Regina Bittar é a voz brasileira do Google. Além das palavras pronunciadas em português, ela é responsável, por tabela, pelas piadas e trotes feitos com a voz robótica do Google Translator na internet.
Casada, com 49 anos e mãe de dois filhos, Regina mora em São Paulo - SP.
- Eu não acho estranho a minha voz estar em várias brincadeiras do YouTube porque aquilo é uma máquina. Para mim, é a voz do Google, não sou eu - explica Regina, que diz não poder dar mais detalhes sobre como foi a gravação. O recurso da voz da ferramenta de tradução gratuita do Google foi lançado na nossa língua em maio de 2010.
- O que posso falar é que participei de uma seleção com uma fonoaudióloga e comecei as gravações no início de 2009 - afirma a voz do Google.
Além disso, Regina é responsável pela locução de diversos comerciais de TV, e já está acostumada a ouvir a própria voz, mas acha que o trabalho feito para o Google Tradutor é bem diferente. Eis um de seus trabalhos para a televisão:
- Na primeira vez que usei a ferramenta, eu ria sozinha. Apesar dos anos, ainda tomo sustos. Até hoje me impressiono com o que fiz - conta ela.
- Recentemente, eu comprei um iPhone e um amigo me disse: "você também está lá" - diz a locutora sobre o aplicativo do Google para o smartphone da Apple.
Ela diz que ficou sabendo das piadas e trotes feitos com a voz robótica do Google Translator na internet há cerca de quatro meses, através de uma amiga também locutora.
- Ela me disse: "Regina, olha o que estão fazendo com a sua voz". Mas eu não levo para o lado pessoal. Eu acho que quem faz a brincadeira tem muito mais autoria do que eu - explica a locutora, que diz acreditar que a curiosidade em torno da voz e os trotes serão passageiros.
- O brasileiro faz piada de tudo. Amanhã já tem algo novo na internet”, diz.
Entre os vídeos preferidos de Regina estão o da menina que briga com a voz do Google que a manda ir dormir e o trote da pizza.
- O vídeo com o trote da pizza já teve mais de 1 milhão de acessos, é incrível - diverte-se Regina.
Para fazer a gravação no Google Tradutor, Regina usou uma voz pausada e linear, ou seja, sem emoção ou musicalidade.
- Há diferenças de linguagem para cada veículo. O rádio, por exemplo, é áudio puro, sem imagens, por isso a interpretação é mais acentuada - explica ela, acrescentando que a voz eletrônica não pode ser muito rápida nem coloquial, pois quem está ouvindo não irá prestar atenção.
- A voz é a mesma, o que muda é o tom. Na minha opinião, o locutor é como o vinho, vai ficando cada vez melhor. Com o tempo, você aprende a usar o seu "instrumento”.
Antes de ser locutora, Regina trabalhou no jornal A Tribuna, de Santos - SP, cidade onde nasceu, começando, logo depois, a fazer uma revista de moda que circulava pela cidade. Foi o diretor artístico da revista que certa vez lhe disse que ela tinha um timbre de voz lindo e deveria ser locutora.
- Ele, então, me convidou para fazer uma propaganda. Logo depois, quando a revista acabou, ele me convidou para apresentar uma rádio-revista. As pessoas começaram a gostar da minha voz. O rádio é maravilhoso porque você tem um retorno imediato dos ouvintes. E eu acabei me encantando.
Mas o Google Tradutor não foi o primeiro trabalho que Regina gravou para uma “máquina”. No início de 2000, ela era a apresentadora da assistente virtual lançada pela Gradiente, a “Mediz”. A partir de um reconhecimento de voz, os usuários ligavam para o portal e tinham vários locutores de plantão que davam notícias sobre trânsito e tempo.
- Essa foi uma experiência forte, era como se a máquina fosse uma pessoa. Teve uma moça que ligou desesperada porque o namorado estava apaixonado pela "Mediz". Sempre existiu esse fetiche pela máquina”.
Agora, quando usar o recurso de voz do Google Translator, você vai saber que a "máquina" se chama Regina Bittar. E é linda, por sinal!
Fonte: G1
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |