Se você tiver que passar pelo Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim ou pelo Santos Dumont, tome cuidado! Se precisar de transporte, então, redobre a sua atenção e cautela, porque aqui a violência anda de táxi. E a última vítima dessa história foi o jovem Cristiano Damasceno, agredido na saída do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim ontem (13/02), numa confusão que começou na porta do aeroporto, logo depois que um taxista fez uma piada sobre sua opção sexual, depois que ele e o companheiro se recusaram a embarcar em um táxi pirata.
Segundo Cristiano, toda a confusão começou "na saída da porta em que um desses taxistas estava e ele continuou insistindo e a gente disse não com uma voz mais firme e aí ele fez a piada", e mesmo sem condições de afirmar com absoluta certeza, porque foi atingido e caiu ao chão, ele diz que foi agredido por dois ou três homens.
O rapaz estava internado no Hospital Santa Maria Madalena, de onde foi liberado ontem mesmo, depois de medicado pelos ferimentos que sofreu no maxilar e na cabeça.
Damasceno, que em função da profissão está acostumado a viajar, disse que a abordagem dos taxistas na saída do aeroporto foi agressiva:
- A partir do momento que a gente recusou a primeira, a segunda, a terceira e a gente disse não e ele não gostou da gente ter dito não, já é agressiva a partir do momento em que você não tem o direito de escolha, como cidadão, do tipo de transporte que você vai tomar para você chegar a sua casa, seja de ônibus, de táxi, seja teu carro que esteja na garagem, a partir do momento que você não tem o poder de escolha que você é levado, que você é induzido. Então eu não me deixei induzir e estou pagando esse preço - explicou.
De acordo com uma nota distribuída pela Polícia Civil, ao se recusarem a viajar no táxi pirata, um dos motoristas começou a ofendê-los, fazendo pilhérias acerca da opção sexual de ambos, o que acabou gerando uma briga, com troca de socos entre o taxista e um dos jovens. O outro rapaz ainda tentou separar a briga e os três acabaram caindo no chão, momento em que um segundo taxista pirata apareceu e chutou o rosto do jovem que estava tentando separar os contendores. O dois agressores foram presos. Ainda segundo a polícia, o caso está encerrado e os agressores vão responder pelos crimes de lesão corporal e tentativa de homicídio.
Esse tipo de violência não é novidade no Rio de Janeiro. Em julho de 2010, por exemplo, cinco taxistas foram flagrados pelas câmeras de segurança do mesmo Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim agredindo de forma covarde e brutal um outro motorista de táxi que não era da mesma cooperativa deles. Eles estão respondendo a um processo crime por tentativa de homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e porque não deram chance de defesa à vítima.
Na época, a delegada Fátima Bastos, então titular da delegacia do aeroporto, disse:
- Existe uma série de ocorrências de lesão corporal nessa área. A maioria, envolvendo taxistas. E a vítima é sempre taxista que vem de fora. Isso é um absurdo. Não vamos permitir que esse tipo de crime continue acontecendo aqui. Ela disse ainda, que "pelo menos um caso de agressão a taxista por semana" é registrado na delegacia, e que enviou ofício comunicando o fato e pedindo providências à Secretaria Municipal de Transportes.
Mesmo assim, até hoje, nem a Secretaria Municipal de Transportes, nem a Polícia Militar, que só tem cinco homens para cuidar de todo o aeroporto, nem a Infraero, que tem câmeras instaladas por todos os cantos do terminal, fizeram alguma coisa para mudar a situação. O próprio governador Sergio Cabral, em entrevista recente, reconhece que o Tom Jobim "é uma vergonha para o povo do Rio de Janeiro".
E daí, governador? Que a situação é vergonhosa todo mundo sabe. Mas o que nós estamos querendo saber, e você tem a obrigação de nos dizer, é quem vai resolver essa parada? O que queremos saber, sem demagogia, é quem vai garantir a segurança a que temos direito porque está escrito na Constituição Federal e que é paga com o dinheiro que tiram do nosso bolso a título de impostos. Até quando vamos ter que suportar tanta incompetência, omissão e negligência, governador? Será que nem "unindo forças" vocês encontram uma solução?
Fonte: G1
Vídeo: DigoLaz
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |