousada Sankay, olhos grudados em fotos, tevê e internet, vozes chorosas de mães e tios ao telefone me fizeram pensar nessa dor gigantesca que deve ser para um ser humano devolver o que mais amou nessa vida, mas nunca foi seu! E, principalmente, me fez entender que mais do que corajosos, nós, pais, somos loucos por correr o risco de amar tanto sem garantias.
Volto para casa ao fim do plantão, início de férias, mais tempo para os fllhos. Olho meus pequenos e penso como seria bom se não fossem apenas empréstimo! Mas é. Eles são do mundo. O problema é que meu coração já é deles.
Sobre o Autor:
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |
Roberto ,
ResponderExcluirEu tambem estou no time dos "outros" . Lindo texto , apesar de não saber , por ainda não ser mãe , ter a exata dimensão desse amor que transcende tudo .
abs
Eninha
Oi meu amigo querido!
ResponderExcluirEu penso que os filhos criamos para o mundo! Apenas damos as bases de moral, caráter e o fortalecimento para que possam caminhar e descobrir os seus próprios horizontes. Curioso ler esse lindo texto! Acabei de publicar um post falando sobre o meu filho.
Grande beijo!
Jackie
Certíssimo todos os filhos vieram para se tornarem independentes, mais a cultura da super proteção esta ai, temos o exemplo em nos mesmos, não seguimos nossos próprios caminhos?
ResponderExcluirAbraços forte
Eu queria dizer algo, mas o comovente e certíssimo texto dele só me fez encher os olhos de água. Meu Deus... as vezes me desespero só por não me considerar uma boa mãe, no turbilhão que eu e ela estamos, é tão dificil alguns momentos, o que dirá perder definitivamente. Perder, no sentido de não mais ter perto, mesmo que acreditemos que reencontraremos no outro mundo. Apesar de forte ligação com meu pai, desde sua morte, mesmo eu me considerando espiritualizada, ele nunca veio me dizer um "oi" sequer. Fica a vontade da existencia da vida pós a vida, mas até lá, até saber se isso é verdade ou não, será uma perda, não terá ninguém igual para preencher a lacuna da vida.
ResponderExcluirmuito legal seu texto! obrigada por votar no meu blog, tbém estou votando no seu, e te seguindo aki! bjs t+
ResponderExcluirQuando eu postei esse texto no meu blog não tive muitos comentários. Mas estranhamente, quanto eu o traduzi e o postei no Facebook, tive alguns feedbacks, mas todos muito tristes.
ResponderExcluirEu devo confessar que a sensação que tive foi a de alívio. Talvez porque eu já tenha passado por esta sensação de perda dos filhos para o mundo. Depois de ter sacrificado a minha vida profissional e de ter sido uma mãe do tipo maezona, companheira, e amiga dos filhos, vi que o mundo tinha muito mais atrativos do que eu e que, apesar de todos os meus esforços e orientações, conseguiu carregar o meu mais velho por caminhos que eu nunca escolheria. Foi preciso algumas horas de conversa com psicóloga, grupos de apoio, leitura de livros e religião para que eu "levantasse" e entendesse que só somos donos de nós mesmos.
Às vezes olho para o meu filho, hoje com quase 23 anos, e me lembro dele com 9 e me pergunto: "Onde foi parar o meu filho? Esse homem que está aí sentado no computador não tem nada a ver comigo!"
Essa "perda" já existe, mesmo ele morando comigo, mas cabe a mim entender que ele, assim como a minha filha mais nova, são do mundo. A minha tarefa foi prepará-los para sobreviverem e serem bons cidadãos, mas sem jamais esquecer de que eles são outras pessoas.
O título do texto é "Filhos do mundo", de José Saramago, grande escritor português.De fato, é uma escrita e verdade lindíssimas.
ResponderExcluirSelma Oliveira. São Paulo.