Marcos Valério, Delúbio, José Dirceu e Genoino (foto: reprodução) |
As visitas nas quatro unidades penitenciárias da Papuda acontecem sempre das 9h às 15h e cada interno tem um dia específico para receber familiares e amigos, que para entrar têm que fazer um cadastro prévio, que é analisado sob rígidos critérios pela administração da penitenciária, regras aplicadas de forma diferenciada no "país de todos" da ficção.
A fila entra pela noite (foto: reprodução) |
Parentes e amigos de presos comuns se espremem na fila (foto: reprodução) |
Caravana de políticos se prepara para ir à Papuda (foto: reprodução) |
Na madrugada desta quinta (21/11), uma mãe desempregada e grávida de um mês, segurando pelas mãos uma filha de 3 anos e outra de 1 ano e 8 meses, protestou:
Queria que as mulheres dos mensaleiros ficassem aqui na fila com a gente para ver o que a gente passa. Aqui é só tristeza."
Uma outra mulher, que semanalmente visita o irmão na prisão, diz que o tratamento diferenciado dado aos parentes e amigos dos condenados do mensalão aumentou o sentimento de "discriminação, indignação e impunidade" entre cidadãos comuns e regulares que vão à Papuda.
A gente fica indignado porque tem de passar por isso tudo. Eles (os parentes e amigos dos reús do mensalão) não são iguais? (...) Os parlamentares e o governador Agnelo nunca vieram aqui visitar os presos comuns antes", desabafou a mulher.
Mas não é só. Sem acesso a banheiros, que não existem na área externa da Papuda, as centenas de pessoas que circulam pelo presídio nos dias de visitas, inclusive mulheres, são obrigadas a buscar alternativas para as necessidades íntimas e de higiene pessoal. Sem outras opções, alguns se valem dos arbustos comuns na vegetação de cerrado. Outros recorrem a alternativas improvisadas, como embalagens de sorvete que, diante da necessidade, se transformam em penicos.
Este é o Brasil, que continua, sim, a ser "o país de todos"... os políticos, principalmente quando eles pertencem a determinadas siglas partidárias, cujos integrantes, sem o menor pudor, insistem em reverenciar e a defender os bandidos responsáveis pelo maior escândalo político da história da República. Afinal, que diferença pode existir entre bandidos condenados?
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |