Mensagens encontradas no Congresso Nacional (foto: José Cruz - Agência Brasil) |
"Que os homens de amanhã que aqui vierem tenham compaixão dos nossos filhos e que a lei se cumpra". Essa mensagem, escrita a lápis sobre o concreto, em 22 de abril de 1959, pelo operário José Silva Guerra, que trabalhou na construção do prédio Congresso Nacional, foi descoberta acidentalmente quando uma equipe de manutenção buscava a origem de um vazamento no Salão Verde da Câmara dos Deputados. Ao todo, foram encontradas 6 mensagens com frases de amor e recados aos políticos. Além delas, lá estavam ferramentas, uma caixa de pregos e um tubo de pasta de dentes.
- É uma escrita feita com a intenção de deixar uma mensagem de otimismo, de que eles estavam acreditando que aquele trabalho que eles estavam fazendo, trabalho árduo, seria em benefício do país - disse Reinaldo Brandão, diretor do Departamento Técnico da Câmara.
Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara, foi ao local nesta quinta-feira (11/08) e disse que vai avaliar a possibilidade de liberar o local para visitação pública.
- O importante é que o que vimos ali é exatamente a materialização do sentimento dos operários, dos trabalhadores que aqui estavam durante a construção de Brasília - disse.
Se o nosso querido José Silva Guerra estivesse vivo, o que acho pouco provável, ele certamente estaria decepcionado. Primeiro pelo sonho de justiça que não viu realizar; depois, por verificar que ajudou a construir, não a Casa das leis, como ele pensava, mas a arapuca onde são alinhavadas as costuras políticas que beneficiam parlamentares e partidos, em detrimento do cidadão e da própria Nação brasileira.
- Ela vai descobrir que não governa sozinha - foi a frase que resumiu o clima do jantar que reuniu, na noite de terça-feira (09/08) a cúpula do PMDB na casa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), todos muito irritados com a prisão dos apadrinhados corruptos que indicaram para o Ministério do Turismo.
Por isso, traçaram uma estratégia: pretendem dar um “susto” na presidente Dilma Rousseff. E como fazer isso? Duas alternativas foram postas na mesa: a mais drástica é dar apoio à criação da CPI da Corrupção, proposta pela oposição, o que eu duvido muito porque quem tem telhado de vidro não atira pedras no telhado do vizinho; e a mais suave, que é permitir a votação e a aprovação de um dos dois projetos que encabeçam a lista: a emenda 29 – que aumenta o valor dos repasses orçamentários obrigatórios para a área da saúde – e a PEC 300 – que estabelece um piso nacional para policiais e bombeiros tomando como base o que eles ganham no Distrito Federal.
A ideia é criar um grave prejuízo aos cofres do Planalto, capaz de mostrar a Dilma Rousseff que ela é dependente da base aliada, e não pode sair por aí demitindo seus alidados, ainda que bandidos corruptos. O mais grave nessa história, além do "susto" que querem dar na presidente, só o aumento dos gastos do governo, num momento em que tudo recomenda extrema cautela em razão da crise que bate à porta de todos os países em razão da situação econômica mundial. Mas quem se preocupa com isso, não é verdade?
E agora, José? Como fica o seu sonho de compaixão pelos filhos da Nação? E a Casa das leis que você ajudou a construir? Que frase você deixaria hoje naquelas paredes manchadas pela corrupção? Ou será que você lá voltaria com um esfregão e muita água sanitária? E claro, também algemas, muitas algemas!
Fonte: G1
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |