De onde a gente menos espera é que não vem nada mesmo. Desde a campanha eleitoral nos acostumamos a ver uma Dilma Roussef que não conseguia completar sequer um raciocínio, o que foi motivo de piadas e alguns vídeos cujas cenas eram simplesmente constrangedoras. Mas isso é passado. Como presidente eleita, e muito ao contrário de Lula, Dilma Rousseff sumiu de cena.
Aí veio a tragédia das chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro - RJ, e ela, como qualquer presidente que se preza, não poderia ficar em seu gabinete apenas administrando a verdadeira batalha que se instalou em Brasília para divisão do poder entre PT e PMDB. Acompanhada de seu staff, ela deu um “pulinho” no local da tragédia, e antes de voltar ao palco da disputa entre os seus aliados, deu uma entrevista. Foram cerca de 40 minutos inesquecíveis, de onde se destaca uma frase impressionante: “o rio vive um momento muito forte”, e para se ter uma idéia da densidade de seu discurso, anotou também que a ocupação de áreas de risco no Brasil é regra, não exceção, como se isso pudesse explicar as centenas de mortes e diminuir a dor dos atingidos.
Mas não foi só! Falando sobre a lentidão na liberação de verbas para as áreas atingidas pelos fenômenos meteorológicos, ela disse que nenhum gestor está autorizado a não prestar contas de seus gastos, como se o assunto interessasse aos pobres infelizes açoitados pela dor da perda de seus entes queridos e patrimônio.
E pra fechar a tampa do caixão, Aloisio Mercadante, o “irrevogável”, hoje ministro de Ciência e Tecnologia, esclareceu, depois que o PT governou o país por duas legislaturas, que daqui a quatro anos um sistema nacional de prevenção de catástrofes estará “irrevogavelmente” pronto. Logo, daqui há dez anos, pelo menos 20% dos que morreram agora não morrerão mais, coisa assim pra deixar animadíssimo o pessoal da serra, vocês não acham?
Lá da Região Serrana também vem a notícia de que os pais que insistirem em permanecer nas áreas consideradas de risco podem perder guarda dos filhos. O Ministério Público anunciou que as famílias que permanecerem nas áreas referidas, em Petrópolis, perderão a guarda dos filhos. A promotora da Infância e Juventude, Simone Gomes de Souza, diz que a iniciativa tem como objetivo proteger as crianças de novas tragédias.
Aí algumas perguntas não me saem da cabeça: por que o Ministério Público, tão preocupado e vigilante em relação à segurança dos filhos das famílias que moram nas áreas atingidas, não agiu em face de quem não fiscalizou e até incentivou a ocupação de referidas áreas? Por que não ajuizou contra os administradores criminosos, porque omissos e negligentes, as ações necessárias? Por que não buscou a punição de quem tinha a obrigação de fiscalizar e não o fez? Por que não se tem notícia de nenhuma ação judicial para responsabilizar os titulares de secretarias municipais, estaduais e até do Ministério do Meio Ambiente por tanta omissão?
Eu só queria entender...
Sobre o Autor:
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |
O titular do Ministério do Meio Ambiente ultimamente estava preocupado em apoiar e participar da Marcha da Maconha no Rio de Janeiro. Alguém acha que no Governo tenha quem se preocupe com quem vai descer na enxurrada?
ResponderExcluirE tem mais. Quando voltaram do "pulinho" que deram em Nova Friburgo, Dilma e Cabral desceram bastante sorridentes do estádio do Fluminense, parecendo que retornavam de uma viagem de férias e não de um local de tragédia.
Infelizmente, Airton, ninguém tem compromisso com a dor de ninguém, não é verdade?
ResponderExcluirJá disse em outras oportunidades e repito aqui: a maioria deles, os políticos, até torcem por esse tipo de acontecimento. É uma chance a mais de acesso a uma grana extra!
Um abração...