Dizem os especialistas que tornar gratuitos os ônibus urbanos no Brasil, ideia de forte apelo social defendida pelo Movimento Passe Livre - MPL, acabaria por provocar um enorme rombo nas finanças dos municípios, comprometendo outros serviços prestados à população. Segundo a teoria econômica, tudo tem seu preço, mesmo quando ele não está visível a olho nu, razão pela qual o economista Milton Friedman (1912-2006), prêmio Nobel de Economia em 1976, sempre afirmou que “não existe almoço grátis”.
A busca de soluções pode enveredar por diversos caminhos. O primeiro e mais simples seria aumentar a arrecadação, elevando os impostos, que nem se precisa lembrar, já altíssimos no país. Poder-se-ia, também, redistribuir o dinheiro reservado, por exemplo, para o salário de professores, a melhoria do atendimento nos postos de saúde e a contratação de mais policiais para garantir a segurança da população. Um outra opção seria o corte de despesas, tarefa não muito simples diante da incapacidade crônica de todas as instâncias de governo - municipal, estadual e federal – de apertar o cinto. A outra sugestão, que deixei por último por ser a mais improvável, seria acabar com a corrupção que há anos se alastra pelo país em todos os níveis do poder.
De acordo com o professor Samy Dana, da Fundação Getulio Vargas - FGV de são Paulo - SP, "a tarifa zero é um cobertor curto”, já que “se você puxar de um lado, descobrirá do outro”. Por isso mesmo, o rombo gerado no orçamento dos municípios pela tarifa zero não estaria restrito apenas a cobrir o custo do sistema hoje, estimado em R$ 5,5 bilhões anuais só em São Paulo (em 2013, com a redução do bilhete de R$ 3,20 para R$ 3, as despesas da cidade com subsídios na área deverão ficar em R$ 1,4 bilhão, ou 25% do total do orçamento), mas em alimentar o custo da operação, que com a tarifa zero, não há outro raciocínio, tenderia a subir. Aí, corremos o risco de ter que enfrentar situação parecida com a da imagem que ilustra esta postagem, colhida no cotidiano da Índia, dona de um dos piores sistemas de transporte urbano do mundo. O que você acha? Vamos de tarifa zero ou deixa como está? Dê a sua opinião.
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |