30 maio 2011

Mulher vai a hospital fazer uma endoscopia e sai sem parte do braço direito

Rosely Viviani, uma vendedora de 48 anos de idade, entrou no Hospital Santa Marcelina – Itaquera – SP, em 2009, para fazer um exame gastrointestinal e saiu de lá sem parte do braço direito, depois de tomar uma injeção no pulso. Durante todo o dia 27 de abril daquele ano ela se queixou de dores na região, e no dia seguinte seu membro não tinha mais circulação sanguínea. Os médicos constataram que havia uma trombose no local, e após vários tratamentos sem resultado, outra alternativa não restou senão a amputação do braço da paciente, o que aconteceu em 7 de maio daquele ano.

Até a última sexta-feira (27/05), a direção do hospital ainda não tinha uma explicação para o ocorrido. Ninguém sabe dizer como uma pessoa se interna para fazer uma endoscopia (exame que introduz cânula com câmera pela boca do paciente para se verificar doenças gastrointestinais) e 10 dias depois tem um membro aparentemente saudável amputado.

Rosely foi ao Santa Marcelina porque semanas antes teve diagnosticado um câncer no útero e ovário, e precisava fazer a endoscopia pelo Sistema Único de Saúde – SUS, para saber se tinha mais tumores em outros órgãos, o que acabou não se confirmando.

- Entrei no hospital com o meu braço e saí de lá sem ele. E até hoje ninguém me disse o que ocorreu - explicou a mulher em entrevista concedida em sua casa em Cerquilho - SP.

Ela é separada e mora com o filho, André Luiz, de 11 anos.

- Me disseram que tiveram de amputar do cotovelo para baixo senão eu ia morrer. Era meu braço ou minha vida - desabafou Rosely.

Até hoje, decorridos mais de 2 anos, uma comissão interna do próprio hospital e uma sindicância do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo - Cremesp apuram o caso, na tentativa de saber se houve erro médico. Existe, inclusive, a suspeita de que uma enfermeira tenha aplicado o sedativo para a realização da endoscopia na artéria em vez da veia. Além disso, o remédio teria sido ministrado por meio de uma agulha que já havia sido introduzida no pulso da paciente para ministrar outros medicamentos.

- Ela aplicou a injeção na artéria e não na veia. Fora isso, demoraram a ouvir meus pedidos de que eu estava com dor e havia algo errado. Passei mais de um dia com o braço dolorido - lembrou Rosely.

Ela explicou ainda que logo que lhe aplicaram Diazepan no braço começou a sentir dores, mas só foi socorrida 26 horas depois.

- Eu chorava de dor, mas ninguém me atendia. Aí já era tarde. Não havia mais circulação sanguínea no braço. As pontinhas dos dedos começaram a ficar pretas, depois começou a escurecer na altura do pulso – explicou ela.

Se a pobre Rosely fosse mãe, mulher, filha ou mesmo amante de algum político ou funcionário público importante, acredite, nada disso teria ocorrido. Esse é mais um exemplo, entre centenas de outros, do descaso vivido pela saúde pública brasileira. A que atende o povão, é claro!

Caso algum erro venha a ser comprovado, os médicos poderão ser punidos com suspensão administrativa pelo hospital ou até ter a licença para exercer a profissão cassada pelo Cremesp. Por outro lado, se restar apurado que foi o próprio organismo de Rosely que reagiu de forma inesperada a algum remédio, a equipe médica hospitalar será inocentada. A que conclusão você acha que eles vão chegar?


Fonte: G1



Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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