26 junho 2013

Renan Calheiros veste a camisa do "Movimento Passe Livre"



Demagogo e oportunista como sempre, além de estar precisando se agarrar a algo que faça com que a opinião pública esqueça a ideia de arrancá-lo da cadeira que ele ocupa no Parlamento, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), quase que por encanto, resolveu "ouvir a voz das ruas" e disse nesta terça-feira (25/06), de sua mesa no Senado, que vai apresentar uma proposta para implantar o passe livre para todos os estudantes do país. Segundo ele, a grana para bancar a medida pode vir dos recursos obtidos com o pagamento de royalties do petróleo, cuja arrecadação, diz o governo, será aplicada na educação.

A proposta pelo passe livre estudantil foi anunciada depois de Renan dizer que o país "reclama uma nova agenda", referindo-se, é claro, aos protestos que tomaram conta dos espaços públicos nas últimas semanas, deflagrados por vários grupos de manifestantes, entre eles o Movimento Passe Livre, que defende a gratuidade no transporte público para todos os passageiros.

Apesar de Dilma Ropussef ter dito ontem (24/06) a representantes de movimentos populares que a tarifa zero seria "inviável", Calheiros afirma que o transporte público no país é pago por poucas pessoas, já que os policiais, os idosos, os portadores de deficiência já ganharam o direito ao passe livre, e os trabalhadores recebem o vale-transporte, subsídio bancado pelas empresas.

- Quem paga efetivamente do bolso, pessoa física, é o estudante. Então nada mais justo de que no momento em que nós regulamentamos a partilha de royalties, no momento em que colocamos os royalties todos para financiar a educação, que nós possamos conceder o passe livre para o estudante brasileiro regularmente matriculado e com a frequência comprovada nas escolas - explicou Renan.

A cara de pau do sujeito é tão grande que ele agora defende até mesmo urgência na discussão da PEC que estende a exigência da ficha limpa aos servidores públicos e punição mais mais rigorosa para  juízes e membros do Ministério Público, que mesmo condenados pela prática de crimes são punidos (eu diria, premiados) com  a aposentadoria. E não é só! O senador defendeu também a redução do número de ministérios do Executivo federal (que cresceu para "empregar" os parceiros de PT e PMDB, principalmente) "para que os recursos economizados sejam redirecionados para a educação, saúde, transporte e segurança pública".

Na verdade, o que impressiona é a bateção de cabeças, a verdadeira briga de foice no escuro que se instalou em todo o Legislativo depois dos movimentos de protesto que explodem pelos quatro cantos do país. Todo mundo agora é verde e amarelo. Toda a corja política, sem exceção, agora bate palmas e aplaude as passeatas, ditas "legítimas" e consideradas verdadeiro "exercício da democracia", até mesmo por aqueles que como Renan Calheiros, há anos agarrado às tetas do poder, jamais tomaram qualquer iniciativa semelhante. Toda a cambada agora, atenta à "voz das ruas", é claro, quer pegar uma carona nos movimentos. Estão todos com aquilo na mão, borrando-se de medo em razão da revolta popular diante de tanta corrupção e descaso com temas como educação, segurança e saúde, entre outros, reais prioridades da sociedade brasileira, mas principalmente do cidadão miserável que na hora de socorrer o filho doente, por exemplo, não pode levá-lo a um dos estádios de futebol "padrão FIFA" erguidos Brasil afora. Estão todos mobilizadíssimos na tentativa de apagar o incêndio que eles mesmos alimentaram em anos e anos de desmandos e negligência para com o povo que trabalha cerca de quatro meses só para pagar os impostos que acabam custeando seus polpudos salários, verbas de gabinete, auxílios moradia e paletó, passagens aéreas, carro com motorista e vale gasolina, isso para não falar no desvio de dinheiro público para o custeio de despesas pessoais, o que a legislação penal brasileira caracteriza como peculato, crime que o agora senador "Passe Livre" responde perante o Supremo Tribunal Federal - STF, depois de denunciado pela Procuradoria Geral da RepúblicaEstão todos apavorados com essa espécie de "revolução" que começa a ganhar corpo e pode guilhotinar cabeças políticas. Todos, menos Lula, é claro, que continua mudo, até porque, convenhamos, ele nunca sabe nada de coisa nenhuma, não é verdade?


G1



Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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