04 abril 2011

O carioca está vivendo sobre 130 bombas-relógio

O logotipo aí ao lado, todo mundo no Rio conhece, é da Light, aquela empresa que ao menor atraso no pagamento de uma fatura corta a luz do cidadão.

Na última sexta-feira (01/04), uma das 4 mil câmaras transformadoras – salas subterrâneas que guardam transformadores – espalhadas pela Zona Sul e Centro da cidade do Rio de Janeiro, simplesmente explodiu, causando ferimentos em 5 pessoas e destruindo inteiramente um táxi. Dessas câmaras, pelo menos 130 delas ainda precisam ter os equipamentos trocados, como confessou o presidente da empresa, Jerson Kelman, em entrevista dada à imprensa. Em outras palavras: o carioca está vivendo sobre 130 bombas-relógio que podem explodir a qualquer momento!


- Seria leviano da minha parte dizer que não vai acontecer (uma explosão) novamente. Sim, pode acontecer. Por isso, vamos reforçar as obras - afirmou o presidente da Light.

O plano de manutenção dos subterrâneos, iniciado no segundo semestre de 2010, prevê a recuperação de 2 mil câmaras que apresentavam problemas. As obras se iniciaram no Leblon e seguem em direção ao Centro da cidade. A data para finalização do trabalho estava programada para o final deste ano. Porém, com a nova explosão, Jerson afirmou que a data deverá ser adiantada.

- Esta será a prioridade número um da Light. Vou me envolver pessoalmente para conferir o andamento do programa - garantiu.

O presidente fez questão de salientar que as vítimas da nova explosão, que aconteceu na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, já foram liberadas pelo Hospital Miguel Couto e receberão assistência da concessionária de serviços públicos.


Assim ficou o táxi atingido na explosão

Esse foi apenas mais um dos vários acidentes do mesmo tipo ocorridos no Rio de Janeiro, todos com vítimas, além de prejuízos materiais e sérios transtornos à cidade. Os problemas nas galerias subterrâneas da Light já são de conhecimento da Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel, que é quem fiscaliza as concessionárias fornecedoras de serviços públicos em todo o país. No fim de 2009, a agência multou a empresa em R$ 9,5 milhões por falhas de manutenção e operação. Numa fiscalização, técnicos da agência identificaram equipamentos em fim de vida útil e sobrecarga na rede subterrânea, problemas que se concentravam em Copacabana, Ipanema, Leblon, Lagoa e Centro. Na época, a Aneel determinou que a Light apresentasse um plano emergencial para identificar e eliminar todos os pontos vulneráveis.

Em 29 de junho de 2010, um casal de turistas americanos sofreu queimaduras na explosão de um bueiro na esquina da Rua República do Peru com Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Sarah Nicole Lowry, de 28 anos, teve 80% do corpo queimado e passou meses internada em um hospital particular da cidade. O marido dela, David James, teve 30% do corpo atingido. No mesmo mês, um taxista sofreu prejuízos materiais quando um bueiro explodiu na Rua Figueiredo de Magalhães. Em março, um defeito num cabo de baixa tensão deixou 2 mulheres feridas quando 2 bueiros explodiram na esquina das ruas do Ouvidor e Uruguaiana, no Centro.

Por isso não acho demais afirmar que a empresa concessionária está atrasada no pagamento da fatura de prestação de serviços que ela assumiu com o carioca. Daí a pergunta: quem vai cortar a luz da Light? Quando é que o prefeito Eduardo Paes vai parar de jogar para a mídia e realmente assumir a defesa do cidadão que nele votou?



Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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