14 maio 2010

A MÃE DA NATUREZA


Já li na internet que a SAMAÚMA, uma das árvores mais lindas da Amazônia, teria origem africana e que suas sementes chegaram ao Brasil navegando em correntes marinhas, o que não é verdade.

A SAMAÚMA é tipicamente amazônica, e ao contrário do pensam alguns, foi ela quem colonizou o solo africano com sementes carregadas para lá pelas correntes e ventos há mais de 3 milhões de anos.

É uma árvore gigante, podendo ter de 60 a 65 metros de altura, o que equivale a um prédio de mais ou menos 17 andares. Tem propriedades anti-inflamatórias e analgésicas e suas substâncias subsidiam pesquisas contra o câncer. Suas painas são capazes de absorver óleo, e por isso tem sido usada para recuperar áreas impactadas por derramamentos.

Mas não é só isso!

Para dezenas de tribos indígenas a SAMAÚMA é sagrada, é cultuada como a Mãe da Humanidade, simboliza a imortalidade. Na prática, além de dar guarida e proteger pequenos animais, ela é o traço de união, de correspondência, de contato de ligação, de aproximação e de harmonia entre muitos entes das selvas que se sentem bem sob sua fronde. Ela tem um destaque de nobreza e uma grandeza própria dos seres raros e majestosos da natureza.

Sua copa chega a abrigar um pequeno ecossistema. Apesar do tamanho, ela é muito delicada e a sua reprodução depende de alguns caprichos. Um deles é o tempo, já que seu florescimento ocorre em períodos irregulares, podendo demorar até sete anos. Durante o processo, ela produz uma enorme quantidade de flores brancas, que só duram uma noite.

A partir daí, a reprodução depende, acreditem, dos morcegos! Isso mesmo, dos morcegos, que em bandos se deslocam entre as SAMAÚMAS para colher néctar. Eles sujam o pêlo com o pólen, que é levado de árvore em árvore, fecundando as flores. Esse meio de transporte é a única forma de cruzamento entre as SAMAÚMAS.

Mas o aumento da distância entre as árvores, causado pelo desmatamento, tem feito o morcego desistir das viagens, o que isola reprodutivamente a espécie, diminuindo a produção de frutas e sementes. Separada das irmãs, a árvore fecunda a si mesma para garantir novas sementes, o que inibe a troca de material genético entre elas, tornando mais difícil a adaptação da espécie às mudanças climáticas.

A SAMAÚMA é uma colonizadora nata. Suas sementes, protegidas por um conjunto de fibras, dispersam-se pela água ou mesmo por vendavais e viajam distâncias inimagináveis. Foi dessa forma que ela chegou à África há milhões de anos. Vejam o que diz Rogério Gribel, diretor de pesquisa científica do Jardim Botânico, sobre o tema:

- Comparamos geneticamente as populações para testar a hipótese de que as árvores já existiam na África desde que o continente era unido à América. Mas o nível de diferenciação entre as espécies foi muito pequeno. Então, provavelmente, houve um evento raríssimo, que é a dispersão de um continente para o outro, quando suas terras já eram separadas pelo Atlântico.

A espécie das SAMAÚMAS, da mesma forma que o mogno, espera das autoridades um programa de proteção, único meio de controlar o seu corte e derrubada irresponsável e criminosa. Enquanto isso, indiferentes à crença indígena e à encantadora e poética história da árvore, as motoserras continuam seu trabalho de devastação, e os madeireiros, acredite quem quiser, transformam a Mãe da Natureza em recheio de compensados. Ao que tudo indica, os indígenas vão ficar sem um de seus símbolos mais sagrados e a floresta sem a sua gigante mais linda, sensível e delicada.

Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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8 comentários:

  1. Muito bom saber de tudo isso meu amigo
    Dihitt também é cultura .
    Agradecemos pelas informações preciosas .

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  2. Roberto,

    Que árvore mais linda meu amigo!

    Adorei saber um pouco mais sobre a Samaúma, e é preciso preservar essa árvore mesmo.

    Adorei!

    Bjs.

    Rosana.

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  3. Bob,
    Que árvore magnífica! Tem que ser protegida, senão já sabemos seu destino.
    Abraços

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  4. vim conferir a historia da SAMAÚMA.
    abçs

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  5. Olá meu querido amigo!
    Que árvore grandiosa! Em todos os sentidos! Minha mãe já me dizia que a natureza é sábia e sempre encontra um meio de sobreviver...Pena que o homem ainda continua cortando as nossas árvores, símbolos como a Samaúna, para o seu ego materialismo!
    Adorei conhecer!
    Grande beijo,
    Jackie

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  6. Carlos, eu leio essas coisas e me revolto, sabe? Eu, que moro poraqui por bandas amazônicas sei que tudo isso é verdade e que ainda não há um plano de proteção pra essas e outras árvores que habitam nossa região. A Samaúma é, de fato, uma das mais belas de nossa flora e merece mais atenção. Num sei se vc já ouviu falar do navio Samaúma, do SENAI, um navio-escola que visita as populações ribeirinhas pra levar educação e profissionalismo - é uma homenagem a essa árvore, que dá proteção e abrigo aos que dela precisam. Parabéns pela preocupação, querido, quiser todos a tivessem! ;-)
    E ó: obrigada mais ainda pelo Prêmio Sunshine, ele vai iluminar meu blog na minha próxima postagem, pode apostar! :-D Bjão, bom finde!

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  7. É muito bom quando pessoas como você, Shirley, vêm aqui deixar os seus comentários. É muito importante o comentário de alguém que vive e conhece o problema que aqui a gente debate. Isso garante a fidelidade da nossa informação e nos incentiva a continuar lutando.

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  8. Parabéns, Carlos Roberto, por lembrar essa árvore sagrada. Suas explicações têm alta importância para nós todos. Abraço, saúde e alegria.

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