05 janeiro 2012

Saiba porque só a reza pode ajudar Friburgo a escapar de nova tragédia

Quando assumiu o poder, Dilma Roussef teve que engolir vários ministros da era Lula, uma herança que até alguns membros do próprio governo chamam de maldita. A partir daí, foi um Deus nos acuda. Vira e mexe, aparece uma lambança. Nem mesmo de férias a presidente consegue se livrar dos escândalos provocados pelos membros de sua equipe ministerial. Os jornais de ontem (04/01) nos deram conta de que o lambão da vez é o ministro Fernando Bezerra, titular da Integração Nacional, que em 2011 destinou 90% das verbas da União para a prevenção de desastres naturais ao seu próprio Estado, Pernambuco.

Petrolina, cidade onde ele exerceu três mandatos como prefeito, foi a escolhida para receber os principais recursos de Resposta a Desastres Naturais no interior do Estado.

O ministro liberou para sua terra natal R$ 8,9 milhões, destinando R$ 1,2 milhão aos 14 municípios pernambucanos devastados pela enxurrada em 2010. Petrolina só perdeu para Recife, com R$ 62 milhões, entre as 96 cidades pernambucanas contempladas.

Mesmo assim, numa entrevista coletiva dada no tom de indignação dos apanhados praticando algum "malfeito", Bezerra disse que em sua pasta "não existe política partidária, miúda, pequena", e numa tentativa de virar o jogo, afirmou que não pode "aceitar que se discrimine o Estado de Pernambuco por ser o do ministro".

Hoje (05/01), o portal Contas Abertas noticia que no Orçamento Geral da União de 2012, aprovado pelo Congresso Nacional no final do ano passado, Pernambuco é, de novo, novamente, outra vez, a unidade da Federação que mais vai receber verbas do Ministério da Integração Nacional para prevenir desastres naturais nos períodos de chuvas. A previsão é que o ministério de Fernando Bezerra contemple o Estado com R$ 81,4 milhões.

Se você quiser ver a relação do Estados beneficiados com os recursos para prevenção de acidentes, clique aqui.

Boa parte da mídia, e a revista Veja foi um destes veículos, chegou a noticiar que Dilma teria ligado para a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e deixado a cargo dela a questão das chuvas, ordenando a adoção de critérios técnicos na distribuição de recursos da pasta para combate e prevenção de desastres, como enchentes e desmoronamentos, relegando Fernando Bezerra a segundo plano. Dilma teria pedido a Gleisi uma radiografia na rubrica de verbas para prevenção de enchentes, de modo a evitar novas denúncias de uso político do dinheiro. A chefe da Casa Civil precisou encerrar suas férias mais cedo para se reunir no Planalto com técnicos do ministério e da Defesa Civil, o que aconteceu na última terça-feira (03/01).

A ministra da Casa Civil, porém, negou que tenha recebido orientação da Presidência da República para intervir na execução orçamentária do Ministério da Integração Nacional, acrescentando que "Fernando Bezerra é e continua sendo responsável pela execução dos programas e projetos daquela pasta" e que "qualquer informação fora deste contexto tem por objetivo disseminar intriga". Fazer o quê?

Cala-te boca, mas por falar em intriga, Nova Iguaçu, a minha cidade, que está entre os 56 municípios listados como prioritários para receber verbas de prevenção contra enchentes em 2011, só ficou com R$ 2,5 mil, dinheiro que deveria ser devolvido ao ministro Fernando Bezerra com a recomendação de que ele... Deixa pra lá!


E Friburgo, onde Dilma Rousseff, capitaneada por Sérgio Cabral e seu staff foi fazer promessas de recursos e recuperação? Representantes do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro - Crea-RJ que ontem (04/01) realizaram uma vistoria nas áreas de maior risco da cidade, alertaram para a possibilidade de novos deslizamentos e enchentes. Logo após a tragédia ocorrida na Região Serrana em janeiro de 2011, técnicos do Conselho produziram um relatório apontando sugestões para minimizar os riscos, a ele acrescentando nova coleta de dados 6 meses depois. O que foi feito? Nem Deus sabe!

Veja o que diz, Adacto Ottoni, assessor de meio-ambiente do órgão, que participou das visitas aos municípios serranos:

- É preciso rezar para não ter enchente em Friburgo. As obras de prevenção já tinham que ter sido feitas. As áreas estão fragilizadas. Alertamos para o risco de uma nova tragédia. Agora é tirar a população das áreas mais críticas e esperar a estiagem para fazer as intervenções preventivas.

E Minas Gerais, que já tem 52 municípios em estado de emergência, vai ter que rezar também?

Este é o "Brasil de todos"... os políticos, é claro! E nós, os cidadãos de bem, continuamos a rezar por ele...



Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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