16 dezembro 2009

Solidão

A humanidade enfrenta hoje diversos problemas, cada um mais grave e preocupante que o outro: o terrorismo, a possibilidade de um conflito nuclear (ao menos enquanto existirem sobre a face da terra "pessoas" como Ahmadinejad, Chávez e Kim Jong-il), o aquecimento global, a corrupção política, entre outros.

Mas um dos grandes males do nosso tempo, acreditem, é a solidão!

Homens e mulheres atingiram um ponto tal de vaidade, que o que hoje conta são os corpos “siliconados” ou “bombados” em academias, preparados sob encomenda para as “baladas” onde os trajes são cada vez menores e mais transparentes, e onde se dança em poses cada dia mais ginecológicas.

O sexo, antes tratado com uma certa dose de privacidade, hoje é mercadoria de beira de calçada, das bancas de camelôs, de qualquer novela, independentemente da emissora ou horário. O apelo à libido generalizou-se e invadiu propagandas de cerveja, automóveis e até de sandálias. Tudo é sexo!

Não que fazer sexo seja ruim. Absolutamente!!! O sexo é indispensável ao corpo, à alma e à própria vida, mas convenhamos, um pouquinho de amor não faria mal a ninguém!

ARNALDO JABOR escreveu em um de seus conhecidos textos que “estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega”.

É ele ainda quem afirma: “Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo prá ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, e quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida”.

Antes idiota que infeliz!

Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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8 comentários:

  1. Pois é, Carlos. Como a gente já havia comentado antes, se a maneira em que as coisas estão tão fosse boa como preconizam os mais jovens, os consultórios dos analistas não estariam tão cheios e tampouco as clínicas para tratamento de depressão.

    O desenvolvimento intelectual da humanidade avançou vertiginosamente, mas sem a companhia da maturidade. A liberdade tão proclamada virou algema porque tirou do homem o direito de escolha.

    Hoje a vida é uma série de padrões impostos que ninguém questiona. E o homem segue assim.... preocupado com futilidade e totalmente insensível e apático para os verdadeiros valores. Vai assim até aquele minuto em que algo acontece e muda toda a sua vida. Um minuto basta para lhe tirar o chão, as convições, as esperanças e os sonhos.

    Só então ele se dá conta do tempo perdido. Do que poderia ter aproveitado e não o fez porque estava preocupado demais preparando o futuro.

    Não estou dizendo que as pessoas não devam ser responsáveis, terem metas a serem atingidas, terem planos para o futuro. Mas a gente começa o futuro no presente. É que nem aquele pai que coloca o filho de 5 anos numa escola rígida,onde ele já vai falar inglês, francês e alemão e de quebra terá aulas de informática. Tudo pensando no sucesso em um vestibular futuro. Mas se essa criança não tiver tempo para brincar, para se relacionar com os pais e a família, para ser criança e para ser feliz, já era!

    O conhecimento intelectual não é o suficiente para dar base emocional. Basta reparar. Hoje as crianças passam horas na frente de um computador; navegam na internet como "gente grande"; são super-hiper-informadas. Mas são péssimas no relacionamento interpessoal. São individualistas e estão muito longe de saber o que é uma equipe, um time, um grupo.

    Pelo lado romântico, outra droga. Meus filhos, por exemplo, não sabem o que é "dançar agarradinho", "cheek-to-cheek". Acham cafona, ridículo. E a maioria é assim dessa forma. Passam da esfregação no baile funk para o quarto de motel com a maior facilidade. É o sentimento?
    E aquele momento do "só nosso", da "nossa música", do "primeiro beijo"... Isso são valores que, pelo menos pra mim, são tesouros!

    Eu costumo dizer que para quem é jovem que tem a vida toda pela frente. Para os da minha idade - só temos o resto da vida. Por isso, meu conselho pra todo mundo, mas principalmente para quem já passou dos 40 e já criou os filhos ou está acabando essa fase: Vamos ser idiotas sim, bobos sim, ridículos sim e cafonas sim. Ainda temos um bocado de vida pra viver e ela precisa ter qualidade. Se a situação externa não é boa, então vamos focar no que nos faz feliz, por mais estranho que possa parecer.

    Eu não estou querendo bancar a sabe-tudo, mas depois de anos de sacrifício, me colocando atrás de todo mundo da família, decidi que agora tá na hora de viver e que cada momento feliz é uma joia que eu carrego no coração. O passado já foi e o futuro pode nunca vir a ser. Só temos o presente e este tem que ser "um presente".

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  2. É uma grande verdade. A libertinagem (que a maioria confunde com liberdade) é tão grande que as pessoas com um pouco mais de senso acabam se sentindo solitárias. Um pouco mais de sentimento realmente não faria mal a ninguém.

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  3. Quanto mais cresce a população, quanto maior é o desenvolvimento, quanto mais o mundo mergulha na tecnologia, mais o ser humano se sente só.

    Belo texto! Bela lembrança, Carlos Roberto!

    O problema é que prá chegar à conclusão que você chegou é preciso ter sensibilidade, é preciso saber enxergar o próximo e a si mesmo, coisa que muito pouca gente consegue fazer hoje em dia. O negócio hoje, perdoem a minha sinceridade, é bunda e peito!

    Sensacional também o comentário da Anakris. Tô com ela e não abro: "tá na hora de viver" e que cada momento feliz se transforme numa jóia prá gente guardar no coração!

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  4. Muito bom artigo. A vida não é só feita das coisas meio industrializadas, como querem fazer do comportamento humano. Deve-se cada vez mais buscar felicidade, mas que isso não seja uma paúra e sim fazendo o que está a nosso alcance já nos dará extremo prazer. A felicidade está em ser simples, porque ela é simples.

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  5. Venho falando nesse assunto em muitos dos meus textos.Mas como é bom ler um texto escrito por um homem,sábio,experiente,sensível,e totalmente a "moda antiga"(Risos)
    Se me dá licença,caro amigo,vou roubá-lo e postá-lo no meu Blog.Afinal,não é todos os dias que temos a oportunidade de ler algo tão bom,e tão bem escrito como esse texto.
    Um feliz natal e um ótimo 2010 para você com um beijo no seu coração

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  6. Estou seguindo, assim como sigo suas notícias no diHITT e gostei daqui,desejo sucesso!

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  7. Excelente publicação, amigo! Vai muito de encontro com os temas que procuro abordar em meu blog. Tento fazer as pessoas, principalmente as mulheres, entenderem que de nada adianta a busca da felicidade se nos fechamos para as coisas mais simples da vida. A humanidade caminha só e isoladamente...Por proteção ou precaução, não sei, mas fecha as portas do coração. Vamos ajudar as pessoas, de alguma forma, a tomarem consciência do verdadeiro valor que estamos perdendo a cada dia.
    Um super abraço!

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  8. Estamos escrevendo sobre o mesmo assunto, abordando de maneiras diferentes e tão verdadeiras. Para algumas pessoas a solidão é um problema, é um problema se nos isolamos do ser humano e da vida. Eu estudei todas as palavras "irmãs" da solidão e aprofundei poeticamente o que cada uma quer realmente dizer.
    Adorei suas citações. Especialmente sobre o ditado Tibetano.

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