Pacíficos ou Passivos?

Eu faço parte de um site americano que funciona como uma espécie de site de voluntariado internacional e grupo de relacionamento (www.care2.com). Para falar a verdade, é mais grupo de relacionamento do que qualquer outra coisa, mas os fóruns de discussão são interessantes uma vez que os assuntos mais comentados são meio ambiente, política internacional, fome e paz mundial. Estava justamente pensando nos comentários sobre o que seria exatamente a PAZ e fui fazendo uma série de associações mentais que gostaria de dividir com vocês.

Neste espaço estamos sempre postando "fatos & fotos" de pessoas, coisas, acontecimentos, enfim, tudo o que nos chamou a atenção. Vocês já devem ter notado que a maioria dos tópicos são sobre a política brasileira e o meio ambiente, não só porque este último depende do primeiro, mas porque aí estão os maiores escândalos. Andei dando uma olhada nos artigos antigos, desde que o blog começou, e vi que sempre comentamos a ausência de atitude do povo brasileiro diante das barbaridades cometidas pelos políticos.

Juntando uma coisa à outra, num fluxo de pensamento constante, me lembrei que alguns amigos meus me acham uma pessoa um tanto turbulenta pelo fato de não aceitar "de graça" os acontecimentos, as políticas, as atitudes tomadas como normais para o tempo em que vivemos. Eles, meus amigos, seriam pessoas pacíficas, pois não se agastavam diante das situações que eles mesmos reconheciam como revoltantes.

Gandhi

Voltei ao velho questionamento do que seria paz. Tomamos Gandhi como um grande exemplo de homem da paz pela sua postura bem sucedida de não-violência. Por ser indiano, se vestir da maneira tradicional hindu e ter um temperamento bastante controlado, a imagem de Gandhi ficou bastante esteriotipada. Para nós não-violência significa não-reação, e essa postura está bem longe da proposta pelo Mahatma.

Hitler

Durante a minha adolescência, não sei porquê, estavam em moda os filmes sobre o Nazismo. Lembro que uma coisa era sempre comentada: Hitler era um louco inteligente que conseguiu cercar-se de grandes oficiais (também loucos). Mas porque o povo alemão permitiu que as barbaridades, ou melhor, barbaries, chegassem tão longe? Inclusive louvavam o Füher! Seriam todos loucos?


Não vou fazer aqui agora um estudo histórico-sociológico mas respondo a essa pergunta com outra: O povo brasileiro não faz a mesma coisa? Não assite à situação dos hospitais, ao roubo de merendas escolares, ao desmatamento, à guerra do tráfico de drogas, ao uso do dinheiro público... e a tantas outras coisas e ainda aplaude? Uma "bolsa-família" cobre uma multidão de pecados, não é?

A Paz de Cristo


Isso é paz? Por falar em pecado, me lembrei de mais uma coisa. Diz o Novo Testamento que Jesus expulsou os vendedores do templo. Não fez isso falando com suavidade e sim sendo bastante enérgico. Mesmo assim, podemos dizer que Ele perdeu sua paz em algum momento?

Então, acho que precisamos repensar os nossos conceitos de paz. Será que apesar de tão almejada, pode ser conseguida através da inação? Por mais paradoxal que possa parecer, a paz às vezes só é conseguida através da luta. Não no sentido em que os Americanos gostam e usam para justificar as suas invasões. Mas a luta interna. A luta para não ser mais uma pessoa impotente em gerir seu próprio destino; para não ser um expectador passivo até que seja acordado por algum fato ruim, provocado pelo descaso das autoridades em todos os níveis.

Está na hora de acordar e refletir.

Afinal, somos pessoas pacíficas ou passivas?

Sobre o Autor:

Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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