29 maio 2013

Oscar Schmidt faz contra um câncer a partida mais dramática de sua vida

Oscar Schmidt (foto: reprodução)

Povo de memória curta, principalmente com os ídolos que não vieram do futebol, o brasileiro pouco sabe do drama hoje enfrentado por Oscar Schmidt, o maior astro da história do basquete brasileiro, que luta contra um câncer no cérebro.

- Eu estou beleza. Quer ver a cicatriz? - perguntou o ex-jogador, mostrando o bom humor de sempre.

- É a mesma cicatriz. A mesma operação. Faço controle a cada três meses e, na última vez, apareceu um negocinho deste tamanho (mostra com os dedos). Só que desta vez veio malvado (grau três). Este é mais um desafio. Venci vários a vida toda. Se não vencer lá na frente, paciência. Farei de tudo. Se tiver de abrir a cabeça dez vezes, eu abro. Desde que me deixem a fala e a sobriedade - explicou o Mão Santa, apelido que recebeu dos companheiros e da mídia pela precisão de seus arremessos.

A notícia da doença, que vazou em uma conversa entre amigos, causou surpresa nas redes sociais, mas não abalou a confiança de Oscar, que acredita no tratamento a que está sendo submetido, tanto que espera estar nos EUA em setembro, onde concorre ao prêmio Top of Mind.

- Se não, paciência. Minha vida foi muito boa. Foi linda. Consegui tudo o que queria. Só falta este prêmio em setembro, e espero viver até lá. Brincadeira. Vou viver até lá. Quero ganhar este prêmio. Fui indicado entre os cinco melhores palestrantes do Brasil. Do esporte, sou o único. As empresas têm de votar. Hoje eu vivo disso - disse.

Oscar contou ainda que a palestra que fez na segunda-feira (27/05) foi a primeira depois da operação.

- Meu alto-astral não vou perder nunca. A doença é grave. Farei o tratamento e espero sair desta. Vou continuar a dar as minhas palestras. Faço radioterapia e quimio. Estou enjoando muito. Não gosto mais de refrigerante e de um monte de coisas, mas estive pior. Da outra vez foram oito horas de operação e agora, seis. Voltei para casa em cinco dias. Na primeira vez foram uns 12 dias. Estou bem agora - afirmou.

Marcos de Queiroz, o neurologista que trata Oscar, explicou que não é possível tirar um tumor de forma microscópica, pois ele é enraizado:

- Seria necessário tirar parte do cérebro normal. Não é como o fígado, por exemplo, que uma parte pode compensar a outra. O objetivo da cirurgia é manter a qualidade de vida do paciente.

O médico informou ainda que desde a primeira operação realizada em 2011, Oscar vem sendo submetido a exames de três em três meses e que a radioterapia, iniciada na semana passada, será feita durante um mês e meio, sendo substituída depois pela quimioterapia.

- A quimioterapia será feita por via oral, menos traumática, e o paciente não precisa ser internado. Optei pela última cirurgia porque o tumor cresceu e novamente o tiramos de forma macroscópica. Não se fala em cura jamais, sim em controle. Mas ele pode escapar ao nosso controle, infelizmente. Com este grau, conseguiremos levar o tratamento, e ele terá vida saudável, sem afetar a fala, de que ele faz uso nas palestras.

Considerado um dos maiores jogadores de basquete de todos os tempos, mesmo sem atuar na NBA, Oscar é o recordista mundial de pontuação no bola ao cesto, com 49.703 pontos, número extra-oficial, já que não há súmulas de todos os seus jogos no Brasil.

Nas quadras, ninguém discute, Oscar liderou um dos maiores feitos da história do esporte brasileiro, ajudando a equipe masculina de basquete a vencer o poderoso time americano, representado pelos astros universitários da época, por 120 a 115, na final dos 10º Jogos Pan-americanos de 1987. A partida, realizada no dia 23 de agosto, aconteceu no Market Square Arena, em Indianápolis, onde os americanos, favoritos absolutos, já tinham toda a festa preparada. Depois de vencer o primeiro tempo por uma diferença de 20 pontos, a equipe do técnico Danny Crum, que contava com jogadores como David Robinson, Rex Chapman, Dan Majerle e Danny Manning, que mais tarde viriam a tornar-se ídolos da NBA, sem entender o que acontecia, tomou a virada do time brasileiro, formado à época por Gérson, Oscar, Israel, Marcel e Guerrinha, e perderam, pela primeira vez, uma partida dentro de casa. Atônitos, os reis do basquete não conseguiam atinar com o que estava acontecendo, o mesmo ocorrendo com sua sua fiel torcida, que se calava a cada cesta de Oscar e Marcel. No final do jogo, cena que ficou marcada para sempre, a tristeza e o espanto do banco norte-americano contrastava com a emoção de Oscar, que caído no meio da quadra, chorava e gritava, comemorando a maior conquista do esporte nacional desde a Copa do Mundo de 70.

O vídeo que você pode ver abaixo, com a qualidade que os recursos técnicos da época permitiam, dá bem a ideia da conquista brasileira, da gana e vontade de vencer de um time de campeões, liderado por um verdadeiro e imbatível campeão: Oscar Schmidt, o Mão Santa. Não deixe de assistir!





Guerrinha, companheiro de Oscar nos Jogos Pan-Americanos de 1987, também se mostrou surpreso depois de conversar com o amigo.

- Ele está animado e está seguindo o tratamento. Vamos torcer para que dê tudo certo. Ele é um guerreiro. Ele mesmo me disse: “Você já me viu desistir?”, e respondi: “Nunca!”

Como na final de Indianápolis, a missão é difícil, mas não impossível. Lute! Você é um vencedor, Oscar!






Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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