Depois de agredir a professora com três tapas no rosto, em plena sala de saula, aluna, naturalmente orientada por alguém, pede desculpas e alega que está passando por problemas pessoais. A agressão aconteceu em uma escola na cidade de Coronel Fabriciano, na Região do Vale do Aço, em Minas Gerais - MG. Agredido pelo salário aviltante que recebe e o pouco caso dado à educação no país, o professor agora é espancado na sala de aula.
As imagens foram postadas na internet e mostram os detalhes da agressão, que teria começado depois que a professora pegou um bilhetinho que circulava pela sala. Foi o que bastou para que a jovem se levantasse e depois de uma rápida discussão, partisse para cima da professora, desferindo-lhe três tapas no rosto.
O fato aconteceu na semana passada durante a aula de física do primeiro ano do ensino médio. Ainda de acordo com a direção da escola, nem a estudante nem a professora tinham se envolvido em casos semelhantes.
- Uma excelente profissional que tem domínio de conteúdo. Ela nunca tinha participado deste tipo de situação. Muito menos a aluna que estuda aqui desde o ano passado, é uma aluna calma, tranquila. Nem conversa em sala de aula - disse a diretora da escola, Ilméria Frossard.
- Às vezes, o aluno ao cometer um ato deste faz por impulso, vontade de destacar perante os outros alunos, que vai vencer perante o professor. Pode ser que este aluno pode estar com problema em casa, com o pai, com o padrasto, com a mãe - opinou a conselheira tutelar Kátia Mantovani.
De acordo com o Conselho Tutelar, a adolescente vai começar um acompanhamento com assistentes sociais e psicólogos. Além disso, o fato deverá ser levado ao conhecimento do Ministério Público.
- É preciso que nós vivenciemos esta prática para que nós amenizemos os conflitos diários nas unidades escolares - defendeu a superintendente regional, Maria do Carmo Melo.
A Superintendência de Ensino afirmou ainda que foi um episódio isolado e que o diálogo é a base para prevenir e punir esses tipos de casos. Os pais da aluna não foram localizados para falar sobre o assunto. Assista ao "episódio isolado".
Na postagem anterior, o Dando Pitacos abordou, de forma bem simples e resumida, a questão da gravidez precoce, perguntando ao final, se as famílias não estão falhando na educação de seus filhos, o que aqui também se aplica. Como você leu acima, os pais da moça sequer foram localizados para falar sobre o assunto. No meu tempo, que não deve nada à atualidade, três coisinhas básicas teriam acontecido de imediato: primeiro, a direção da escola me expulsaria, com toda a razão. Depois, meu pai ou minha mãe, até porque nunca houve hierarquia entre eles, iria pessoalmente à escola pedir desculpas à professora e me obrigaria a fazer o mesmo, na presença de todos que assistiram à agressão. E para finalizar, em casa, eu certamente levaria uma boa surra (o que agora é proibido por lei) e teria que suportar um castigo (por exemplo, não jogar futebol por um mês). Eu jamais esqueceria a lição! E detalhe: estaria vivo, até porque pé de galinha (ou de de galo) não mata pinto.
Se, ao contrário do que aconteceu, a professora tivesse esbofeteado a aluna, teriam chamado a Guarda Nacional, o Bope, ou quem sabe a Swat, e a facínora do magistério, depois de presa e com a cara estampada em todos os jornais do país, seria expulsa da escola a toque de caixa, além, é claro, de responder a um processo criminal. Por que a diferença de tratamento? O cidadão é forjado na juventude, na família, nos bancos escolares, nas universidades, e porque não dizer, também, na religião. No Brasil, e as declarações da conselheira tutelar (que diga-se de passagem, sequer sabe se expressar) e da superintendente regional (de educação, acredito) dão bem a ideia do protecionismo, da mão na cabeça do jovem que comete esse tipo de agressão. Problemas pessoais, como alegado pela adolescente (que é bem grandinha e forte, por sinal), não dão a ela o direito de agredir ninguém, muito menos uma professora no exercício da sua função, dentro de uma sala de aula, na presença de outros alunos. Esse tipo de atitude e a omissão das escolas, dos pais e da própria lei, é que estão criando nas instituições de ensino, em todos os níveis, uma verdadeira horda de delinquentes, verdadeiros marginais, que se escudam na condição de adolescente para praticar todo o tipo de violência, inclusive contra os próprios colegas.
Se você acha que estou exagerando, assista o vídeo abaixo.
Se ainda assim você não estiver convencido da gravidade da questão, clique aqui, e veja no YouTube a infinidade de casos envolvendo agressão de alunos a professores, um absurdo que precisa ser encarado com mais rigor pela sociedade e autoridades competentes.
Fonte: G1
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |