O vídeo abaixo tem cerca de 15 segundos, tempo suficiente para mostrar a violência a que estamos expostos. As imagens, feitas pelo passageiro de um ônibus que trafegava pelo local, mostram o exato momento em que três homens armados e pilotando duas motos abordam um motociclista que estava parado no semáforo do cruzamento com a Avenida Salim Farah Maluf e a Rua Florindo Brás, no sentido Marginal.
A vítima, um bancário, perdeu uma mochila e sua Kawasaki Ninja, encontrada cerca de 30 minutos depois, na mesma avenida Salim Farah Maluf, há mais ou menos 500 metros do local onde o assalto ocorreu, porque equipada com um sistema antifurto dotado de rastreamento e bloqueio. Os assaltantes fecharam parte da avenida, e além da mochila e da moto do bancário, levaram também o seu capacete e R$ 100 que estavam em sua carteira.
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- Foi tudo muito rápido. A moto azul parou na minha frente e a outra que aparece no vídeo encostou na minha traseira. O garupa do veículo que bateu atrás de mim desceu com a arma nas mãos e mandou eu sair da moto, dar a bolsa e tirar a carteira - contou o rapaz, esclarecendo que apesar de já ter sido assaltado outras duas vezes, não vai abandonar o hábito de pilotar motocicletas.
- Até tenho medo, mas eu gosto de andar, é um prazer - conta ele, que estava indo jogar futebol quando foi assaltado.
A Polícia Civil informou que vai utilizar o vídeo para na tentativa de identificar, localizar e prender os assaltantes.
Fatos como este já fazem parte do cotidiano das cidades brasileiras, onde a violência é cada vez maior, principalmente em relação ao cidadão comum, que além de não ter a proteção do Estado ainda sofre com o jogo de empurra político, que não consegue aprovar, talvez por "excesso de trabalho", o novo Código Penal (o atual é da década de 40), que já traz em seu bojo algumas aberrações.
O texto da nova lei prevê, por exemplo, que quem modificar um ninho de espécies silvestres pode ser condenado a uma pena que vai de dois a quatro anos de prisão, e a até seis anos de cadeia, quem comprar alguns tipos das mesmas espécies, mas pune com penas que variam de um a quatro anos o crime de abandono de incapaz. Nada contra os animais silvestres, que sempre defendi (basta ler "Tráfico de animais silvestres", "Papagaio de cara roxa" e "Bicho de saias"), mas a desproporcionalidade é flagrante e chega a ser burra!
Além disso, o que imagino esteja sendo maquinado com a intenção única de favorecer apadrinhados políticos, os únicos beneficiados com a direção de instituições ligadas às três áreas do Executivo, o crime de gestão fraudulenta, base da discussão travada no processo do mensalão ora em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal - STF, que o Código Penal em vigor pune com penas que vão dos três aos doze anos, no novo diploma legal pode passar a ser punido com uma pena de um a cinco anos. Assim, quem compra um animal silvestre pode pegar até seis anos de cadeia, mas quem dirige fraudulentamente uma empresa, acarretando danos ao patrimônio público, como no caso dos dirigentes do Banco Rural, que se associaram a Marcos Valério e sua quadrilha para irrigar as contas do Partido dos Trabalhadores - PT, fato já reconhecido no julgamento do processo acima referido, sai com apenas cinco anos no lombo. Um absurdo para o qual a sociedade precisa estar atenta. E nem é preciso sair pelas ruas gritando como louco, porque as redes sociais estão aí mesmo para ajudar, não é verdade?
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |