Que Deus nos proteja!!!

Além do convite que fez ao amigo, Nelson Jobim, ministro da Defesa, não esqueceu nenhum detalhe relativo ao quesito conforto/mordomia: freezer, secador de cabelos, ferros de passar roupa, panelas de prata, refrigerador duplex, aparelho de DVD e sanduicheira foram alguns dos utensílios domésticos comprados para equipar a suíte construída no Forte dos Andradas – Guarujá – SP para receber em férias o ex-presidente Lula, sua família e agregados. Os itens foram adquiridos pelo Comando da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea do Exército, base militar da força no litoral sul, ao custo total de quase R$ 6,8 mil.

Mas no que se refere à segurança do cidadão brasileiro e dos turistas que se aventuram em viagens ao Brasil, ele, Nelson Jobim, está devendo, e muito, porque é dele a responsabilidade pela Infraero, empresa vinculada ao seu ministério, que administra desde grandes aeroportos brasileiros até alguns tão pequenos que ainda não recebem vôos comerciais regulares e são aeroportos que têm como função representar a soberania nacional em áreas longínquas. Ao todo são 67 aeroportos, 69 Grupamentos de Navegação Aérea e 51 Unidades Técnicas de Aeronavegação, além de 34 terminais de logística de carga.

Estes aeroportos concentram aproximadamente 97% do movimento do transporte aéreo regular do Brasil. Em números, isso equivale a mais de 2 milhões de pousos e decolagens de aeronaves nacionais e estrangeiras, que transportam quase 120 milhões de passageiros.

E foi exatamente por seis aeroportos internacionais de cidades que vão sediar jogos da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, que o repórter Eduardo Faustini, da Rede Globo, transitou livremente carregando na mala uma réplica de um “fuzil” AR-15, muito usado pelos traficantes no Rio de Janeiro e no Afeganistão, pelas forças especiais dos Estados Unidos, uma embalagem com açúcar simulando cocaína e R$ 100 mil em notas cenográficas.

Ele passou pelos aeroportos de Brasília - DF, Fortaleza - CE, Belo Horizonte - MG, Curitiba - PR, Rio de Janeiro – RJ, onde foi também ao Santos Dumont, e São Paulo - SP, com passagem por Congonhas, no período compreendido entre o Natal e o Ano Novo, uma das épocas mais movimentadas dos aeroportos.

Mas não foi só isso! Depois de passar pelos aeroportos mencionados com a réplica do “fuzil” na bagagem, o repórter fez um teste mais ousado: colocou a suposta arma num compartimento normal de uma bolsa e foi de carro até o aeroporto da cidade mineira de Juiz de Fora, de onde pretendia voar até o Aeroporto Internacional de Guarulhos – SP.

Faustini passou pelo detector de metais e sua mala foi revistada manualmente. O “fuzil” AR-15 não foi encontrado! No fim das contas, foram quase 12 mil quilômetros de vôos e nove aeroportos. É assustador!

Não sei se podemos chamar de engraçado, mas em 1996, há quase 15 anos, portanto, o mesmo Eduardo Faustini montou uma bomba sem material explosivo, mas com um detonador eletrônico ativado, e despachou a mala com o artefato nos aeroportos do Rio, São Paulo, Brasíla e Belo Horizonte. Embarcou em todos eles sem nenhum problema!

Entrevistado por telefone à época pelo jornalista William Bonner, o então presidente da Infraero, Adir da Silva, disse:

- Isso é uma questão de tempo, nós estamos comprando equipamentos. Qual a nossa tarefa atual? Nós estamos querendo passar todas as bagagens no raio X. Vamos fazer um tremendo investimento, estamos avançando.

Na realidade, “nunca na história desse país” avançamos tanto, só que no descaso, na omissão e negligência. Esse é o respeito que as autoridades brasileiras têm pela integridade física de seus cidadãos e turistas. Que Deus nos proteja!!! 

O vídeo completo da reportagem você vê abaixo:

Fontes: Fantástico e Contas Abertas

Sobre o Autor:

Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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