04 setembro 2010

Sodoma, Gomorra e o sexo atual

Sodoma e Gomorra são, de acordo com a bíblia judaico-cristã, duas cidades que teriam sido destruídas por Deus com fogo e enxofre descido do céu.

Segundo o relato bíblico, as cidades e os seus habitantes, os cananeus, foram destruídos pela prática de atos imorais.

Ainda segundo a bíblia, o motivo da destruição das duas cidades foram as relações homossexuais de seus habitantes e sua perversidade, a imoralidade e a desobediência ao Senhor. Após o retorno de Abraão do Egipto, o relato bíblico menciona que os habitantes de Sodoma eram grandes pecadores contra Deus. Porém, isso não impediu uma coexistência pacífica entre seus habitantes e o patriarca Abraão, e com o seu sobrinho, . 


Alguns escritos judaicos clássicos não focam exclusivamente o aspecto homosexual do comportamento dos habitantes de Sodoma, enfatizando os aspectos de crueldade e falta de hospitabilidade com forasteiros. Uma tradição rabínica, exposta na Mishnah, afirma que os pecados de Sodoma estavam relacionados à ganância e ao apego excessivo à propriedade, e que são interpretados como sinais de falta de compaixão. Alguns textos rabínicos acusam os sodomitas de blasfemos e sanguinários. Outra tradição rabínica indica que Sodoma e Gomorra tratavam os visitantes de forma sádica. Um dos crimes cometidos contra os forasteiros é quase idêntico ao de Procusto, na mitologia grega, e diz respeito à "cama de Sodoma" (midat sdom), onde os visitantes eram obrigados a dormir. Se os hóspedes fossem mais altos, eram amputados, se mais baixos, eram esticados até atingirem o comprimento da cama.

Mas o assunto dessa postagem é uma Sodoma ou Gomorra mais atual, mais moderna. Estou falando do Rio de Janeiro, onde a jornalista Silvia Rogar fez para a Revista, do O Globo (nº 318 - 29/08), a reportagem a que me refiro abaixo.

Ela conta que no dia 21 de agosto passado, por volta das 22h30m, vários convidados chegaram para uma festa que se realiza aparentemente todos os sábados em uma casa na Praça da Bandeira - RJ. São casais, jovens desacompanhados e algumas solteiras, todos agindo naturalmente, como se fossem uma turma do bairro, gente conhecida.

- E aí, hoje promete? - perguntou um engenheiro cinquentão, que vive na Região dos Lagos e teria enfrentado 160 quilômetros de estrada só para aproveitar a noitada ao lado da mulher, uma advogada da mesma faixa etária.

O responsável pela festa, de nome Fernando, respondeu com a cabeça que sim, a noite parecia prometer. Apesar da aparência, aquela não era uma comemoração qualquer. Ao lado da mulher, Fátima, uma morena de 40 anos e corpo malhado, o promoter é responsável por festas que têm o sexo como o ponto alto. Na definição dos frequentadores, "tudo é permitido e nada é obrigado".

- Frequento essas festas há dez anos e nunca perdi a calcinha - gaba-se a advogada, com a lingerie enrolada no pulso. O prédio de quatro andares, onde já funcionou uma casa de massagem, tem bares e uma boate nos dois primeiros pisos. Acima deles, porém, há cômodos com camas, chuveiros, hidromassagem e luz intimista. Por volta da meia-noite, com a porta do quarto aberta, a advogada já se divertia com um moreno, pelo menos 15 anos mais novo do que ela. Com um copo de uísque na mão, o marido observava. Ato consumado, o casal saiu juntinho, e o rapaz entrou no chuveiro.

Segundo Silvia Rogar, "noitadas desse gênero não são exatamente novidade, mas costumavam ser restritas a casais, que pagavam caro para participar do troca-troca. Ao longo da última década, porém, a internet ajudou a propagar os encontros de suingue (que passaram a receber também solteiros interessados no assunto) e as chamadas "baladas liberais" - festas com espaço para atividades carnais em que os desacompanhados podem ser maioria. Hoje, pelo menos seis casas no Rio têm programação fixa para esse público. E o movimento aumentou nos últimos anos. Em 2003, quando o empresário Jorge Lima comprou a boate Mistura Certa, no Centro, apenas 13 casais costumavam aparecer, às sextas-feiras e aos sábados. No restante da semana, a casa ficava fechada. Agora, abre as portas de terça a sábado e chega a receber 160 casais e 45 solteiros numa noite.

A nova onda de eventos refletiu até na rede moteleira. Há dois anos, grupos animados começaram a procurar com regularidade o Sinless, em São Conrado. A frequência das festas e o número de participantes foram crescendo e, há um ano e meio, a direção do motel investiu numa série de obras para dar mais conforto a esse público. A primeira delas abriu espaço para um pátio coletivo capaz de receber 30 carros. Outra interligou as duas maiores suítes, que hoje somam 240 metros quadrados e têm direito a dark room, duas piscinas aquecidas, teto solar e pista de pole dance. Até o fim do ano, termina a maior de todas as obras: a construção de uma cobertura para 200 pessoas".

