O anatomista alemão Gunther von Hagens, do Instituto de Anatomia de Heidelberg - Alemanha, foi o criador de uma nova técnica de conservação através das quais as substâncias orgânicas de corpos mortos, cadáveres, portanto, são substituídas por materiais plásticos como silicone, resina de epóxi e poliéster, o que dá mais elasticidade aos corpos, mantendo-os maleáveis, inodoros e secos.
Deixando de lado o aspecto meio macabro da coisa, von Hagens teve uma grande ideia, já que a técnica permite o estudo macrocósmico de cadáveres sem os incômodos odores ou as mudanças de tonalidade dos tecidos que são produzidas pelas tradicionais substâncias químicas de conservação. A partir daí, por razões óbvias, os estudos anatômicos e científicos do corpo passaram a ser mais didáticos e esclarecedores.
A iniciativa atraiu a atenção do público leigo a partir do momento em que Gunther von Hagens decidiu transformar o material de estudo em peças de várias exposições às quais ele deu o nome de Mundos do corpo.
A primeira mostra, organizada em 1995, aconteceu no Japão e atraiu milhares de visitantes. Na Europa, Mundos do corpo aconteceu em 1997, em Mannheim, também superando todas as expectativas de sucesso e quantidade de visitantes. De lá para cá as exposições já tiveram mais de 13 milhões de visitantes, pessoas atraídas pela curiosidade em conhecer o corpo humano além da pele.
De início, a visão dos corpos é assustadora. Os curiosos, impressionados, passeiam pelos salões onde as peças são expostas, entre elas corpos fatiados nas suas extensões horizontal e vertical e órgãos sadios e doentes, que são mostrados em detalhes, com suas transparências, aberturas e plasticidades.
Mas o trabalho de Gunther von Hagens não gerou apenas elogios, sucesso e lucros. Uma saraivada de críticas e discussões sobre as exposições vieram de todos os lados, principalmente por parte de grupos éticos e religiosas. O anatomista alemão viu-se envolvido até mesmo em um caso de polícia, em razão de uma denúncia feita (em 19 de janeiro de 2004) pela revista alemã Der Spiegel, que através de um artigo intitulado “Dr. Morte. Os negócios macabros do expositor de cadáveres Gunther von Hagens”, acusou-o de não deixar claras as regras do trabalho até então desenvolvido, principalmente em relação ao material utilizado e a forma de construção/escultura dos corpos. A matéria denunciou a existência de um suposto contrabando, uso indevido e a comercialização inescrupulosa de corpos humanos.
As fontes consultadas não fazem referência ao resultado da denúncia feita pela Der Spiegel, o que não é importante nesse momento, onde o que conta são as imagens de Mundos e Corpos. Confira tudo e deixe o seu comentário!
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |