Da esquerda para a direita: soldado Ana Paula, capitão Bianca Cirillo, tenente Marliza e sargento Ana Paula |
Nenhuma delas passou pelo curso de operações especiais do Bope, aquele que é mostrado no filme Tropa de Elite, mas foram submetidas a pesados testes de resistência física e psicológica, até conseguirem as patentes de capitão, tenente, sargento e soldado, mas todas sobem qualquer morro, negociam com bandidos, se necessário, e sabem atirar como qualquer marmanjo. Trocando em miúdos: no exercício da função policial, ninguém tem moleza não!
O capitão Bianca Cirillo (em se tratando de patente militar, não tem esse negócio de "feminino", pois o regulamento militar não permite), tem 40 anos de idade e está na na tropa há três. É psicóloga, casada e expert em negociação de liberação de reféns.
Marlisa Neves, de 29 anos, é jornalista formada e entrou na Polícia Militar há oito anos. Está no no Bope há seis meses e cuida da assessoria de imprensa do grupo.
Ana da Silva foi a primeira mulher a ingressar na força policial de elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro - RJ (2001), isso depois de dez anos servindo no Batalhão de Choque da corporação. Atua nos morros cariocas e no departamento de disciplina da instituição. É casada há sete anos com um colega de farda. Ana Paula Monteiro, hoje com 29 anos, chegou há dois anos e meio, namora um dentista e cursa o terceiro ano de Engenharia Civil.
Fardadas, como exige a função, elas são duronas, mas quando não estão em serviço e trocam de roupa, agem como qualquer outra mulher, e se preocupam com a maquiagem, o corte de cabelo e a roupa da moda, além da família, é claro. Nem parecem membros dos caveiras (designação popular dos homens do Bope). A única mãe entre as quatro, pediu para não ser identificada como forma de proteger a filha de apenas 4 anos de idade.
- Ela é a minha prioridade máxima. Já saí no meio de uma missão importante porque me ligaram da escola avisando que ela estava passando mal - disse.
Numa entrevista dada à revista Marie Claire sobre os motivos que as levaram a entrar para a Polícia Militar carioca, elas responderam:
Capitão Bianca
- Nunca pensei em ser policial, mas achei o desafio interessante quando abriram a vaga para psicólogos. Depois do sequestro do ônibus 174, em 2000 (em que a refém foi morta com um tiro acidental do Bope) a unidade percebeu que precisava reformular sua atuação, com a ajuda de um profissional especializado em gerenciamento de conflitos. Como sou formada em psicologia e tenho pós-graduação em psicologia aplicada à negociação de reféns, fui convidada para entrar no grupo.
Tenente Marlisa
- Meu irmão era oficial do Corpo de Bombeiros e me incentivou a fazer a prova para a PM. Tranquei o curso de jornalismo na UFRJ e fui para o de formação da polícia. Três anos depois, retomei e concluí a faculdade. Passei a fazer assessoria de imprensa para a PM e, quando o oficial que cuidava da comunicação do Bope se afastou, fui indicada para o lugar dele. Topei porque adoro desafios.
Sargento Ana da Silva
- Assaltaram minha casa quando eu tinha 12 anos. Os ladrões se esconderam lá dentro e os policiais entraram para rendê-los. Um deles me colocou nas costas, para me proteger dos criminosos. Ali, vi que queria ser policial. Aos 18, tentei entrar na PM, mas não fui aceita porque o limite de altura era 1,70 m e eu só tenho 1,65 m. Anos depois, baixaram o limite e pude fazer a prova escrita e o teste físico — com corrida, salto, barra e flexão. Comecei no Batalhão de Choque, numa sala em cima da antiga sede do Bope. Um dia, o coronel me perguntou se eu queria trabalhar lá. Como sabia que era uma tropa unida, que prezava por um serviço sem corrupção, achei ótimo.
Soldado Ana Paula
Quando terminei o segundo grau, vi que havia um concurso aberto para a PM. Nunca tinha pensado naquilo, mas resolvi tentar. Não é simples. Passei em tudo superbem, mas demorei quase dois anos para ser convocada. Acho que chamaram todos os homens da lista primeiro (risos). Uma vez dentro da polícia, ouvi os colegas dizerem que a melhor unidade da PM era o Batalhão (além da fama de incorruptíveis, os caveiras ganham R$ 1.500 a mais que outros colegas de farda). Quando tive a oportunidade, não pensei duas vezes.
Fonte: Marie Claire
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |