Ministra negra italiana é novamente comparada a um macaco

Foto: reprodução

Cecile Kyenge, médica nascida no Congo e atual ministra da Integração da Itália, sofreu nova agressão racista. Desta vez, a iniciativa partiu do político direitista Agostino Pedrali, da comuna de Coccaglio (Brescia), que postou no Facebook uma montagem onde ela aparece ao lado de um macaco, com a frase "separados no nascimento".

Na semana passada, em um evento na cidade de Treviglio, o vice-presidente do Senado, Roberto Calderoli, um alto dirigente da Liga Norte, já havia comparado Kyenge a um orangotango.  

- Eu amo animais, ursos e lobos, como todos sabem, mas quando eu vejo fotos de Kyenge, não consigo deixar de pensar em - e não estou dizendo que ela é - um orangotango - disse o senador.

Educada, Cecile tem evitado reagir aos insultos racistas desde que foi nomeada ministra, em abril, pelo governo liderado por Enrico Letta, do Partido Democrático. Antes das iniciativas de Roberto Calderoli e Agostino Pedrali, ela já havia sido ofendida pela cor de sua pele por outra política da Liga Norte, Dolores Valandro, que chegou a dizer que ela deveria ser estuprada. Valandro foi condenada a 13 meses de prisão em regime aberto e proibida de ocupar cargos públicos por três anos.

Nascida na República Democrática do Congo e detentora de cidadania italiana, Cecile Kyenge tornou-se a primeira ministra negra italiana, fato que vem preocupando grupos políticos de direita, que temem uma mudança radical na política de imigração do país.

Enrico Letta, primeiro-ministro da Itália, disse, depois do episódio protagonizado por Roberto Calderoli, que fatos dessa natureza representam uma "uma página vergonhosa" para o seu país.

- Uma página totalmente vergonhosa. Faço um apelo a Maroni para que vire rapidamente esta página, senão entraremos em uma lógica de confrontos que não serve a ele e nem ao país - disse o premier, referindo-se ao líder da legenda da Liga Norte e governador da Lombardia, Roberto Maroni.

Ainda de acordo com Letta, "a vergonha já é muita", tendo em vista que o fato espalhou-se pela "imprensa de toda a Europa". Para ele, esse tipo de acontecimento "faz mal à Itália".

Na verdade, atitudes como as que vêm sendo tomadas por parlamentares italianos contra Cecile Kyenge não fazem mal apenas à Itália, mas ao mundo, que já não tem espaço para esse tipo de preconceito, sob nenhum pretexto.

La Repubblica

Sobre o Autor:

Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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