17 fevereiro 2011

Liberdade para as borboletas

Dei uma geral nas fotografias que venho fazendo há cerca de um ano e vi que entre elas há muitas borboletas. Gosto da simbologia delas.

Na mitologia grega, por exemplo, a personificação da alma é representada por uma mulher com asas de borboleta, e segundo a crença popular local, quando alguém morre, o espírito sai do corpo em forma de borboleta.

Mas o que mais me atrai é a idéia de liberdade que elas transmitem, tema imortalizado no cinema por Leonard Gersche, e encenado na década de 70 no Teatro Ginástico – RJ. Liberdade para a borboletas falava da descoberta do amor e contava a história de um jovem deficiente visual que deixava a casa da mãe para viver sozinho num apartamento no bairro de Santa Tereza – RJ. Gracindo Jr. e a inesquecível Sandra Bréa, que morreu em 2002, eram os atores principais.

Isso me fez lembrar um vídeo sobre o acasalamento da Borboleta Monarca que assisti há tempos atrás no portal National Geographic Channel.  É um belo capítulo da Natureza!




A Borboleta Monarca (Danaus plexippus), colorida em laranja e preto, é mais comum na América do Norte. Suas migrações são famosas: todo ano elas voam, aos milhares, para o México e a Califórnia, voltando depois ao habitat natural.

A vida da Borboleta Monarca começa a partir de um ovo, do tamanho da cabeça de um alfinete, posto por uma fêmea adulta em folha de planta de serralha, Asclepias syriaca.


O ovo choca num período que vai de 3 a 12 dias, quando surge a pequena larva ou lagarta com riscas brancas, amarelas e pretas, oito pares de pernas curtas para se mover e a boca desenhadas para mastigar folhas, o que ela faz de forma voraz, mas só as folhas das plantas de serralha, nenhuma outra mais, e isto porque a serralha tem uma seiva branca e pegajosa que é altamente tóxica, sem afetar a lagarta, e serve para defende-la dos predadores, entre eles os pássaros.


Comendo muito, ela cresce depressa, tornando-se grande demais para a sua pele, que se rasga e libera uma lagarta de pele nova e maior, com mais espaço para ela crescer, processo que se repete por cinco vezes e dura cerca de duas semanas.



Aí ela pára de comer, busca um local protegido, pendura-se de cabeça para baixo, fia uma junta de seda e muda de pele mais uma vez. Mas o ser que surge da pele desta vez não é uma lagarta maior, mas um embrulhinho compacto, sem pernas, sem olhos ou qualquer parte corporal visível, chamado ninfa, enclausulado numa crisálida. Não é colorido como a lagarta, mas verde claro, com pontos dourados.



Não há movimentos aparentes, apenas um coraçãozinho batendo no meio de uma gelatina verde, cujas características vão se modificando rapidamente. O verde escurece, chegando ao castanho. Para alguém mal informado, pode parecer um ser sem vida, mas enquanto a cor continua a se modificar e a crisálida fica transparente, pode-se observar áreas cor-de-laranja e pretas. São as cores da borboleta adulta.




Duas semanas. É o tempo necessário: a crisálida se abre e dela emerge uma borboleta adulta. Tem seis pernas compridas, uma boca que é um tubo proboscídeo enrolado, usado para aceder às flores e beber o seu néctar, e dois pares de asas franzidas, que se expandem assim que o fluído corporal é bombeado para as suas veias. Aí ela agita suas asas lentamente, para a frente e para trás, usando os músculos de vôo que acabaram de se formar. Quando elas secam e ficam rijas, ela está pronta para voar. Logo, logo ela sai do chão e se lança ao ar, podendo ser vista no jardim de alguém a sorver o néctar de uma flor, à procura de um companheiro para dar início a um novo ciclo.

A história é linda, não? Mas fique sabendo que ela pode ter um final triste, já que há uma enorme preocupação quanto à sobrevivência destas borboletas a longo prazo.




No ano passado, a quantidade de borboletas que migrou de regiões do Canadá e Estados Unidos em direção ao México teve uma queda recorde de 75% das espécies, mas já aumentou nos últimos meses, segundo especialistas.

Essa variação no movimento da população de insetos costuma ser normal na natureza, mas no caso da Borboleta Monarca, a ameaça pode estar principalmente nas condições climáticas, mais especificamente nas temporadas mais frias e secas que atingem o Canadá e os Estados Unidos, onde ocorre sua procriação.

Outro fator destacado pelos estudiosos é o desmatamento em Michoacan, no México, cujas árvores serviam como um protetor natural das borboletas durante períodos de frio e chuva. A Monarca é forte, pode viver muitos anos, e é capaz de fazer a viagem de ida e volta Canadá-Estados Unidos-México várias vezes. Ela só precisa que o ser humano pare de derrubar as florestas e alimentar o desequilíbrio do meio ambiente.

Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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8 comentários:

  1. Olá carlos muito bom o post sobre borboletas,uma simbologia de evolução e transformação muito usado nos dias de hoje!!!
    valeuuu..
    abração!!

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  2. É isso aí, Mauro!

    Vida longa às borboletas!

    Um abração...

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  3. Parabéns carlos! a cada momento você nos surpreende com as postagens de seus textos no blog.
    Você trouxe requinte de detalhes sobre esse assunto das borboletas, sempre disse isso a natureza é perfeita,e analogia envolvida com o simbolismo esta perfeita.

    Um Grande Abraço!

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  4. Obrigado, mais uma vez, pela sua participação, Ediléia!

    Modéstia à parte, também acho que a postagem ficou muito legal. A Monarca é linda!

    Um grande abraço...

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  5. Saudações!
    Amigo Roberto:
    O seu artigo é magnífico. Fiz uma verdadeira viagem. Conheci um pouco mais sobre as borboletas.
    Parabéns por mais uma ótima obra!
    Parabéns pelo Post!
    Abraços,
    LISON.

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  6. Obrigado, Lison!

    Eu também viajei com elas! A Natureza é perfeita!

    Um abração...

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  7. Igualmente como você, amigo Carlos, tenho grande admiração pelas borboletas. A natureza é sábia, pois a metamorfose desses lindos insetos é espetacular...
    Tenho um pequeno jardim aqui em casa, e alegro-me toda vez que vejo uma Monarca aparecer, que como você comentou, estão cada vez mais escassas, infelizmente.
    Para mim a borboleta representa "transformação", depois de ter tido a forma de um casulo e, finalmente, passar a ter o formato delicado com vivas cores, bater asas e voar... Assim somos nós, depois de um longo tempo de "exílio". Como a borboleta, tornamo-nos uma pessoa mais feliz e mais bonita...
    Ótimo trabalho de pesquisa, amigo!
    Meu afetuoso abraço,
    Yolanda

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  8. Brigadão, Yolanda!

    Você tem razão: "A natureza é sábia, pois a metamorfose desses lindos insetos é espetacular..."

    Um grande abraço...

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