DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente! O que devemos fazer nesta data? Festejar, refletir ou lamentar? A primeira opção deve ser afastada. Na minha opinião, o que a sociedade global precisa fazer é refletir, muito! E lamentar...

O ano de 2010 só agora chega à sua metade, mas as tragédias acontecidas em todo o planeta, provocando milhares de mortes, já fazem desse primeiro semestre um período marcado pela fúria da Natureza.

Tempestades de força incomum, enchentes, temperaturas absurdamente altas ou inexplicavelmente baixas, terremotos e atividades vulcânicas ceifaram milhares de vidas e causaram incontáveis prejuízos a diversos países, com destaque para aqueles de população mais pobre, que é sempre a mais atingida por eventos dessa natureza.

Muito se discute sobre aquecimento global. "Autoridades" ligadas aos acontecimentos do clima testam sua capacidade discursiva e a própria vaidade no embate de questões sobre a existência ou não do fenômeno, esquecendo-se de mirar a realidade de um planeta que está próximo à exaustão. A temperatura do globo terrestre no primeiro trimestre deste ano foi a maior já registrada e numa média histórica iniciada em 1979, o volume de gelo do Ártico nunca esteve tão baixo.

O destempero do clima fica ainda mais flagrante se considerarmos que a atividade solar sobre o planeta nunca esteve tão baixa nos últimos 100 anos. Por que, então, enfrentamos sinais tão claros de um aquecimento global. A resposta está no CO2. A concentração atmosférica do gás passou de 280 ppm (partes por milhão) em 1750 para 379 ppm em 2005, o que aumentou a capacidade da atmosfera de reter calor, até porque nela jogamos diariamente 90 milhões de toneladas de gás carbônico.

A quantidade de pessoas atingidas em todo o mundo pelos desastres ecológicos cresceu de forma avassaladora, passando de 740 mil, nos anos 70, para 2,5 bilhões na década de 90, conforme estatísticas divulgadas pela Cruz Vermelha, que classificou as perdas como dramáticas. E o que foi feito até agora em termos de um acordo global para combater as mudanças climáticas e estabelecer limites para as emissões de CO2 e outros gases estufa?

- Se o planeta vai esquentar ou esfriar primeiro, isso não importa. É como discutir o sexo dos anjos - desabafa Emilia Queiroga Barros, diretora da Campanha Global de Liderança Climática Brasil 2020.

- O desequilíbrio dos sistemas naturais já é gritante. Sequer precisamos mostrar os problemas. Já estão todos aí!

Uma das vítimas da British Petroleum

A luxúria insensata do homem na busca das riquezas, independentemente dos limites do planeta precisa ser refreada. Alternativas, e elas existem, precisam ser discutidas e implantadas. Não podemos mais conviver com os atos criminosos, por exemplo, de empresas como a British Petroleum, cuja negligência matou onze de seus funcionários no Golfo do México e causou um dos maiores acidentes ecológicos da história da humanidade.

O Brasil tem 57 cidades costeiras em que a invasão das águas, associada ao aumento do nível dos oceanos, tornou-se um problema de extrema gravidade e real. Outro desafio está na Amazônia, que terá 40% de sua área transformada em savana se a temperatura do planeta aumentar 2 graus Celsius, o que foi considerado "tolerável" na Conferência do Clima de Copenhague, onde as estrelas políticas do mundo inteiro desfilaram sem nada decidir em favor do Planeta Terra.

Não! Certamente nada temos a comemorar!

Devemos, sim, aproveitar a data e refletir. Refletir e decidir que planeta queremos deixar para os nossos filhos e netos, se é que isso ainda é possível. Além da reflexão, só nos resta lamentar e pedir perdão às criaturas indefesas condenadas à morte de forma tão brutal por nossos atos de "civilidade" e "desenvolvimento".

Sobre o Autor:

Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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