A jornalista acrescenta que o local é frequentado por todo o tipo de pessoas. Segundo ela, "um estudo feito por pesquisadores do Instituto de Psicologia da UFRJ em duas casas de suingue no Rio constatou que a maioria dos frequentadores pertence às classes A e B e tem ensino superior completo. É possível esbarrar com professores, policiais, enfermeiras, advogados, jornalistas, pequenos empresários, analistas de sistema".

A reportagem segue falando sobre o uso de camisinhas, perversões sexuais e cositas otras que achei desnecessário aqui enumerar, pois para o objetivo da postagem o que já expus é suficiente.

Em termos de sexo, nunca fui aquilo que se pode chamar de um sujeito moralista. Pelo contrário, acho que muito moralismo sempre esconde um pensamento maldoso ou até mesmo uma tara sexual. Entendo que as pessoas têm todo o direito de decidir suas vidas, aí se incluindo, certamente, a opção por parceiros e o tipo de atividade sexual preferida. Eu por exemplo, acho que melhor que uma mulher, só um caminhão cheio delas, mas daí a assistir tranquilamente, com um copo de uísque na mão, a transa da minha mulher/companheira/parceira com outro homem, vai uma distância muito grande. Ainda não avancei a esse ponto e duvido muito que o consiga!

Já me adaptei ao ficar e à alta rotatividade entre casais, até porque tenho um filho de 22 anos. Mas certos costumes ou hábitos que hoje fazem parte da vida de boa parte da população, não só Rio de Janeiro, mas de qualquer lugar do mundo, não me agradam e não me satisfariam numa cama. Ainda acho que sexo é muito bom com a minha parceira, com amor, carinho e cumplicidade. O resto, perdoem-me a expressão, é pura sacanagem...

Será que estamos voltando a Sodoma e Gomorra?

Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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7 comentários:

  1. Pois é, Bob, a sacanagem não é de hoje, você mesmo citou Sodoma e Gomorra. E os romanos? Lá havia swing também. E os Persas que adoravam menininhos?
    A energia sexual é mal qualificada há muito tempo! Atualmente só o que aumentou foi a divulgação graças aos meios que temos agora.
    Também não sou moralista, mas só posso dizer: tsk, tsk
    Sempre coube e cabe aos pais formar seus filhos e eu já fiz a minha parte com os meus. Atualmente com os pais fora de casa a maior parte do tempo fica difícil, né?
    Excelente seu post
    abração
    Atena

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  2. É verdade, Atena!

    Os desvios sexuais são parte da natureza humana, e realmente ocorrem desde Salomão e a rainha de Sabá. Atualmente, a liberdade, inclusive de informação, é muito maior, o que abre o armário social e revela comportamentos como o das pessoas mencionadas na postagem.

    Não sou contra a liberdade total entre um homem e uma mulher (ou casais masculinos ou femininos) entre quatro paredes. Cada um sabe de sí. Mas tudo tem limite.

    Cem pessoas fechadas em um recinto, trocando parceiros, na minha opinião é absurdo e fere todos os princípios que me foram passados pelos que me educaram.

    Mas insisto: cada um escolhe o seu caminho!

    Um abração...

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  3. Carlos Roberto bom dia, apesar desta pratica ser comum nas grandes capitais do nosso país,
    Creio que pessoas normais quando se depara com este tipo de atitude fica estarrecido.
    Chega a ser deprimente tentar imaginar tal situação, com a pessoa que amamos e é mãe dos nossos filhos.
    Pra mim isto é coisa de pessoas inescrupulosas, vadias, mal educadas para o bom relacionamento a dois, e principalmente desajustadas para o sexo.
    Quero lhe elogiar pela boa síntese sobre o assunto e dizer que infelizmente pessoas deste nível se acham normais, e temos que conviver com “ISTO”.

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  4. Hoje em dia se confunde muito liberdade com libertinagem... Prefiro ainda encontro com apenas uma parceira de cada vez...

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  5. Esse é ponto importante na questão: algumas pessoas confundem liberdade com libertinagem! Com certeza!

    Um grande abraço...

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  6. Concordo com você, Mairinki!

    Esse tipo de "diversão" realmente assusta às pessoas comuns. E o que são "pessoas comuns" em matéria de relacionamento sexual na minha opinião? São aquelas pessoas que se relacionam com um ou até mais parceiros, tudo bem, mas não em bandos, como animais.

    Não sei, por exemplo, o que é se passa na cabeça de um homem que assiste à transa da sua mulher com outro homem. E detalhe: curtindo um copo de uísque!

    Pra mim, de duas, uma: ou ele é um pervertido, incapaz de dar conta da própria mulher e se realiza quando outro sujeito dá o recado, ou a mulher que ele entrega a outro é uma vagabunda qualquer, e aí não faz diferença com quem ela faz ou deixa de fazer sexo. De qualquer forma, acho que ele precisa de um bom médico!

    Um abração...

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  7. O mundo por inteiro, estar vivendo uma (Sodoma e Gomorra), quando você passa a praticar esses atos que que é repugnante, nojento, eu não acredito em uma pessoa que se diz eu amo minha esposa, e praticar tal ato, acho que quando se ama não trai! por querer experimentar orgias ou fantasias sexuais, você com sua esposa pode ter um relacionamento melhor do mundo, mais isso vai depender de você, e não se expor ou se submeter a formas bem banais para se realizar no sexo, o sexo hoje em dia já estar totalmente banalizado, isso é como eu penso.

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