A arte de jogar futebol, o futebol ofensivo, o futebol sem violência, o futebol sem botinudos, acreditem, venceu. Numa final emocionante, que só foi decidida quando faltavam quatro minutos para o final da prorrogação, a seleção da Espanha, a famosa Fúria, derrotou a Holanda por 1 a 0 e conquistou, pela primeira vez em sua história, o título da Copa do Mundo de 2010.
O meio de campo Iniesta, que figurou entre os candidatos a melhor jogador do Mundial, foi o herói da conquista, e a lógica, ainda que rara no futebol, acabou por prevalecer, premiando a melhor geração da história do futebol espanhol, que acabou confirmando o favoritismo construído há dois anos com o título da Eurocopa e reforçado durante a campanha na África do Sul com um futebol de toque de bola envolvente e estilo ofensivo.
A Holanda, um time violento - seus jogadores foram punidos com oito cartões amarelos e um vermelho - perdeu sua terceira decisão de Copa, repetindo as tristes experiências de 1974 e 1978, mas seus atletas, numa atitude digna do melhor esporte, após a entrega da taça aos espanhóis, formaram um corredor no gramado para saudar os novos campeões.
Logo no começo do jogo foi possível perceber a intenção da Fúria. Ela repetiu o estilo arrebatador da semifinal contra a Alemanha, acuando a Holanda na defesa com seu irritante e encantador toque de bola, e logo aos quatro minutos, numa cabeçada de Sergio Ramos, obrigou Stekelenburg a fazer grande defesa para evitar o primeiro gol. Ramos apareceu de novo aos dez, em boa jogada pela direita. Mas o cruzamento rasteiro foi salvo pelo zagueiro Heitinga, na pequena área. Em seguida, Villa recebeu na área e bateu de primeira, à direita.
A pressão espanhola foi aos poucos diminuindo, e o que subiu foi a temperatura do jogo, com muitas entradas ríspidas, principalmente por parte da Holanda. Van Persie, que já poderia ter recebido o cartão amarelo no primeiro minuto, não demorou a ser advertido, aos 14, por falta em Capdevilla. O árbitro inglês Howard Webb, com uma atuação que não comprometeu o resultado do jogo (apesar de um pênalti sofrido por Iniesta e não marcado por ele), passou a distribuir alternadamente cartões para as duas equipes: Puyol, Van Bommel e Sergio Ramos foram punidos. Aos 28 minutos, num dos lances mais violentos que já assisti num jogo de futebol, o botinudo holandês De Jong entrou com o pé no peito de Xabi Alonso, ganhando apenas o cartão amarelo, um prêmio para a agressão criminosa praticada.
A história se repetiu no segundo tempo, com muitas faltas e mais cartões - no total, foram 13 amarelos e um vermelho, recorde em finais de Copa do Mundo. Mas com a bola rolando, a Espanha voltou a dominar, embora sem o mesmo ímpeto do início, até porque seus jogadores precisavam dosar energias para uma possível prorrogação, que acabou acontecendo.
A unica e melhor chance de gol da Holanda aconteceu aos 16 minutos, quando Robben, um jogador que abusa de reclamações e encenações, o tipo "estrela" que ninguém pode tocar, num contra-ataque, avançou sozinho até a área e tocou na saída de Casillas, que salvou com o pé direito.
A equipe espanhola respondeu aos 24: Heitinga falhou ao cortar cruzamento na pequena área e a bola sobrou para o artilheiro Villa, que conseguiu chutar em cima do zagueiro holandês. Aos 31, após escanteio da esquerda, na cara do gol, Sergio Ramos subiu livre e cabeceou por cima do travessão da meta defendida pelo bom goleiro Stekelenburg. A última boa chance foi holandesa, aos 37, novamente com um lançamento para Robben, que ganhou da zaga na corrida mas foi desarmado ao tentar driblar Casillas, num excesso de preciosismo inadmissível numa Copa do Mundo.
Na prorrogação, a entrada de Fábregas no lugar de Xabi Alonso deu mais objetividade à Espanha. Logo aos quatro minutos, ele recebeu ótimo passe de Iniesta na área mas bateu em cima do goleiro Sketelenburg. Aos dez, ele devolveu a gentileza, mas Iniesta demorou a concluir a jogada e acabou desarmado. Melhor jogador da prorrogação, Fábregas assustou novamente aos 13, em chute da entrada da área, à esquerda.
Aos quatro minutos do segundo tempo, finalmente o árbitro Howard Webb resolveu punir o a violência: Heitinga puxou Iniesta na entrada da área e recebeu o segundo amarelo, seguido pelo vermelho e foi expulso. Melhor desde o início, a Espanha só acabou com o sofrimento da torcida aos 11 minutos do segundo tempo. Fernando Torres tentou lançar Iniesta, o zagueiro Mathijsen cortou mas a bola caiu nos pés de Fábregas, que rolou para Iniesta chutar cruzado e fazer o gol mais importante da história do futebol espanhol.
Vale a pena guardar estes dados. Eles agora são parte da história do futebol.
Local:
Soccer City - Johannesburgo - África do Sul
Árbitro:
Howard Webb (Inglaterra)
Gol:
Iniesta, aos 11 minutos do segundo tempo da prorrogação
Cartões amarelos:
Van der Wiel, Mathijsen, Heitinga, Van Bronckhorst, Van Bommel, De Jong, Robben, Van Persie, Sergio Ramos, Puyol, Capdevilla, Xavi e Iniesta
Cartão vermelho:
Heitinga
Holanda:
Stekelenburg, Van der Wiel, Mathijsen, Heitinga e Van Bronckhorst (Braafheid); Van Bommel, De Jong (Van der Vaart), Kuyt (Elia) e Sneijder; Robben e Van Persie
Técnico: Bert van Marwijk
Espanha:
Casillas, Sergio Ramos, Piqué, Puyol e Capdevilla; Busquets, Xabi Alonso (Cesc Fábregas), Xavi e Iniesta; Pedro (Jesus Navas) e David Villa (Fernando Torres)
Técnico: Vicente del Bosque
Sobre o Autor:
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |
Eu particularmente não gostei do jogo esperava um futebol mais bonito, no dia anterior Alemanha e Uruguai mostraram um ótimo futebol.
ResponderExcluirAbraços forte
Acho que a ansiedade e a tensão atrapalharam um pouco, Príncipe!
ResponderExcluirEspanha e Holanda estavam decidindo o título mundial, e não um terceiro lugar, como fizeram Alemanha e Uruguai. Mas concordo com você, em termos de emoção e opções no placar, o jogo de sábado foi melhor.
Um abração...